{"id":4033,"date":"2015-05-14T11:00:51","date_gmt":"2015-05-14T14:00:51","guid":{"rendered":"http:\/\/leonardof.med.br\/?p=4033"},"modified":"2015-05-13T13:32:47","modified_gmt":"2015-05-13T16:32:47","slug":"vitoria-discute-restringir-horario-de-funcionamento-de-bares","status":"publish","type":"post","link":"https:\/\/leonardof.med.br\/2015\/05\/14\/vitoria-discute-restringir-horario-de-funcionamento-de-bares\/","title":{"rendered":"Vit\u00f3ria discute restringir hor\u00e1rio de funcionamento de bares"},"content":{"rendered":"

Na \u00faltima segunda-feira, dia 11 de maio de 2015, a C\u00e2mara Municipal de Vit\u00f3ria realizou uma audi\u00eancia p\u00fablica para discutir a restri\u00e7\u00e3o do hor\u00e1rio de funcionamento de bares (al\u00e9m da proibi\u00e7\u00e3o de sua abertura pr\u00f3xima a escolas). Esse tipo de projeto de lei pode render discuss\u00f5es extensas sobre quando e como legislar sobre o comportamento humano. Por isso mesmo, vou focar em uma \u00fanica quest\u00e3o: funciona?<\/p>\n

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A reposta mais simples e direta \u00e9: sim, funciona. Em 2010, Robert Hahn e colaboradores publicaram uma revis\u00e3o de literatura sobre o assunto<\/a> na revista cient\u00edfica American Journal of Preventive Medicine<\/cite>. Encontraram dez artigos cient\u00edficos, relatando o que aconteceu em seis diferentes lugares quando o hor\u00e1rio de venda de bebidas alco\u00f3licas aumentou em 2 horas. (Repare bem, nesses lugares j\u00e1 havia restri\u00e7\u00f5es de hor\u00e1rio, e elas foram afrouxadas.) Em resumo, o aumento do hor\u00e1rio de funcionamento aumentou a ocorr\u00eancia de viol\u00eancia e acidentes relacionados ao consumo de bebidas alco\u00f3licas.<\/p>\n

Os autores tamb\u00e9m mencionaram um estudo brasileiro, que relatou a experi\u00eancia de Diadema (SP)<\/a>. Em 2002, Diadema ordenou o fechamento dos bares \u00e0s 11 horas da noite, e durante os anos seguintes a taxa de homic\u00eddios diminuiu em 44%, salvando 9 vidas por m\u00eas. Ao contr\u00e1rio do que alguns cr\u00edticos alegam, essa an\u00e1lise estat\u00edstica levou em considera\u00e7\u00e3o o fato de que, antes do hor\u00e1rio de fechamento dos bares, a criminalidade em Diadema j\u00e1 estava em queda. Al\u00e9m disso, outro estudo, utilizando outros m\u00e9todos<\/a>, concluiu que a “lei seca” diminuiu os assassinatos em pelo menos 10%, e que as agress\u00f5es f\u00edsicas e os acidentes de carros seguiram tend\u00eancias semelhantes.<\/p>\n

Em seu Relat\u00f3rio Global de Situa\u00e7\u00e3o sobre \u00c1lcool e Sa\u00fade<\/cite> de 2014<\/a>, a Organiza\u00e7\u00e3o Mundial de Sa\u00fade reconheceu que a restri\u00e7\u00e3o do hor\u00e1rio de funcionamento de bares \u00e9 uma forma efetiva (e barata) de minimizar os danos causados pelo consumo de bebidas alco\u00f3licas. Mais ainda: de acordo com a Organiza\u00e7\u00e3o Mundial da Sa\u00fade, cerca de metade dos pa\u00edses j\u00e1 restringem o hor\u00e1rio de funcionamento de estabelecimentos que servem bebidas alco\u00f3licas.<\/p>\n

Isso nem chega a ser novidade: em 2004, o Consenso brasileiro sobre pol\u00edticas p\u00fablicas do \u00e1lcool<\/cite><\/a> j\u00e1 recomendava a restri\u00e7\u00e3o do hor\u00e1rio de venda de bebidas alco\u00f3licas.<\/p>\n

Em resumo, as evid\u00eancias cient\u00edficas mostram que o consumo de bebidas alco\u00f3licas \u00e9 um importante problema de sa\u00fade p\u00fablica, e que restringir o hor\u00e1rio de funcionamento dos bares \u00e9 uma boa forma de tornar as cidades mais seguras. A quest\u00e3o \u00e9: devemos abrir m\u00e3o de nossa liberdade individual em prol dessa seguran\u00e7a? Essa quest\u00e3o a ci\u00eancia n\u00e3o pode responder. S\u00f3 quem pode responder \u00e9 a cidadania.<\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"

Organiza\u00e7\u00e3o Mundial da Sa\u00fade reconhece que diminuir o hor\u00e1rio de funcionamento de bares previne os danos causados pelo consumo de bebidas alco\u00f3licas.<\/p>\n","protected":false},"author":2,"featured_media":0,"comment_status":"open","ping_status":"open","sticky":false,"template":"","format":"standard","meta":{"footnotes":""},"categories":[1],"tags":[33,19,72],"_links":{"self":[{"href":"https:\/\/leonardof.med.br\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/4033"}],"collection":[{"href":"https:\/\/leonardof.med.br\/wp-json\/wp\/v2\/posts"}],"about":[{"href":"https:\/\/leonardof.med.br\/wp-json\/wp\/v2\/types\/post"}],"author":[{"embeddable":true,"href":"https:\/\/leonardof.med.br\/wp-json\/wp\/v2\/users\/2"}],"replies":[{"embeddable":true,"href":"https:\/\/leonardof.med.br\/wp-json\/wp\/v2\/comments?post=4033"}],"version-history":[{"count":8,"href":"https:\/\/leonardof.med.br\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/4033\/revisions"}],"predecessor-version":[{"id":4042,"href":"https:\/\/leonardof.med.br\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/4033\/revisions\/4042"}],"wp:attachment":[{"href":"https:\/\/leonardof.med.br\/wp-json\/wp\/v2\/media?parent=4033"}],"wp:term":[{"taxonomy":"category","embeddable":true,"href":"https:\/\/leonardof.med.br\/wp-json\/wp\/v2\/categories?post=4033"},{"taxonomy":"post_tag","embeddable":true,"href":"https:\/\/leonardof.med.br\/wp-json\/wp\/v2\/tags?post=4033"}],"curies":[{"name":"wp","href":"https:\/\/api.w.org\/{rel}","templated":true}]}}