{"id":1568,"date":"2010-10-23T00:00:38","date_gmt":"2010-10-23T02:00:38","guid":{"rendered":"http:\/\/leonardof.med.br\/?p=1568"},"modified":"2015-08-07T23:14:52","modified_gmt":"2015-08-08T02:14:52","slug":"saude-da-familia-diminui-mortalidade-infantil","status":"publish","type":"post","link":"https:\/\/leonardof.med.br\/2010\/10\/23\/saude-da-familia-diminui-mortalidade-infantil\/","title":{"rendered":"Sa\u00fade da Fam\u00edlia diminui mortalidade infantil"},"content":{"rendered":"

Duas semanas atr\u00e1s, ao discutir a lista das principais doen\u00e7as das crian\u00e7as brasileiras<\/a>, eu disse que a Sa\u00fade da Fam\u00edlia (PSF<\/abbr><\/q>) estava colaborando para a diminui\u00e7\u00e3o da mortalidade infantil, ou seja, em menores de um ano de idade, mas n\u00e3o mostrei qualquer estudo cient\u00edfico que justificasse a afirma\u00e7\u00e3o. N\u00e3o que faltasse comprova\u00e7\u00e3o cient\u00edfica; pelo contr\u00e1rio. Achei melhor escrever um artigo s\u00f3 sobre o assunto, de t\u00e3o importante que ele \u00e9.<\/p>\n

A expans\u00e3o da Sa\u00fade da Fam\u00edlia tem contribu\u00eddo com a queda da mortalidade em menores de um ano e em menores de 5 anos de idade, e o efeito \u00e9 ainda maior se n\u00e3o considerarmos as mortes ocorridas no primeiro m\u00eas de vida, muitas das quais s\u00e3o inevit\u00e1veis. Em especial, a Sa\u00fade da Fam\u00edlia contribui para a queda da mortalidade por pneumonia e diarreia, que s\u00e3o as duas maiores respons\u00e1veis pela carga de doen\u00e7a das crian\u00e7as brasileiras.<\/p>\n

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Nos resultados apresentados a seguir j\u00e1 foi descontada a contribui\u00e7\u00e3o de uma s\u00e9rie de fatores sociais, econ\u00f4micos e demogr\u00e1ficos, e mesmo de algumas caracter\u00edsticas do sistema de sa\u00fade de cada cidade, como a propor\u00e7\u00e3o de m\u00e9dicos por habitante, a cobertura vacinal e a propor\u00e7\u00e3o de mulheres que fazem pr\u00e9-natal.<\/p>\n

Na primeira pesquisa<\/a>, publicada em janeiro de 2009 pelo American Journal of Public Health<\/cite>, tr\u00eas pesquisadores da Universidade Federal da Bahia (UFBA) analisaram registros de mortalidade no per\u00edodo de 1996 a 2004, para todo o pa\u00eds. Confirmou-se que a taxa de mortalidade infantil dos munic\u00edpios diminuiu \u00e0 medida que aumentou a cobertura pela Sa\u00fade da Fam\u00edlia. Os munic\u00edpios com cobertura igual ou superior a 70% da popula\u00e7\u00e3o tiveram uma taxa de mortalidade infantil 22,0% menor que a dos sem Sa\u00fade da Fam\u00edlia, enquanto os munic\u00edpios com cobertura intermedi\u00e1ria tiveram redu\u00e7\u00f5es tamb\u00e9m intermedi\u00e1rias.<\/p>\n

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Dois desses pesquisadores se juntaram a um terceiro, tamb\u00e9m da UFBA, para realizar mais duas pesquisas sobre a rela\u00e7\u00e3o entre Sa\u00fade da Fam\u00edlia e mortalidade de crian\u00e7as brasileiras menores de 5 anos de idade. Em uma dessas pesquisas<\/a>, o aumento da cobertura Sa\u00fade da Fam\u00edlia se mostrou associado \u00e0 diminui\u00e7\u00e3o da propor\u00e7\u00e3o de crian\u00e7as que morreram por causas mal definidas, no per\u00edodo de 2000 a 2006. Os munic\u00edpios com 70% ou mais da popula\u00e7\u00e3o coberta pela Sa\u00fade da Fam\u00edlia apresentaram propor\u00e7\u00f5es de \u00f3bitos por causas mal definidas 50% menores, e propor\u00e7\u00f5es de \u00f3bitos sem assist\u00eancia m\u00e9dica 50% menores. Ao contr\u00e1rio do que muita gente acreditaria, o efeito da Sa\u00fade da Fam\u00edlia foi at\u00e9 um pouco maior em munic\u00edpios com IDH<\/abbr> acima da m\u00e9dia brasileira (0,713).<\/p>\n

Outra pesquisa<\/a>, publicada em setembro deste ano no peri\u00f3dico Pediatrics<\/cite>, estudou a rela\u00e7\u00e3o entre a expans\u00e3o da Sa\u00fade da Fam\u00edlia e a diminui\u00e7\u00e3o da mortalidade em menores de 5 anos de idade, no per\u00edodo de 2000 a 2005. Quando comparados aos munic\u00edpios sem Sa\u00fade da Fam\u00edlia, aqueles com cobertura maior ou igual a 70% apresentaram taxas de mortalidade geral 13% menores, taxas de mortalidade por diarreia 31% menores, e taxas de mortalidade por pneumonia 19% menores, sempre em crian\u00e7as com menos de 5 anos de idade. O efeito foi ainda maior para a mortalidade p\u00f3s-neonatal, ou seja, desconsiderando os \u00f3bitos com at\u00e9 28 dias de vida. (No primeiro m\u00eas de vida, a propor\u00e7\u00e3o de \u00f3bitos evit\u00e1veis \u00e9 bem menor.)<\/p>\n

Mas os baianos n\u00e3o s\u00e3o os \u00fanicos que pesquisam o assunto. Duas semanas atr\u00e1s escrevi um artigo<\/a> em homenagem a Dia Nacional dos Agentes Comunit\u00e1rios de Sa\u00fade, e nele comentei um estudo do americano James Macinko e do brasileiro Frederico Guanais sobre a rela\u00e7\u00e3o entre os agentes comunit\u00e1rios de sa\u00fade e as taxas de interna\u00e7\u00e3o hospitalar. Pois bem, eles se juntaram a outros dois pesquisadores e estudaram<\/a> a rela\u00e7\u00e3o entre a queda da mortalidade infantil nos anos de 1999 a 2004 e a expans\u00e3o da Sa\u00fade da Fam\u00edlia. A pesquisa descobriu que, para cada 10% de aumento da cobertura da Sa\u00fade da Fam\u00edlia, a taxa de mortalidade infantil geral cai em 0,4%, a taxa de de mortalidade p\u00f3s-neonatal geral (de 28 dias at\u00e9 11 meses e 29 dias de idade) cai em 0,6%, e a taxa de mortalidade infantil por diarreia cai em 1,0%.<\/p>\n

Por mais que algumas mortes sejam inevit\u00e1veis, os pa\u00edses mais desenvolvidos est\u00e3o a\u00ed para mostrar que ainda podemos diminuir, em muito, a mortalidade infantil. E a Sa\u00fade da Fam\u00edlia \u00e9 uma das estrat\u00e9gias para alcan\u00e7armos esse objetivo.<\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"

A expans\u00e3o da Sa\u00fade da Fam\u00edlia (“PSF”) tem diminu\u00eddo dramaticamente a mortalidade infantil no Brasil.<\/p>\n","protected":false},"author":2,"featured_media":0,"comment_status":"open","ping_status":"open","sticky":false,"template":"","format":"standard","meta":{"footnotes":""},"categories":[1],"tags":[107,27,72,17,16],"_links":{"self":[{"href":"https:\/\/leonardof.med.br\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/1568"}],"collection":[{"href":"https:\/\/leonardof.med.br\/wp-json\/wp\/v2\/posts"}],"about":[{"href":"https:\/\/leonardof.med.br\/wp-json\/wp\/v2\/types\/post"}],"author":[{"embeddable":true,"href":"https:\/\/leonardof.med.br\/wp-json\/wp\/v2\/users\/2"}],"replies":[{"embeddable":true,"href":"https:\/\/leonardof.med.br\/wp-json\/wp\/v2\/comments?post=1568"}],"version-history":[{"count":21,"href":"https:\/\/leonardof.med.br\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/1568\/revisions"}],"predecessor-version":[{"id":4133,"href":"https:\/\/leonardof.med.br\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/1568\/revisions\/4133"}],"wp:attachment":[{"href":"https:\/\/leonardof.med.br\/wp-json\/wp\/v2\/media?parent=1568"}],"wp:term":[{"taxonomy":"category","embeddable":true,"href":"https:\/\/leonardof.med.br\/wp-json\/wp\/v2\/categories?post=1568"},{"taxonomy":"post_tag","embeddable":true,"href":"https:\/\/leonardof.med.br\/wp-json\/wp\/v2\/tags?post=1568"}],"curies":[{"name":"wp","href":"https:\/\/api.w.org\/{rel}","templated":true}]}}