Você sabe beber com moderação?

A maioria das pessoas no Brasil acredita que beber cerveja socialmente não faz mal à saúde. De fato, é possível beber cerveja socialmente sem haver muito risco à saúde, mas essa também é a forma mais comum das pessoas fazerem uso nocivo de álcool.

Homem bêbado dormindo sobre a neve, sob o olhar censurador de um policial

Cartão postal alemão de 1912.

No ano passado a Revista Brasileira de Psiquiatria publicou um resumo (em inglês) do 1º Levantamento Nacional sobre os Padrões de Consumo de Álcool na População Brasileira. A pesquisa (em português), conduzida por pesquisadores da Unifesp, constatou que 9% dos brasileiros maiores de 18 anos de idade são dependentes do álcool (alcoólatras, como se diz). Mas o estrago é muito maior que isso: 25% dos entrevistados relataram ter tido um ou mais problemas decorrentes do excesso de bebida alcoólica nos últimos 12 meses.

O primeiro passo é entender que o álcool em excesso faz mal — não importa de qual bebida alcoólica ele veio. Uma lata de cerveja (350 ml) tem a mesma quantidade de álcool que uma taça de vinho (140 ml), ou que uma dose de bebida destilada (44 ml). É bem verdade que vinho avinagrado faz ainda mais mal para a saúde, bem como um whisky ou cachaça falsificados, mas vamos deixar isso de lado por hora.

Beber álcool com moderação significa beber, em média, não mais que isso por dia: uma lata de cerveja, uma taça de vinho, ou uma dose de bebida destilada. Homens adultos podem beber até o dobro disso, mas para mulheres adultas e idosos em geral esse é o limite.

Tenho certeza de que você conhece pessoas que não bebem durante a semana, mas que no fim-de-semana bebem muito além dessa quantidade. É por isso que o álcool é um dos principais responsáveis por morte precoce e incapacidade no Brasil. Beber aos poucos, ao longo da semana, está associado a menor risco cardiovascular (de infarto cardíaco e derrame cerebral), mas beber toda a cota da semana em um ou dois dias faz justamente o contrário. (Leia também: Como prevenir e controlar a hipertensão arterial.)

Você pode até deixar para beber apenas no fim de semana, não pode passar de duas garrafas de cerveja num dia, se for homem adulto, ou uma garrafa de cerveja num dia, se for mulher adulta ou se for idoso(a). Como eu disse agora há pouco, uma garrafa de cerveja tem aproximadamente a mesma quantidade de álcool que uma lata de cerveja mais uma dose de bebida destilada. Misturar bebidas alcoólicas só faz mal se a quantidade total for excessiva.

Mas existem algumas situações em que qualquer quantidade de álcool é excessiva. Você não deve usar bebidas alcoólicas, por exemplo, se estiver grávida ou fazendo algo que exija atenção e habilidade (como dirigir). Também existem doenças para as quais qualquer quantidade de álcool é excessiva, e alguns medicamentos podem interagir com o álcool causando até a morte. Por isso, se você tiver algum problema de saúde, converse com seu médico sobre o uso do álcool.

3 pensou em “Você sabe beber com moderação?

  1. Luan Alves Ribeiro

    Muito bom! Muito conclusivo!
    Para mim que estou parando de fumar e busco ter uma vida saudável esse site foi maravilhoso. Meus parabéns e obrigado.

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  2. Pingback: Por que os homens morrem mais cedo? » Espaço Homem

  3. GUTEMBERG DA SILVA SANTANA

    Um relato para quem pensa em parar de fumar.
    Na minha juventude eu fumava normalmente 2 carteiras de cigarro por dia, no mínimo.
    Final de semana tinha a cerveja, então acendia um cigarro na ponta do outro. Não dava para contabilizar.
    À noite, tinha de fumar antes de dormir e se acordasse no meio da noite, acendia um cigarro.
    Ao levantar pela manhã, antes de escovar os dentes, acendia um cigarro.
    Acontece que um dia, numa conversa entre amigos, não lembro o contexto, mas nunca esqueci que um deles falou que mesmo que eu quisesse parar de fumar eu não conseguiria pois estava dominado pelo cigarro.
    Eu disse: -Pois parei agora. E isso aconteceu a mais de 40 anos. Nunca mais fumei.
    Sou o senhor da minha vontade e não permito que algo me domine.
    Parar de fumar é uma questão de força de vontade, e um pouco de orgulho próprio.

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