Arquivo do Autor: Leonardo Fontenelle

Diário de um Posto de Saúde, no YouTube

Sabe quando eu comentei minha participação na 21ª Conferência Mundial de Médicos de Família, no Rio de Janeiro? Além da ausência de patrocínio da indústria farmacêutica, essa edição da Conferência incorporou mais uma característica da edição brasileira: a programação cultural, incluindo mostra de contos, fotografias e vídeos.

Foi na Conferência que conheci o Diário de um Posto de Saúde, um canal do YouTube com vídeos da médica de família Luísa Portugal sobre temas cotidianos da medicina de família e comunidade, com ênfase na atenção primária do SUS. Os vídeos expõem os temas com um tom bem-humorado e de forma didática, graças não só à atuação da apresentadora mas também à edição profissional.

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Medicina de família em 2016, do Espírito Santo para o mundo e de volta

Este ano vem sendo bem interessante no que diz respeito às associações de médicos de família, em múltiplos níveis. Se você estiver com preguiça de ler tudo, aviso desde já: este artigo termina com o anúncio de um congresso capixaba para o ano que vem.

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Interação medicamentosa de chá de hibisco com varfarina

Uma leitora me perguntou:

Será que eu posso toma chá de hibisco, pois tomo marevan 5mg?

Marevan é uma marca de varfarina, um anticoagulante notório por suas interações medicamentosas. Além de ser um dos medicamentos com mais interações medicamentosas, a varfarina é um dos medicamentos cuja segurança e eficácia são mais afetados por essas interações. E mais, essas interações medicamentosas envolvem não apenas outros medicamentos, mas também alimentos e bebidas.

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Existe Saúde da Família sem agente comunitário de saúde?

Uma leitora de longa data pediu que eu comentasse a portaria nº 958/2016 do Ministério da Saúde, que torna opcional a presença de agentes comunitários de saúde nas equipes de Saúde da Família, entre outras mudanças. Acredito que as questões centrais sejam “Qual é o papel dos agentes comunitários de saúde?” e “O que vai acontecer com a estratégia Saúde da Família sem os agentes comunitários de saúde?”.

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UFES abre residência em medicina de família

Ano passado, ao listar os quatro programas de residência médica em medicina de família e comunidade do estado (“A medicina de família no Espírito Santo em 2015“), mencionei que a UFES pretendia abrir seu próprio programa de residência na especialidade. Hoje fui informado pelo professor doutor Thiago Dias Sarti, coordenador do programa, que a UFES foi autorizada a abrir o programa para 3 médicos residentes de primeiro ano.

Como a UFES já selecionou os médicos residentes de seus outros programas, as novas vagas para medicina de família e comunidade foram incluídas no edital de vagas remanescentes para 2016. As inscrições para o processo seletivo serão feitas nos dias 21 e 22 de março. Para mais informações, leiam a página geral da residência médica na UFES.

Repelentes eletrônicos não afastam o mosquito da dengue e da zika

O Brasil tenta há décadas controlar os mosquitos do gênero Aedes, que transmitem os vírus da zika (e dengue, chikungunya), mas o resultado deixa muito a desejar. Por isso, as pessoas têm lançado mão de estratégias individuais, como o uso de repelentes, inclusive os eletrônicos.

Fotografia do mosquito Aedes aegypti pousado sobre pele humana

Aedes aegypti (CDC-Gathany)

Em tese, os repelentes eletrônicos funcionariam emitindo sons que apenas os mosquitos conseguiriam ouvir. O problema dos repelentes eletrônicos é que, infelizmente, eles não funcionam.

Em 1998, a Revista Cubana de Medicina Tropical publicou um artigo de revisão sobre os repelentes eletrônicos, concluindo que eles não funcionavam. Essa revisão incluiu pesquisas que usaram pelo menos nove aparelhos diferentes, contra pelo menos 16 espécies de mosquitos (não só Aedes), em lugares tão variados quanto o Alasca e a África.

Apesar dos avanços tecnológicos dos últimos 18 anos, a eficácia dos repelentes eletrônicos não parece ter aumentado. Em 2010, o Journal of Vector Ecology publicou um artigo de dois pesquisadores brasileiros, relatando que nenhum dos três repelentes eletrônicos testados conseguia afastar o Aedes aegypti. Os repelentes até conseguiram irritar os mosquitos, mas o resultado foi um aumento na frequência de picadas enquanto os repelentes eletrônicos estavam ligados. Os três repelentes eletrônicos estavam comercialmente disponíveis, ou seja, estavam sendo vendidos no Brasil.

Pessoalmente, já experimentei um repelente eletrônico contra outros insetos, com resultados igualmente desapontadores. Felizmente, os repelentes químicos (sejam eles naturais ou sintéticos) funcionam muito bem contra os mosquitos, desde que aplicados conforme as respectivas orientações.

SBMFC recomenda 9 melhorias na Lei dos Mais Médicos

A Lei nº 12.871, mais conhecida como a Lei dos Mais Médicos, aborda não apenas a distribuição de médicos bolsistas para os municípios, mas também uma série de questões relativas à formação dos médicos, tanto na graduação quanto na especialização (residência médica). Como o Congresso Nacional está avaliando projetos de lei que visam  a alterar a Lei dos Mais Médicos, a Sociedade Brasileira de Medicina de Família e Comunidade (SBMFC) emitiu em dezembro do ano passado um posicionamento a esse respeito, com 9 recomendações que dizem respeito à nossa especialidade: Continue lendo

O ano de 2015 em números

De acordo com o serviço de estatísticas WordPress.com, em 2015 o Doutor Leonardo recebeu 1,5 milhão de visitas, o que dá uma média de mais de 4 mil visitas por dia. Foram mais de 1 milhão de visitantes diferentes, quase todos eles brasileiros, o que em princípio significa que quase um em cada 200 brasileiros leram um ou mais artigos deste blog no ano passado.

Os artigos mais lidos foram aqueles que mais interessaram aos visitantes enviados pelo GoogleComo fazer lavagem de ouvido em casaComo saber se você está grávida e Eficácia e segurança da pílula do dia seguinte. São artigos que ajudam as pessoas a cuidar melhor da própria saúde.

Nem todos os leitores do Doutor Leonardo entraram nessas estatísticas. Geralmente, os mais de 2 mil assinantes deste blog não precisam visitá-lo, já que recebem em seu correio eletrônico o conteúdo integral de todos os artigos na medida em que estes são publicados.

Fico lisonjeado em perceber que a visitação vai de vento em popa, mesmo eu tendo tido pouco tempo para escrever em 2015. Entendo a crescente popularidade deste blog como sendo fruto da consistência do trabalho desenvolvido, e espero que em 2016 essa tendência se mantenha.

Feliz Ano Novo para todos nós!

A medicina de família no Espírito Santo em 2015

No Brasil, o dia  do médico de família e comunidade é comemorado no dia 5 de dezembro, em referência ao dia de fundação da Sociedade Brasileira de Medicina de Família e Comunidade (SBMFC) em 1981.  A Associação Capixaba de Medicina de Família e Comunidade (ACMFC) já publicou uma matéria comemorativa, cuja leitura recomendo.

#diadomfc 05/12 - Dia do Médico de Família e Comunidade Parabéns a todos os Médicos de Família e Comunidade, por cuidarem da população da forma mais justa e com todo o respeito que merece.

© SBMFC (divulgação)

Da minha parte, aproveito para comentar algumas notícias, sobre a especialidade, que eu não tive tempo de comentar ao longo deste ano. A medicina de família e comunidade vem crescendo no Espírito Santo, tanto em visibilidade na mídia quanto em mercado de trabalho e vagas para especialização (residência médica).

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A visão de um médico de família sobre o rastreamento do câncer de próstata

No mês de outubro, o Instituto Lado a Lado Juntos pela Vida e a Sociedade Brasileira de Urologia realizam uma campanha (Novembro Azul) para estimular os homens a fazer exames de rastreamento do câncer de próstata, Ao contrário do que muita gente acredita, essa não é uma campanha do Ministério da Saúde. Na verdade, Ministério da Saúde e Instituto Nacional do Câncer (INCA) não recomendam o rastreamento do câncer de próstata, por considerarem que os malefícios superem os benefícios.

Neste ano a imprensa percebeu que não existe um consenso em torno do assunto, e o debate ganhou destaque nacional através de veículos como a Folha de São Paulo e o Jornal Nacional. Como as evidências científicas atuais são basicamente as mesmas de quando discuti o rastreamento do câncer de próstata em 2010, prefiro trazer hoje outra abordagem: explicar como médicos de família e urologistas podem ter pontos de vista tão diferentes sobre a questão.

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