{"id":1481,"date":"2010-10-19T00:00:29","date_gmt":"2010-10-19T02:00:29","guid":{"rendered":"http:\/\/leonardof.med.br\/?p=1481"},"modified":"2016-01-20T12:01:24","modified_gmt":"2016-01-20T14:01:24","slug":"condroitina-e-glicosamina-nao-funcionam-na-osteoartrose-de-joelho-e-quadril","status":"publish","type":"post","link":"https:\/\/leonardof.med.br\/2010\/10\/19\/condroitina-e-glicosamina-nao-funcionam-na-osteoartrose-de-joelho-e-quadril\/","title":{"rendered":"Condroitina e glicosamina n\u00e3o funcionam na osteoartrose de joelho e quadril"},"content":{"rendered":"
A osteoartrose, popularmente conhecida como Pesquisadores da Universidade de Berna, na Su\u00ed\u00e7a, coletaram todas as pesquisas cl\u00ednicas de qualidade realizadas com condroitina, glicosamina ou ambas, e analisaram seus resultados em conjunto para avaliar se havia algum efeito sobre a dor ou sobre as altera\u00e7\u00f5es radiogr\u00e1ficas. O artigo<\/a>, publicado esse ano no British Medical Journal<\/cite>, relatou que nenhum dos medicamentos, isolados ou em conjunto, \u00e9 capaz de trazer algum benef\u00edcio significativo para os pacientes.<\/p>\n <\/p>\n N\u00e3o \u00e9 a primeira vez que pesquisadores revisam estudos cl\u00ednicos com condroitina e glicosamina. Mas esse estudo se destaca mesmo assim. S\u00f3 foram inclu\u00eddos na revis\u00e3o estudos cl\u00ednicos de boa qualidade e com um n\u00famero suficientemente grande de pacientes (estudos pequenos tendem a superestimar os efeitos do tratamento). Todas as etapas da revis\u00e3o foram feitas por dois pesquisadores, para evitar vieses pessoais. E a an\u00e1lise estat\u00edstica \u00e9 uma das mais sofisticadas que eu j\u00e1 li.<\/p>\n A glicosamina (principalmente na forma de sulfato de glicosamina) e sua combina\u00e7\u00e3o com a condroitina at\u00e9 que se mostraram melhores que o placebo, mas com algumas limita\u00e7\u00f5es s\u00e9rias. Primeiro, o efeito foi t\u00e3o pequeno que n\u00e3o tem significado pr\u00e1tico. Segundo, e mais importante, o resultado da pesquisa cl\u00ednica depende de quem<\/em> patrocinou a pesquisa. As pesquisas patrocinadas pelos pr\u00f3prios fabricantes mostraram algum efeito (mesmo que sem significado pr\u00e1tico), ao passo que os estudos independentes n\u00e3o mostraram efeito algum.<\/p>\n N\u00e3o \u00e9 novidade que o patroc\u00ednio do estudo possa interferir em seu resultado. J\u00e1 discuti o assunto no meu artigo sobre a rosuvastatina (Crestor)<\/a>. L\u00e1 indiquei inclusive a leitura do artigo Lendo os coment\u00e1rios enviados ao British Medical Journal<\/cite>, achei divertido ver como muitas pessoas defenderam a condroitina e a glicosamina com unhas e dentes, cada uma com um argumento diferente. Um argumento que achei interessante foi que os trabalhos com hidrocloreto de glicosamina deveriam ter sido descartados; somente os trabalhos com a forma de sulfato de glicosamina deveriam ter sido considerados, j\u00e1 que essa forma \u00e9 mais recomendada. De fato, analisando separadamente as duas formas, o sulfato de glicosamina parece melhor que o placebo, ainda que com um efeito considerado discreto demais; o hidrocloreto n\u00e3o tem efeito algum.<\/p>\n Outro argumento \u00e9 os autores da revis\u00e3o de literatura teriam adotado um ponto de corte muito alto para considerar o efeito sobre a dor como clinicamente significativo. De fato, nem os analg\u00e9sicos e anti-inflamat\u00f3rios satisfariam aquele crit\u00e9rio de efic\u00e1cia. Adotando um ponto de corte mais conservador, o sulfato de glicosamina talvez at\u00e9 pudesse ser considerado como efetivo. Mas a\u00ed volto a lembrar da an\u00e1lise por patrocinador… Nos estudos independentes, tanto condroitina quanto glicosamina n\u00e3o mostraram efeito algum.<\/p>\n Depois de praticamente jogarem uma p\u00e1 de cal sobre o suposto efeito terap\u00eautico de condroitina e glicosamina, os pesquisadores da Universidade de Berna levantaram a possibilidade de que novos estudos, feitos com pacientes diferentes, encontrem algum efeito. \u00c9 que os estudos analisados tinham pacientes com altera\u00e7\u00f5es radiogr\u00e1ficas graves, e manifesta\u00e7\u00f5es cl\u00ednicas moderadas. Para esses pacientes, est\u00e1 praticamente comprovado que os medicamentos n\u00e3o funcionam. Mas, e para os outros?<\/p>\n Agora est\u00e1 sendo realizada uma nova pesquisa cl\u00ednica de condroitina e glicosamina, e seus pacientes teriam altera\u00e7\u00f5es radiogr\u00e1ficas moderadas e manifesta\u00e7\u00f5es cl\u00ednicas mais significativas. Essa pesquisa seria independente, ou seja, n\u00e3o estaria sendo patrocinada por fabricantes dos medicamentos. Os primeiros resultados s\u00f3 dever\u00e3o estar dispon\u00edveis a partir do final do ano que vem.<\/p>\n Enquanto isso, que tal saber como se prevenir<\/em> da osteoartrose<\/a>?<\/p>\nartrite<\/q> ou
reumatismo<\/q>, \u00e9 uma das doen\u00e7as que mais prejudicam a sa\u00fade dos idosos no Brasil<\/a>, e afeta tanto homens quanto mulheres. N\u00e3o existe cura para a osteoartrose, e os \u00fanicos medicamentos com efic\u00e1cia completamente comprovada s\u00e3o os analg\u00e9sicos (como o paracetamol) e anti-inflamat\u00f3rios (como o ibuprofeno e tantos outros), que s\u00e3o apenas paliativos. Glicosamina (glucosamina) e condroitina s\u00e3o dois dos medicamentos mais populares para a osteoartrose, devido \u00e0 promessa de restabelecer a sa\u00fade da cartilagem degenerada, mas um estudo recente aumentou em muito o ceticismo dos m\u00e9dicos com rela\u00e7\u00e3o a esse rem\u00e9dio.<\/p>\n
Estudos patrocinados pelos laborat\u00f3rios t\u00eam vi\u00e9s de achados positivos<\/a><\/q>, do m\u00e9dico de fam\u00edlia e comunidade Leonardo Savassi.<\/p>\n