A febre amarela chegou a Vitória

Depois de meses de preocupação constante, a febre amarela parece ter chegado ao município de Vitória. A análise de um macaco encontrado morto na Ilha do Frade confirmou que ele estava contaminado pela doença, indicando haver circulação do vírus no município. A Secretaria Estadual de Saúde está tomando as providências cabíveis, que incluem uma campanha de vacinação aos sábados a partir do dia 4 de março. Já a Secretaria Municipal de Saúde de Vitória se adiantou, e realiza mutirão de vacinação contra a febre amarela no sábado (25 de fevereiro) e quarta-feira (1º de março) de Carnaval.

Esclera amarelada em ambos os olhos

A febre amarela tem esse nome por causa da icterícia, que deposita pigmentos amarelos nas mucosas e na pele. Crédito: CDC/ Dr. Thomas F. Sellers; Emory University. Domínio público.

A febre amarela é mais uma doença viral transmitida por mosquitos, como dengue, chikungunya e zika. Ao contrário dessas doenças, a febre amarela pode ser transmitida por outros mosquitos além daqueles do gênero Aedes. A febre amarela no Brasil circula principalmente em florestas, e na maior parte do país já se recomendava a vacinação de rotina contra a doença. A febre amarela acontece mais no verão (assim como as outras viroses transmitidas por mosquitos), e em alguns anos sua ocorrência é ainda maior. Neste ano, acredita-se que a tragédia de Mariana tenha causado o deslocamento de macacos da região, e com isso ampliado a área de transmissão de febre amarela para os estados vizinhos do Espírito Santo.

Pirâmide com as apresentações clínicas da febre amarela: 40 a 65% infecção assintomática; 20 a 30% formas leve e moderada; 10 a 20% forma grave; 5 a 10% forma maligna.

(C) Pedro Fernando da Costa Vasconcelos/Rev. Soc. Bras. Med. Trop. CC BY-NC 4.0

Os sintomas da febre amarela são parecidos com os da gripe, dengue e tantas outras viroses. Alguns sintomas mais mencionados são febre, dor de cabeça, náuseas e vômitos. Outros sintomas são icterícia (amarelamento das mucosas e pele por causa do fígado), calafrios, sangramentos e dores articulares. A grande maioria dos casos são tão leves que a pessoa nem percebe estar com febre amarela. Dentre as pessoas com sintomas fortes o suficiente para se suspeitar do diagnóstico, e cujos casos são efetivamente notificados à vigilância epidemiológica, cerca de um terço vão a óbito.

A vacinação só é recomendada onde há transmissão de febre amarela. Alguns efeitos adversos são muito raros mas muito graves, como anafilaxia (2 em 100 mil), doença viscerotrópica associada à vacina da febre amarela (0,5 caso por 100 mil pessoas; ou 1 a 2,3 casos por 100 mil idosos) e doença neurotrópica associada à vacina de febre amarela (1 caso por 100 mil pessoas; 1,6 a 2,3 casos por 100 mil idoso), todos muito graves. Como idosos são mais propensos às últimas duas complicações da vacina, a terceira idade é considerada uma contraindicação relativa à vacinação, e os postos de vacinação só aplicam a vacina contra febre amarela mediante laudo médico de aptidão à vacina.

Antigamente a vacina contra febre amarela era aplicada a cada 10 anos, mas há poucos anos a Organização Mundial da Saúde (OMS) revisou os estudos na área, e concluiu que uma única dose de vacina basta para proteger pelo resto da vida. Apesar da recomendação da OMS (e da Organização Pan-Americana de Saúde), o Ministério da Saúde do Brasil decidiu manter duas doses de vacina em seu calendário.

Nos últimos meses os arredores de Minas Gerais estão vivendo uma epizootia, ou seja, uma mortandade de macacos por febre amarela. Os casos humanos são poucos em comparação aos animais, mas naturalmente nos assustam ainda mais. Os macacos não transmitem febre amarela, e sim se contaminam pela picada dos mosquitos da mesma forma que nós, humanos. A morte de macacos indica que a febre amarela está sendo transmitida em uma região, e portanto nela há risco de alguma pessoa ter a doença. A morte do macaco da Ilha do Frade por febre amarela indica que o vírus chegou ao município de Vitória, provavelmente em toda a região metropolitana.

Ao longo dos últimos meses, uma parte cada vez maior do interior do Espírito Santo foi incluída na área de recomendação para vacinação contra febre amarela, até só sobrarem 18 municípios litorâneos fora dessa área. Nesta quinta-feira, a Secretaria de Estado da Saúde anunciou ter solicitado ao Ministério da Saúde mais 1 milhão de doses da vacina, bem como a inclusão dos municípios restantes na área de recomendação. Isso significa que as pessoas que moram no litoral do Espírito Santo agora devem ser vacinadas mesmo que não planejem viajar para o interior. A Secretaria de Estado da Saúde anunciou ainda ter combinado com as secretarias municipais de saúde de Vitória, Vila Velha, Cariacica e Serra um mutirão de vacinação aos sábados, começando no dia 4 de março.

A Secretaria Municipal de Saúde de Vitória se adiantou, e vai realizar o mutirão neste sábado (25 de fevereiro) e quarta-feira (1º de março) de Carnaval. Os três locais onde haverá vacinação são:

  • Escola Municipal de Ensino Fundamental (Emef) Aristóbulo Barbosa Leão, na avenida Vitória, nº 3010, em Bento Ferreira;
  • Emef Maria José Costa Moraes, na rodovia Serafim Derenzi, nº 4449, em São José;
  • Emef Elzira Vivácqua dos Santos, na rua Italina Pereira Motta, 501, em Jardim Camburi.

Depois do Carnaval, a vacinação continua a ser realizada nas unidades básicas de saúde mediante agendamento com o aplicativo de celular lançado para este fim.

Pessoalmente, eu já tinha sido vacinado em Ribeiro Preto (SP), que na época de minha residência médica já estava na área de recomendação. Não pretendo repetir a dose. Tenho familiares que não receberam a vacina, e agora estou recomendando a todos que procurem a vacinar-se.

Um comentário em “A febre amarela chegou a Vitória

  1. Carla

    Olá boa noite gostaria de saber já faz 15 anos que eu Operei e agora está atrasado 5 dias o que deveria ser e nunca atrasou veio dia 13/05 e depois veio dia 11/06 e adianta uns dias pra mim é minha barriga está grande

    Responder

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