{"id":1832,"date":"2010-12-12T00:00:08","date_gmt":"2010-12-12T02:00:08","guid":{"rendered":"http:\/\/leonardof.med.br\/?p=1832"},"modified":"2015-08-07T20:26:20","modified_gmt":"2015-08-07T23:26:20","slug":"reducao-do-sal-e-tao-importante-quanto-remedio-de-pressao","status":"publish","type":"post","link":"https:\/\/leonardof.med.br\/2010\/12\/12\/reducao-do-sal-e-tao-importante-quanto-remedio-de-pressao\/","title":{"rendered":"Redu\u00e7\u00e3o do sal \u00e9 t\u00e3o importante quanto rem\u00e9dio de press\u00e3o"},"content":{"rendered":"<p>Dia 25 de novembro, como j\u00e1 <a href=\"http:\/\/leonardof.med.br\/2010\/11\/30\/industria-alimenticia-vai-reduzir-sal-e-acucar-de-seus-produtos\/\" rel=\"bookmark\" title=\"Redu\u00e7\u00e3o do sal \u00e9 t\u00e3o importante quanto do tabagismo ou do peso\">mencionei aqui<\/a> no <cite>Doutor Leonardo<\/cite>, o governo brasileiro divulgou um acordo com a ind\u00fastria para a redu\u00e7\u00e3o do teor de s\u00f3dio (e de glicose) dos produtos aliment\u00edcios. A redu\u00e7\u00e3o dever\u00e1 ser gradual, para as pessoas n\u00e3o estranharem, e em 2020 os alimentos industrializados do Brasil dever\u00e3o ter 50% menos s\u00f3dio que hoje em dia. Esse acordo dever\u00e1 ter um benef\u00edcio imenso para a nossa sa\u00fade. N\u00e3o se trata apenas de abaixar a press\u00e3o arterial. Trata-se de salvar vidas \u2014 <em>muitas<\/em> vidas.<\/p>\n<p>Neste ano o <cite lang=\"en\">New England Journal of Medicine<\/cite> publicou um <a href=\"http:\/\/www.nejm.org\/doi\/full\/10.1056\/NEJMoa0907355\" title=\"Bibbins-Domingo K et al. Projected Effect of Dietary Salt Reductions on Future Cardiovascular Disease. N Engl J Med. 2010; 362(7):590-599\">estudo<\/a> em que os pesquisadores simularam o que aconteceria nos Estados Unidos se aquele pa\u00eds tivesse uma iniciativa igual \u00e0 do Brasil. Confira um trecho do resumo:<\/p>\n<blockquote><p>Uma interven\u00e7\u00e3o regulat\u00f3ria desenvolvida para alcan\u00e7ar uma redu\u00e7\u00e3o da ingest\u00e3o de sal em 3 gramas por dia salvaria, todo ano, 194 a 392 mil anos de vida ajustados por qualidade de vida, e economizaria todo ano 10 a 24 bilh\u00f5es de d\u00f3lares em aten\u00e7\u00e3o \u00e0 sa\u00fade. Tal interven\u00e7\u00e3o traria mais economia do que custo, mesmo se apenas uma modesta redu\u00e7\u00e3o de 1 grama por dia fosse atingida gradualmente entre 2010 e 2019, e seria mais custo-efetiva que usar medicamentos para baixar a press\u00e3o sangu\u00ednea em todos os hipertensos.<\/p><\/blockquote>\n<p><!--more--><\/p>\n<p>Quanto menos sal, menor o risco de infarto e de derrame. O limite de 5 gramas mencionado no artigo <q><a href=\"http:\/\/leonardof.med.br\/2010\/04\/26\/como-prevenir-e-controlar-a-hipertensao-arterial\/\">Como prevenir e controlar a hipertens\u00e3o arterial<\/a><\/q> \u00e9 apenas um consenso sobre uma meta fact\u00edvel, mas consumir 3 gramas por dia seria ainda melhor. Mesmo assim, o brasileiro consome mais de 11 gramas de sal de cozinha por dia, <em>muito<\/em> acima do ideal, e bem pr\u00f3ximo do que se consome nos Estados Unidos.<\/p>\n<p>A Organiza\u00e7\u00e3o Mundial da Sa\u00fade estima que um pa\u00eds gasta cerca de 1 d\u00f3lar por habitante por ano para implementar um conjunto de regras que diminua pela metade o consumo de sal pela popula\u00e7\u00e3o. Uma redu\u00e7\u00e3o gradual sairia mais cara, pela necessidade de ajustes anuais. Dessa forma, o estudo mencionado acima estima que os Estados Unidos gastariam quase 3 bilh\u00f5es de d\u00f3lares para implementar a estrat\u00e9gia, mas economizariam algo entre 21 e 36 d\u00f3lares <em>para cada d\u00f3lar gasto<\/em>. Pessoalmente, n\u00e3o conhe\u00e7o qualquer aplica\u00e7\u00e3o financeira com tamanho retorno sobre o investimento.<\/p>\n<p>Mas dinheiro n\u00e3o \u00e9 tudo, certo? O estudo prossegue comparando o impacto da redu\u00e7\u00e3o do consumo de sal com algumas outras medidas cuja import\u00e2ncia \u00e9 amplamente reconhecida:<\/p>\n<ul>\n<li>Controlar com medicamentos a press\u00e3o arterial de todas as pessoas, inclusive as que nem sabem que t\u00eam hipertens\u00e3o \u2014 preveniria 80 mil mortes por ano.<\/li>\n<li>Diminuir em 5% o peso em todos os obesos \u2014 preveniria 36 mil mortes por ano.<\/li>\n<li>Reduzir em 50% o tabagismo ativo e passivo \u2014 preveniria 84 mil mortes por ano.<\/li>\n<li>Reduzir o consumo de sal em 3 gramas por dia \u2014 preveniria 51 a 81 mil mortes por ano.<\/li>\n<\/ul>\n<p>O tratamento medicamentoso da hipertens\u00e3o arterial \u00e9 uma das formas mais efetivas de se reduzir a mortalidade. Mas uma redu\u00e7\u00e3o em cerca de 25% do consumo de sal \u00e9 t\u00e3o efetiva quanto, e com um custo muito menor. Enquanto a redu\u00e7\u00e3o progressiva do consumo de sal sairia por menos de 3 bilh\u00f5es de d\u00f3lares aos cofres norte-americanos, o uso de anti-hipertensivos em todos os casos com indica\u00e7\u00e3o custaria nada menos que 19 bilh\u00f5es de d\u00f3lares.<\/p>\n<p>Acho que agora fica f\u00e1cil entender minha empolga\u00e7\u00e3o com o acordo estabelecido pelo governo brasileiro. Mas voc\u00ea n\u00e3o precisa ficar de bra\u00e7os cruzados esperando a ind\u00fastria diminuir o sal em seus produtos. Daqui a cerca de uma semana comento uma <a href=\"http:\/\/leonardof.med.br\/2010\/12\/20\/de-onde-vem-o-sal-que-voce-consome\/\">pesquisa da <abbr title=\"Universidade de S\u00e3o Paulo\">USP<\/abbr> sobre a participa\u00e7\u00e3o de cada fonte para o consumo de sal no Brasil<\/a>.<\/p>\n<p><ins datetime=\"2015-08-07T23:23:36+00:00\">Atualiza\u00e7\u00e3o: O artigo \u201c<a href=\"http:\/\/leonardof.med.br\/2015\/08\/04\/sal-de-menos-parece-fazer-mal-a-saude\/\">Sal de menos parece fazer mal \u00e0 sa\u00fade<\/a>\u201d traz uma nova perspectiva sobre o assunto.<\/ins><\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"<p>E a economia em assist\u00eancia \u00e0 sa\u00fade seria dezenas de vezes maior do que os custos.<\/p>\n","protected":false},"author":2,"featured_media":0,"comment_status":"open","ping_status":"open","sticky":false,"template":"","format":"standard","meta":{"footnotes":""},"categories":[1],"tags":[22,45,106,34,100,72],"_links":{"self":[{"href":"https:\/\/leonardof.med.br\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/1832"}],"collection":[{"href":"https:\/\/leonardof.med.br\/wp-json\/wp\/v2\/posts"}],"about":[{"href":"https:\/\/leonardof.med.br\/wp-json\/wp\/v2\/types\/post"}],"author":[{"embeddable":true,"href":"https:\/\/leonardof.med.br\/wp-json\/wp\/v2\/users\/2"}],"replies":[{"embeddable":true,"href":"https:\/\/leonardof.med.br\/wp-json\/wp\/v2\/comments?post=1832"}],"version-history":[{"count":19,"href":"https:\/\/leonardof.med.br\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/1832\/revisions"}],"predecessor-version":[{"id":4124,"href":"https:\/\/leonardof.med.br\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/1832\/revisions\/4124"}],"wp:attachment":[{"href":"https:\/\/leonardof.med.br\/wp-json\/wp\/v2\/media?parent=1832"}],"wp:term":[{"taxonomy":"category","embeddable":true,"href":"https:\/\/leonardof.med.br\/wp-json\/wp\/v2\/categories?post=1832"},{"taxonomy":"post_tag","embeddable":true,"href":"https:\/\/leonardof.med.br\/wp-json\/wp\/v2\/tags?post=1832"}],"curies":[{"name":"wp","href":"https:\/\/api.w.org\/{rel}","templated":true}]}}