{"id":1091,"date":"2010-08-15T00:00:26","date_gmt":"2010-08-15T03:00:26","guid":{"rendered":"http:\/\/leonardof.med.br\/?p=1091"},"modified":"2010-08-14T12:53:56","modified_gmt":"2010-08-14T15:53:56","slug":"industria-farmaceutica-pode-ter-manipulado-estudo-com-o-crestor","status":"publish","type":"post","link":"https:\/\/leonardof.med.br\/2010\/08\/15\/industria-farmaceutica-pode-ter-manipulado-estudo-com-o-crestor\/","title":{"rendered":"Ind\u00fastria farmac\u00eautica pode ter manipulado estudo com o Crestor"},"content":{"rendered":"

A rosuvastatina (Crestor) \u00e9 um medicamento do grupo das estatinas. Assim como sinvastatina, atorvastatina e outras, a rosuvastatina \u00e9 capaz de diminuir os n\u00edveis de colesterol no sangue, e em alguns casos at\u00e9 de diminuir a mortalidade cardiovascular (por problemas card\u00edacos e circulat\u00f3rios). De dois anos para c\u00e1 a a rosuvastatina virou moda, em grande parte por causa de um estudo que mostrou uma diminui\u00e7\u00e3o pela metade no risco de infarto agudo do mioc\u00e1rdio (enfarte do cora\u00e7\u00e3o) e de acidente vascular cerebral (AVC, derrame) em pessoas com n\u00edveis normais de colesterol.<\/p>\n

\"V\u00e1rias<\/a>

\u00a9 Michael Chen (alguns direitos reservados<\/a>)<\/p><\/div>\n

O problema \u00e9 que, em 28 de junho de 2010, o Archives of Internal Medicine<\/cite> publicou um novo estudo<\/a>, em que outra equipe de pesquisadores reanalisou os dados da pesquisa anterior, e chegou \u00e0 conclus\u00e3o de que os resultados do experimento n\u00e3o d\u00e3o suporte ao uso de estatinas para a preven\u00e7\u00e3o […] de doen\u00e7as cardiovasculares, e levanta quest\u00f5es perturbadoras com rela\u00e7\u00e3o ao papel dos patrocinadores comerciais.<\/q> (Fonte: KevinMD.com<\/a>.)<\/p>\n

<\/p>\n

O laborat\u00f3rio AstraZeneca det\u00e9m a patente do Crestor, e patrocionou o estudo JUPITER, aquele que mostrou uma prote\u00e7\u00e3o da rosuvastatina contra infarto e AVC em pessoas com colesterol normal. O laborat\u00f3rio tamb\u00e9m coletou os dados e monitorou os locais do estudo<\/q>, e ainda teria algum tipo de rela\u00e7\u00e3o financeira com 9 dos 14 autores do estudo. O autor principal do estudo, por sua vez, det\u00e9m a patente de um exame de prote\u00edna C reativa, exame esse que foi usado para selecionar as pessoas que participaram no estudo como cobaias.<\/p>\n

Os autores do novo estudo apontaram uma s\u00e9rie de inconsist\u00eancias no JUPITER, e chegaram ao ponto de dizer que o conjunto de dados parece enviesado<\/q>, ou seja, deturpado. Vou poupar meus leitores dos detalhes de metodologia cient\u00edfica, mas quem quiser pode seguir os links<\/span> fornecidos anteriormente.<\/p>\n

Quando eu resolvi escrever este artigo, eu tinha dois objetivos. O primeiro deles era fazer uma ponte com outro artigo, publicado no blog Medicina de Fam\u00edlia<\/cite>: Estudos patrocinados pelos laborat\u00f3rios t\u00eam vi\u00e9s de achados positivos<\/a><\/q>. Nele, Leonardo Savassi nos conta sobre uma pesquisa cient\u00edfica mostrando que os estudos cl\u00ednicos patrocinados por laborat\u00f3rios farmac\u00eauticos t\u00eam mais chance de terem resultados positivos, ou seja, de mostrarem que o medicamento funciona.<\/p>\n

Mas o principal objetivo era dividir com meus leitores um ditado que aprendi nas minhas primeiras semanas da faculdade de Medicina. Recapitulando, acabou de sair um estudo que jogou um balde de \u00e1gua fria nos cardiologistas que come\u00e7aram a prescrever Crestor a torto e a direito. Pois bem, o ditado \u00e9 mais ou menos assim: Na Medicina, a gente n\u00e3o deve ser nem o primeiro, nem o \u00faltimo a aderir a uma novidade.<\/q><\/p>\n

Se voc\u00ea leu este artigo at\u00e9 aqui, acredito que tamb\u00e9m se interessar\u00e1 por outro: Nem sempre \u00e9 melhor prevenir do que remediar<\/a>.<\/q><\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"

A rosuvastatina n\u00e3o \u00e9 capaz de prevenir infartos e AVC em pessoas sem colesterol alto ou doen\u00e7a cardiovascular.<\/p>\n","protected":false},"author":2,"featured_media":0,"comment_status":"open","ping_status":"open","sticky":false,"template":"","format":"standard","meta":{"footnotes":""},"categories":[1],"tags":[37,45,100,28,72],"_links":{"self":[{"href":"https:\/\/leonardof.med.br\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/1091"}],"collection":[{"href":"https:\/\/leonardof.med.br\/wp-json\/wp\/v2\/posts"}],"about":[{"href":"https:\/\/leonardof.med.br\/wp-json\/wp\/v2\/types\/post"}],"author":[{"embeddable":true,"href":"https:\/\/leonardof.med.br\/wp-json\/wp\/v2\/users\/2"}],"replies":[{"embeddable":true,"href":"https:\/\/leonardof.med.br\/wp-json\/wp\/v2\/comments?post=1091"}],"version-history":[{"count":6,"href":"https:\/\/leonardof.med.br\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/1091\/revisions"}],"predecessor-version":[{"id":1098,"href":"https:\/\/leonardof.med.br\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/1091\/revisions\/1098"}],"wp:attachment":[{"href":"https:\/\/leonardof.med.br\/wp-json\/wp\/v2\/media?parent=1091"}],"wp:term":[{"taxonomy":"category","embeddable":true,"href":"https:\/\/leonardof.med.br\/wp-json\/wp\/v2\/categories?post=1091"},{"taxonomy":"post_tag","embeddable":true,"href":"https:\/\/leonardof.med.br\/wp-json\/wp\/v2\/tags?post=1091"}],"curies":[{"name":"wp","href":"https:\/\/api.w.org\/{rel}","templated":true}]}}