{"id":1827,"date":"2010-11-30T00:00:41","date_gmt":"2010-11-30T02:00:41","guid":{"rendered":"http:\/\/leonardof.med.br\/?p=1827"},"modified":"2015-08-07T20:31:08","modified_gmt":"2015-08-07T23:31:08","slug":"industria-alimenticia-vai-reduzir-sal-e-acucar-de-seus-produtos","status":"publish","type":"post","link":"https:\/\/leonardof.med.br\/2010\/11\/30\/industria-alimenticia-vai-reduzir-sal-e-acucar-de-seus-produtos\/","title":{"rendered":"Ind\u00fastria aliment\u00edcia vai reduzir sal e a\u00e7\u00facar de seus produtos"},"content":{"rendered":"

O Minist\u00e9rio da Sa\u00fade anunciou<\/a> recentemente a assinatura de um contrato com a Associa\u00e7\u00e3o Brasileira da Ind\u00fastria Aliment\u00edcia (Abia), renovando por mais 3 anos o F\u00f3rum da Alimenta\u00e7\u00e3o Saud\u00e1vel. Esse f\u00f3rum, composto tamb\u00e9m pela Ag\u00eancia Nacional de Vigil\u00e2ncia Sanit\u00e1ria (Anvisa), foi respons\u00e1vel pela retirada de 230 mil toneladas de gordura trans dos produtos aliment\u00edcios em 2009, segundo a pr\u00f3pria Abia. Al\u00e9m de conseguir que todas as empresas restrinjam a gordura trans em seus alimentos (hoje em dia 94,6% teriam adotado a medida), o objetivo do f\u00f3rum passou a incluir a diminui\u00e7\u00e3o dos teores de s\u00f3dio e glicose nos produtos aliment\u00edcios.<\/p>\n

\"Gr\u00e3os<\/a><\/p>\n

A import\u00e2ncia do acordo foi ressaltada por um levantamento<\/a> publicado recentemente pela Anvisa. O levantamento mostrou, por exemplo, que a quantidade de s\u00f3dio em uma marca de batata palha foi 14 vezes maior que em outra; e que uma por\u00e7\u00e3o de macarr\u00e3o instant\u00e2neo cont\u00e9m 167% do s\u00f3dio que uma pessoa adulta pode ingerir num dia. O mesmo levantamento tamb\u00e9m descobriu que a glicose \u00e9 respons\u00e1vel por cerca de 10% da composi\u00e7\u00e3o dos refrigerantes, sucos e n\u00e9ctares analisados.<\/p>\n

<\/p>\n

Pessoalmente, uma das informa\u00e7\u00f5es que mais me chamou a aten\u00e7\u00e3o no an\u00fancio do Minist\u00e9rio da Sa\u00fade foi a import\u00e2ncia do F\u00f3rum da Alimenta\u00e7\u00e3o Saud\u00e1vel na retirada da gordura trans dos produtos aliment\u00edcios (alimentos processados industrialmente). Enquanto consumidor, o que percebi foi uma enxurrada de mat\u00e9rias em televis\u00e3o, revistas e jornais sobre os malef\u00edcios da gordura trans, seguidos de ampla redu\u00e7\u00e3o de gordura trans nos produtos aliment\u00edcios, fartamente divulgada em suas respectivas embalagens. Parece, no entanto, que o papel de conscientiza\u00e7\u00e3o da m\u00eddia n\u00e3o foi t\u00e3o decisivo assim. O acordo para redu\u00e7\u00e3o de gordura trans j\u00e1 tinha sido estabelecido.<\/p>\n

O Brasil est\u00e1 implementando a Estrat\u00e9gia Global de Atividade F\u00edsica e Dieta<\/cite><\/a>, elaborada nos \u00faltimos anos pela Organiza\u00e7\u00e3o Mundial da Sa\u00fade. Um dos fundamentos dessa estrat\u00e9gia \u00e9 que o estilo de vida saud\u00e1vel n\u00e3o \u00e9 alcan\u00e7ado exclusivamente atrav\u00e9s da iniciativa individual. Existem uma s\u00e9rie de medidas coletivas comprovadamente efetivas para reduzir a exposi\u00e7\u00e3o da popula\u00e7\u00e3o a uma s\u00e9rie de fatores de risco, como obesidade, excesso de colesterol no sangue, excesso de glicose no sangue, press\u00e3o arterial elevada, e falta de atividade f\u00edsica. Esses fatores de risco representam algumas das principais causas preven\u00edveis de algumas das doen\u00e7as mais importantes no Brasil e no mundo, como o infarto card\u00edaco e AVC<\/abbr> (derrame). (Leia tamb\u00e9m: Os 10 maiores fatores de risco para a sa\u00fade do Brasil<\/a><\/q>.)<\/p>\n

No meu dia-a-dia como m\u00e9dico de fam\u00edlia e comunidade, muitas pessoas se op\u00f5em a altera\u00e7\u00f5es de seu estilo de vida com base no que aconteceu com seus av\u00f4s. Essas pessoas t\u00eam hist\u00f3rias na fam\u00edlia de pessoas que fumaram, comeram carne de porco ou conservaram sua comida em banha de porco, e mesmo assim viveram at\u00e9 idades avan\u00e7adas. \u00c9 claro que quem me conta isso ainda est\u00e1 vivo, ent\u00e3o ainda n\u00e3o sei com que idade essa pessoa vai morrer. Pode ser que a fam\u00edlia tenha uma gen\u00e9tica boa. Mas essas pessoas tamb\u00e9m se esquecem de que seus antecedentes tinham um estilo de vida muito melhor em outros aspectos \u2014 atividade f\u00edsica, por exemplo. Al\u00e9m disso, seus av\u00f4s comiam comida<\/em>, e n\u00e3o produtos aliment\u00edcios<\/em>. Os alimentos processados industrialmente recebem geralmente uma s\u00e9rie de ingredientes nada saud\u00e1veis, e n\u00e3o estou falando de aditivos como corantes, flavorizantes ou conservantes. Estou falando \u00e9 de sal, a\u00e7\u00facar, gordura trans.<\/p>\n

Um livro sobre a ind\u00fastria aliment\u00edcia destacou, por exemplo, que 75% a 80% do s\u00f3dio consumido pelos americanos vem dos produtos aliment\u00edcios. Essa propor\u00e7\u00e3o \u00e9 bem parecida na Inglaterra, e acredito que no Brasil tamb\u00e9m. (Leia tamb\u00e9m: De onde vem o sal que voc\u00ea consome?<\/a><\/q>) A experi\u00eancia internacional mostra ser poss\u00edvel reduzir imediatamente 10% a 25% do teor de s\u00f3dio dos produtos aliment\u00edcios, sem gerar rejei\u00e7\u00e3o nos consumidores, e a partir da\u00ed reduzir o teor de s\u00f3dio para n\u00edveis 50% menores ao longo de 10 anos, como ser\u00e1 feito no Brasil. Al\u00e9m disso, em tr\u00eas pa\u00edses foram realizados estudos de custo-efetividade (custo-benef\u00edcio), segundo os quais a economia no tratamento de infarto, derrame e outras doen\u00e7as \u00e9 v\u00e1rias vezes maior que os gastos na redu\u00e7\u00e3o do s\u00f3dio nos alimentos.<\/p>\n

Em cerca de uma semana pretendo dividir com voc\u00eas os resultados de um estudo cient\u00edfico sobre o impacto de uma iniciativa como essa do Brasil<\/a>, na restri\u00e7\u00e3o do s\u00f3dio. At\u00e9 l\u00e1, que tal come\u00e7ar a olhar o r\u00f3tulo dos produtos aliment\u00edcios para saber o teor de s\u00f3dio?<\/p>\n

Melhor ainda: que tal comer mais comida de verdade?<\/p>\n

Atualiza\u00e7\u00e3o: O artigo \u201cSal de menos parece fazer mal \u00e0 sa\u00fade<\/a>\u201d traz uma nova perspectiva sobre o assunto.<\/ins><\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"

Minist\u00e9rio da Sa\u00fade firmou acordo com a Associa\u00e7\u00e3o Brasileira da Ind\u00fastria Aliment\u00edcia.<\/p>\n","protected":false},"author":2,"featured_media":0,"comment_status":"open","ping_status":"open","sticky":false,"template":"","format":"standard","meta":{"footnotes":""},"categories":[1],"tags":[22,45,34,100,72,16],"_links":{"self":[{"href":"https:\/\/leonardof.med.br\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/1827"}],"collection":[{"href":"https:\/\/leonardof.med.br\/wp-json\/wp\/v2\/posts"}],"about":[{"href":"https:\/\/leonardof.med.br\/wp-json\/wp\/v2\/types\/post"}],"author":[{"embeddable":true,"href":"https:\/\/leonardof.med.br\/wp-json\/wp\/v2\/users\/2"}],"replies":[{"embeddable":true,"href":"https:\/\/leonardof.med.br\/wp-json\/wp\/v2\/comments?post=1827"}],"version-history":[{"count":14,"href":"https:\/\/leonardof.med.br\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/1827\/revisions"}],"predecessor-version":[{"id":4125,"href":"https:\/\/leonardof.med.br\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/1827\/revisions\/4125"}],"wp:attachment":[{"href":"https:\/\/leonardof.med.br\/wp-json\/wp\/v2\/media?parent=1827"}],"wp:term":[{"taxonomy":"category","embeddable":true,"href":"https:\/\/leonardof.med.br\/wp-json\/wp\/v2\/categories?post=1827"},{"taxonomy":"post_tag","embeddable":true,"href":"https:\/\/leonardof.med.br\/wp-json\/wp\/v2\/tags?post=1827"}],"curies":[{"name":"wp","href":"https:\/\/api.w.org\/{rel}","templated":true}]}}