{"id":906,"date":"2010-08-02T00:00:20","date_gmt":"2010-08-02T03:00:20","guid":{"rendered":"http:\/\/leonardof.med.br\/?p=906"},"modified":"2010-09-11T22:21:21","modified_gmt":"2010-09-12T01:21:21","slug":"filhos-de-lesbicas-tem-desenvolvimento-psicologico-normal","status":"publish","type":"post","link":"https:\/\/leonardof.med.br\/2010\/08\/02\/filhos-de-lesbicas-tem-desenvolvimento-psicologico-normal\/","title":{"rendered":"Filhos de l\u00e9sbicas t\u00eam desenvolvimento psicol\u00f3gico normal"},"content":{"rendered":"

Agora que a Argentina reconheceu a uni\u00e3o entre pessoas do mesmo sexo, muitas pessoas est\u00e3o questionando quando o Brasil seguir\u00e1 o exemplo. No meio tempo, os casais homossexuais daqui v\u00e3o colecionando outros direitos, como o de incluir o companheiro como dependente no plano de sa\u00fade<\/a> e no Imposto de Renda<\/a>. Al\u00e9m disso, os homossexuais tamb\u00e9m podem adotar crian\u00e7as, porque a lei brasileira \u00e9 expl\u00edcita quanto \u00e0 irrelev\u00e2ncia do estado civil (ser ou n\u00e3o casado), e a Constitui\u00e7\u00e3o Federal pro\u00edbe a discrimina\u00e7\u00e3o da pessoa em fun\u00e7\u00e3o de sua orienta\u00e7\u00e3o sexual.<\/p>\n

\"Duas<\/a>

\u00a9 bobster855 (alguns direitos reservados<\/a>)<\/p><\/div>\n

As pesquisadoras Gartrell e Bos destacam que a homossexualidade deixou de ser considerada doen\u00e7a h\u00e1 mais de 30 anos, mas ainda existe quem questione a legitimidade da cria\u00e7\u00e3o de um filho (adotivo ou biol\u00f3gico) num lar homossexual. J\u00e1 foram realizados v\u00e1rios estudos, que n\u00e3o encontraram influ\u00eancia alguma da orienta\u00e7\u00e3o sexual dos pais no ajustamento psicol\u00f3gico dos filhos. A maioria desses estudos avaliou as fam\u00edlias pontualmente, sem acompanh\u00e1-las ao longo do tempo. Isso traz algumas limita\u00e7\u00f5es, e \u00e9 para responder a elas que as pesquisadoras come\u00e7aram a acompanhar, em meados da d\u00e9cada de 80, l\u00e9sbicas gr\u00e1vidas ou planejando gravidez por insemina\u00e7\u00e3o artificial. O estudo cient\u00edfico<\/a> publicado recentemente no peri\u00f3dico Pediatrics<\/cite> relata que hoje em dias esses filhos t\u00eam 16 a 18 anos de idade, e seu ajustamento psicol\u00f3gico \u00e9 ainda melhor que a m\u00e9dia.<\/p>\n

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Ap\u00f3s an\u00e1lise estat\u00edstica, os adolescentes filhos de l\u00e9sbicas apresentaram melhores n\u00edveis de compet\u00eancia social, escolar e total. Al\u00e9m disso, eles tinham menos comportamento agressivo, menos comportamento problem\u00e1tico externalizante (sem controle dos impulsos), menos problemas de contato social, e menos problemas com viola\u00e7\u00e3o de regras. De acordo com as pesquisadoras, o resultado poderia ser explicado em parte pela forma como os filhos foram criados:<\/p>\n

Durante a gravidez, as futuras m\u00e3es tinham aulas e formavam grupos de suporte para aprender a criar filhos. Elas se envolveram ativamente na educa\u00e7\u00e3o de seus filhos e aspiravam a manter-se pr\u00f3ximas a eles […]. […] v\u00e1rios estudos mostraram que ter uma rela\u00e7\u00e3o satisfat\u00f3ria com o pai ou m\u00e3e est\u00e1 associado a ter um ajustamento mais favor\u00e1vel.<\/p>\n

Os n\u00edveis menores de comportamento problem\u00e1tico externalizante entre os adolescentes [do estudo] pode ser explicado pelos estilos disciplinares usados em lares com m\u00e3es l\u00e9sbicas. A m\u00e3es [do estudo] relataram impor limites verbalmente com mais frequ\u00eancia \u00e0s suas crian\u00e7as. Outros estudos encontraram que m\u00e3es l\u00e9sbicas usam menos puni\u00e7\u00f5es corporais e menos imposi\u00e7\u00e3o de poder que pais heterossexuais. Demonstrou-se que crescer em lares com menos imposi\u00e7\u00e3o de poder e mais envolvimento dos pais e m\u00e3es est\u00e1 associado a um ajustamento psicol\u00f3gico mais saud\u00e1vel.<\/p><\/blockquote>\n

Em suma, o melhor ajustamento psicol\u00f3gico dos adolescentes \u00e9 provavelmente fruto do estilo de sua educa\u00e7\u00e3o, e n\u00e3o da orienta\u00e7\u00e3o sexual de suas m\u00e3es. \u00c9 justamente esse o embasamento cient\u00edfico da famosa lei da palmada<\/q>. (Leia mais: Bater n\u00e3o educa<\/a>.<\/q>)<\/p>\n

O resultado \u00e9 consistente com os estudos anteriores, mesmo usando uma metodologia diferente, e portanto sem as limita\u00e7\u00f5es de at\u00e9 ent\u00e3o. Mas as pesquisadoras Gartrell e Bos admitem que as fam\u00edlias acompanhadas podem n\u00e3o ser representativas da totalidade das l\u00e9sbicas dos EUA. O ideal seria escolher as fam\u00edlias por sorteio, entre uma lista completa das l\u00e9sbicas daquele pa\u00eds; mas na d\u00e9cada de 80 isso teria sido ainda mais invi\u00e1vel do que hoje em dia.<\/p>\n

De qualquer forma, essa \u00e9 a evid\u00eancia mais s\u00f3lida que temos hoje em dia sobre o desenvolvimento psicol\u00f3gico de filhos concebidos por casais de l\u00e9sbicas. O recado final das pesquisadoras \u00e9 que o fato de uma crian\u00e7a ou adolescente ser filho de l\u00e9sbicas n\u00e3o deve ser motivo de preocupa\u00e7\u00e3o. Esse tipo de informa\u00e7\u00e3o \u00e9 muito importante para qualquer pessoa que lide com o filho dos outros no dia-a-dia, mas n\u00e3o faria mal algum se todo o mundo ficasse sabendo.<\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"

Pesquisadores acompanharam filhos concebidos por l\u00e9sbicas e observaram ajustamento igual ou superior \u00e0 m\u00e9dia.<\/p>\n","protected":false},"author":2,"featured_media":0,"comment_status":"open","ping_status":"open","sticky":false,"template":"","format":"standard","meta":{"footnotes":""},"categories":[1],"tags":[108,32,57,43],"_links":{"self":[{"href":"https:\/\/leonardof.med.br\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/906"}],"collection":[{"href":"https:\/\/leonardof.med.br\/wp-json\/wp\/v2\/posts"}],"about":[{"href":"https:\/\/leonardof.med.br\/wp-json\/wp\/v2\/types\/post"}],"author":[{"embeddable":true,"href":"https:\/\/leonardof.med.br\/wp-json\/wp\/v2\/users\/2"}],"replies":[{"embeddable":true,"href":"https:\/\/leonardof.med.br\/wp-json\/wp\/v2\/comments?post=906"}],"version-history":[{"count":14,"href":"https:\/\/leonardof.med.br\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/906\/revisions"}],"predecessor-version":[{"id":1319,"href":"https:\/\/leonardof.med.br\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/906\/revisions\/1319"}],"wp:attachment":[{"href":"https:\/\/leonardof.med.br\/wp-json\/wp\/v2\/media?parent=906"}],"wp:term":[{"taxonomy":"category","embeddable":true,"href":"https:\/\/leonardof.med.br\/wp-json\/wp\/v2\/categories?post=906"},{"taxonomy":"post_tag","embeddable":true,"href":"https:\/\/leonardof.med.br\/wp-json\/wp\/v2\/tags?post=906"}],"curies":[{"name":"wp","href":"https:\/\/api.w.org\/{rel}","templated":true}]}}