Rotatividade do médico na Saúde da Família faz mal à saúde (e ao bolso)

Uma das maiores dificuldades na estratégia Saúde da Família é lidar com a constante troca dos profissionais, principalmente dos médicos. Essa rotatividade afeta diretamente a moral dos profissionais, de suas equipes, e de seus pacientes, mas esse impacto é subjetivo, e muitas vezes passa desapercebido pelos gestores. Então resolvi divulgar aqui um estudo que mostra o impacto objetivo da rotatividade profissional na saúde da população e nos custos do sistema de saúde.

A autora principal da pesquisa foi a médica de família e comunidade Claunara Mendonça, que cursava mestrado profissional de epidemiologia enquanto dirigia o departamento de atenção básica do Ministério da Saúde. Os pesquisadores reuniram dados de diversas fontes para observar a relação entre a expansão da estratégia Saúde da Família e a redução das internações preveníveis em Belo Horizonte, de 2003 a 2006.

Além da expansão da estratégia Saúde da Família, o tempo de permanência do médico na mesma equipe também se mostrou associado a uma redução nas taxas de internação. Por exemplo, se uma equipe atende a 3500 pessoas, e conta com o mesmo médico há 2 anos, são 4 ou 5 internações a menos por ano.

Não que internar seja necessariamente uma coisa ruim. Para quem precisa, é ótimo! Mas o melhor mesmo é não precisar, e hoje em dia se sabe que algumas causas de internação podem ser prevenidas por uma atenção primária à saúde de qualidade.

Quanto ao custo, cada internação hospitalar custa, em média, R$ 941 (dados do Espírito Santo). Voltando ao exemplo, o fato de um médico estar há dois anos numa equipe implica uma economia de cerca de R$ 4 mil por ano, só em internações. Nada mal, hein?

Eu já tinha escrito sobre a importância da continuidade da relação médico-paciente, mas achei importante ilustrar com esse estudo brasileiro. Até porque em breve devo publicar outro artigo, sobre como diminuir a rotatividade dos médicos e outros profissionais, novamente com base em estudos brasileiros. Até lá!

9 pensou em “Rotatividade do médico na Saúde da Família faz mal à saúde (e ao bolso)

  1. ROSILENE ALMEIDA

    OLA MESTRE ,ADORO SUAS MATERIAS SEMPRE RICAS….SOU FACILITADORA EM CAPACITAÇOES DE FUNCIONARIOS TECNICOS E ACS DE SAUDE GOSTARIA MUITO QUE DENTRO DE SUAS POSSIBILIDADES TENDO ALGUM MATERIAL SOBRE ACS CONVENCER USUARIOS EX.SOBRE PAPANICOLAU,CAPACITAR TECNICOS SOBRE PODER DE CONVENCIMENTO,ETC FICAREI MUITO GRATA.

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  2. Maria de Fátima

    O médico precisa de interagir com o paciente, e quando fica esse troca troca, dificelmente vão se interagir, pois é preciso mais tempo para que o paciente consiga realmente relatar os sintomas ao seu médico, dificultando o estudo do diagnóstico que muitas das vezes é complexo. Mesmo que se tenha o histórico de cada um o importante para mim que não sou médica seria não ficar trocando, dando tempo para que o médico possa melhor conhecer seu paciente e também mais liberdade do paciente poder se relatar, essa correria só atrapalha tanto um como o outro.

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  3. Carme Lucia

    Olá Doutor Leonardo.
    Sempre leio seus e-mail e sinto como você é um apaixonado pela “saude da familia”preocupado com a relação médico paciente…enfim um profissional comprometido!
    Parabéns!
    Sucesso!

    Carme

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  4. Fátima

    Comprometer-se é dedicar-se . Parabéns Dr. Leonardo que Deus O Abençõe por toda sua vida. E que todos os profissionais da Saúde sigam o seu exemplo, e agradeço a Deus por você existir.

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  5. Lucinda

    Boa tarde Doutor |Leonardo! Gosteu muito do seu comentário referente a relação médico paciente no Programa de Estratégia da Saúde da Família, acredito que os ´gestores deveriam valorizar mais os médicos que atendem sesses Programas, para que não haja rotatividade, pois isso atrapalha no bom desempenho da equipe em prejuízo do paciente. O vínculo construído entre médico paciente é importantíssimo e ajuda no diagnóstico e na resolutividade da maioreia dos problemas que poderiam chegar aos especialistas ou internamentos. A prevenção é a melhor estratégia para medicina e menos sofrível, portanto precisa ter bons médicos e toda logista necessária, pois encontramos Programas que não possui nem veículo para a locomoção da equipe. Gostaria de receber todos os Artigos que o Sr. publicar, se for possível é claro, tendo em vista que o meu filho se forma em julho deste ano e é bem possível que ele inicie sua carreira trabalhando no PSF, faço a maior torcida, porque gosto muito do trabalho com família atuo na Política de Assistência Social e ministro palestra na área de famílias e poço observar como são nítidos os resultados. Parabéns, muito sucesso.

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  6. Fátima

    Importantíssimo a interação médico-paciente, facilita na elaboração do diagnóstico, dá segurança ao paciente ele saber que existe um profissional cuidandode sua saúde.

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  7. Pingback: Qualidade da Saúde da Família no Espírito Santo | Doutor Leonardo

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