{"id":3752,"date":"2013-08-20T11:00:19","date_gmt":"2013-08-20T14:00:19","guid":{"rendered":"http:\/\/leonardof.med.br\/?p=3752"},"modified":"2013-08-19T14:28:49","modified_gmt":"2013-08-19T17:28:49","slug":"mais-medicos-residentes","status":"publish","type":"post","link":"https:\/\/leonardof.med.br\/2013\/08\/20\/mais-medicos-residentes\/","title":{"rendered":"Mais m\u00e9dicos… residentes"},"content":{"rendered":"

O primeiro componente do programa Mais M\u00e9dicos \u00e9 a distribui\u00e7\u00e3o nacional de m\u00e9dicos, brasileiros e estrangeiros, pelo pr\u00f3prio governo federal. As entidades m\u00e9dicas, entre outras, protestaram contra a n\u00e3o revalida\u00e7\u00e3o dos diplomas dos m\u00e9dicos estrangeiros, e contra a falta de v\u00ednculo empregat\u00edcio do programa, que remunera na forma de bolsa, mas o governo seguiu adiante. O n\u00famero de inscritos s\u00f3 atendeu a 10% do solicitado pelos munic\u00edpios<\/a>, mesmo contando com os estrangeiros, e ao menos no Esp\u00edrito Santo todos esses m\u00e9dicos v\u00e3o trabalhar na Regi\u00e3o Metropolitana de Vit\u00f3ria.<\/p>\n

O segundo componente do programa Mais m\u00e9dicos era a extens\u00e3o do curso de gradua\u00e7\u00e3o em medicina em 2 anos. Antes de receber o diploma de m\u00e9dico, o estudante seria obrigado a trabalhar em regi\u00f5es sem m\u00e9dico, com supervis\u00e3o \u00e0 dist\u00e2ncia. Uma enquete do Senado Federal<\/a> apurou que 85% dos internautas eram contra essa mudan\u00e7a. Recentemente o ministro da educa\u00e7\u00e3o, Aloizio Mercadante, anunciou que o governo vai mudar de estrat\u00e9gia, dando maior \u00eanfase \u00e0 resid\u00eancia m\u00e9dica<\/a>.<\/p>\n

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Resid\u00eancia m\u00e9dica, para quem n\u00e3o sabe, \u00e9 uma forma de treinamento em servi\u00e7o. Como destacou o presidente do Conselho Federal de Medicina<\/a>, essa \u00e9 a melhor forma de se capacitar um m\u00e9dico em qualquer \u00e1rea, inclusive em medicina de fam\u00edlia e comunidade. Depois de passar 6 anos estudando com uma carga hor\u00e1ria semanal que \u00e9 o dobro daquela da maioria dos cursos, o j\u00e1 m\u00e9dico passa pelo menos 2 anos (em muitos casos, 5 ou mais) atuando na \u00e1rea sob a supervis\u00e3o direta de especialistas, com uma carga semanal de at\u00e9 60 horas (\u00e0s vezes mais…).<\/p>\n

De acordo com o ministro da educa\u00e7\u00e3o, a nova proposta do governo ser\u00e1 expandir as vagas de resid\u00eancia m\u00e9dica para chegar, at\u00e9 2017, ao n\u00famero m\u00e9dicos que se formam todo ano. O n\u00famero de vagas de resid\u00eancia m\u00e9dica em cada especialidade dever\u00e1 depender da necessidade do SUS. A medicina de fam\u00edlia e comunidade, por exemplo, dever\u00e1 receber 40% do total de vagas.<\/p>\n

Al\u00e9m disso, o governo estuda medidas para que o m\u00e9dico seja praticamente obrigado a ter feito resid\u00eancia m\u00e9dica para conseguir trabalho, especialmente no SUS, a partir de 2018. Na pr\u00e1tica, isso significar\u00e1 que o m\u00e9dico precisar\u00e1 ser especialista em fam\u00edlia e comunidade para conseguir trabalhar na estrat\u00e9gia Sa\u00fade da Fam\u00edlia. Hoje em dia, boa parte dos programas de resid\u00eancia m\u00e9dica em medicina de fam\u00edlia e comunidade t\u00eam dificuldade em preencher suas vagas, porque os munic\u00edpios contratam qualquer m\u00e9dico para trabalhar na aten\u00e7\u00e3o prim\u00e1ria \u00e0 sa\u00fade.<\/p>\n

O governo federal parece ter conseguido fazer de lim\u00f5es, uma limonada: respondeu de forma construtiva a boa parte das cr\u00edticas ao programa Mais M\u00e9dicos, sem qualquer preju\u00edzo \u00e0s pr\u00f3ximas elei\u00e7\u00f5es, e ainda por cima manteve-se coerente com seus pr\u00f3prios objetivos. Em 2010, quando o ministro da sa\u00fade, Alexandre Padilha, anunciou que o governo federal pretendia ampliar as vagas de resid\u00eancia m\u00e9dica para contemplar em at\u00e9 10 anos todos os rec\u00e9m-formados, eu j\u00e1 dizia que esse seria o primeiro passo para que a resid\u00eancia m\u00e9dica se tornasse um requisito<\/a> para trabalhar na estrat\u00e9gia Sa\u00fade da Fam\u00edlia.<\/p>\n

Al\u00e9m disso, em 2008 o Minist\u00e9rio da Sa\u00fade participou de posicionamento conhecido como Carta de Fortaleza<\/em>. Em 2011, quando eu divulguei o documento, destaquei a parte em que se defendia a especializa\u00e7\u00e3o em medicina de fam\u00edlia e comunidade para o m\u00e9dico trabalhar na aten\u00e7\u00e3o prim\u00e1ria \u00e0 sa\u00fade<\/a>. (Por exemplo, na estrat\u00e9gia Sa\u00fade da Fam\u00edlia.) O que n\u00e3o divulguei na \u00e9poca, sabendo que n\u00e3o seria cumprido, \u00e9 que a Carta de Fortaleza previa que, em at\u00e9 5 anos (a partir de 2008…), todos os m\u00e9dicos que j\u00e1 trabalham na aten\u00e7\u00e3o prim\u00e1ria \u00e0 sa\u00fade fossem capacitados em medicina de fam\u00edlia e comunidade; e que em 10 anos (por tanto, em 2018) os novos m\u00e9dicos s\u00f3 possam trabalhar na aten\u00e7\u00e3o prim\u00e1ria \u00e0 sa\u00fade mediante resid\u00eancia m\u00e9dica ou t\u00edtulo de especialista.<\/p>\n

A universaliza\u00e7\u00e3o do acesso \u00e0 resid\u00eancia m\u00e9dica tamb\u00e9m atende aos posicionamentos da Associa\u00e7\u00e3o Brasileira de Educa\u00e7\u00e3o M\u00e9dica (ABEM)<\/a> e da Sociedade Brasileira de Medicina de Fam\u00edlia e Comunidade (SBMFC)<\/a>, que at\u00e9 ent\u00e3o praticamente s\u00f3 tinham cr\u00edticas ao programa Mais M\u00e9dicos.<\/p>\n

Para expandir de forma t\u00e3o vertiginosa as vagas de resid\u00eancia m\u00e9dica em medicina de fam\u00edlia e comunidade, ser\u00e1 necess\u00e1rio conseguir, em curto prazo, mais de 1500 preceptores. Para voc\u00eas terem uma ideia, em 2011 o Conselho Federal de Medicina relatou que existiam pouco mais de 2500 m\u00e9dicos especialistas em fam\u00edlia e comunidade, independentemente de em qu\u00ea estavam atuando.<\/p>\n

Tamb\u00e9m ser\u00e1 necess\u00e1rio azeitar, em muito, a rela\u00e7\u00e3o entre as escolas m\u00e9dicas e as prefeituras municipais. O m\u00e9dico residente recebe uma bolsa do Minist\u00e9rio da Educa\u00e7\u00e3o (MEC), mas o servi\u00e7o precisa dos repasses do SUS<\/abbr> (referentes aos atendimentos realizados) para se manter. No caso da aten\u00e7\u00e3o prim\u00e1ria \u00e0 sa\u00fade, esse dinheiro vai direto para o cofre dos munic\u00edpios. Ou a prefeitura d\u00e1 parte do dinheiro para as escolas m\u00e9dicas, que em troca se responsabilizam pela aten\u00e7\u00e3o prim\u00e1ria \u00e0 sa\u00fade em uma parte do munic\u00edpio, ou ent\u00e3o a prefeitura assume a responsabilidade por abrir suas unidades b\u00e1sicas de sa\u00fade aos m\u00e9dicos residentes, em condi\u00e7\u00f5es favor\u00e1veis ao aprendizado destes.<\/p>\n

Em maio eu dizia que faltavam, sim, m\u00e9dicos no Brasil, e que os m\u00e9dicos estavam, sim, mal distribu\u00eddos entre as regi\u00f5es do pa\u00eds, mas que tamb\u00e9m havia uma m\u00e1 distribui\u00e7\u00e3o dos m\u00e9dicos entre os postos de trabalho<\/a>. Com a expans\u00e3o das vagas de resid\u00eancia m\u00e9dica, finalmente o governo federal poder\u00e1 regular a oferta de cada especialista m\u00e9dico, adequando-a \u00e0s demandas do SUS. Mesmo assim, suspeito que boa parte desses m\u00e9dicos n\u00e3o chegar\u00e3o a trabalhar no SUS se n\u00e3o houver uma profunda mudan\u00e7a no gerenciamento de seus recursos humanos.<\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"

40% dos m\u00e9dicos dever\u00e3o fazer resid\u00eancia m\u00e9dica em medicina de fam\u00edlia e comunidade.<\/p>\n","protected":false},"author":2,"featured_media":0,"comment_status":"open","ping_status":"open","sticky":false,"template":"","format":"standard","meta":{"footnotes":""},"categories":[1],"tags":[136,19,20,138,16],"_links":{"self":[{"href":"https:\/\/leonardof.med.br\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/3752"}],"collection":[{"href":"https:\/\/leonardof.med.br\/wp-json\/wp\/v2\/posts"}],"about":[{"href":"https:\/\/leonardof.med.br\/wp-json\/wp\/v2\/types\/post"}],"author":[{"embeddable":true,"href":"https:\/\/leonardof.med.br\/wp-json\/wp\/v2\/users\/2"}],"replies":[{"embeddable":true,"href":"https:\/\/leonardof.med.br\/wp-json\/wp\/v2\/comments?post=3752"}],"version-history":[{"count":14,"href":"https:\/\/leonardof.med.br\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/3752\/revisions"}],"predecessor-version":[{"id":3767,"href":"https:\/\/leonardof.med.br\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/3752\/revisions\/3767"}],"wp:attachment":[{"href":"https:\/\/leonardof.med.br\/wp-json\/wp\/v2\/media?parent=3752"}],"wp:term":[{"taxonomy":"category","embeddable":true,"href":"https:\/\/leonardof.med.br\/wp-json\/wp\/v2\/categories?post=3752"},{"taxonomy":"post_tag","embeddable":true,"href":"https:\/\/leonardof.med.br\/wp-json\/wp\/v2\/tags?post=3752"}],"curies":[{"name":"wp","href":"https:\/\/api.w.org\/{rel}","templated":true}]}}