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Condroitina e glicosamina não funcionam na osteoartrose de joelho e quadril

A osteoartrose, popularmente conhecida como artrite ou reumatismo, é uma das doenças que mais prejudicam a saúde dos idosos no Brasil, e afeta tanto homens quanto mulheres. Não existe cura para a osteoartrose, e os únicos medicamentos com eficácia completamente comprovada são os analgésicos (como o paracetamol) e anti-inflamatórios (como o ibuprofeno e tantos outros), que são apenas paliativos. Glicosamina (glucosamina) e condroitina são dois dos medicamentos mais populares para a osteoartrose, devido à promessa de restabelecer a saúde da cartilagem degenerada, mas um estudo recente aumentou em muito o ceticismo dos médicos com relação a esse remédio.

Pesquisadores da Universidade de Berna, na Suíça, coletaram todas as pesquisas clínicas de qualidade realizadas com condroitina, glicosamina ou ambas, e analisaram seus resultados em conjunto para avaliar se havia algum efeito sobre a dor ou sobre as alterações radiográficas. O artigo, publicado esse ano no British Medical Journal, relatou que nenhum dos medicamentos, isolados ou em conjunto, é capaz de trazer algum benefício significativo para os pacientes.

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Gonorreia não é a mesma coisa que síndrome do corrimento uretral

O leitor Antônio Kretz conferiu as novidades da lista de notificação compulsória, e deixou o seguinte comentário:

Caro Dr. Leonardo,

Gostaria de saber se “Síndrome do Corrimento Uretral” é a mesma coisa que “Gonorréia”?

Antônio, são duas coisas diferentes, mas com uma grande sobreposição entre si.

Preservativo enrolado, fora da embalagem

© Flegmus (BY-SA)

É muito fácil dizer que a gonorreia é uma DST causada pelo micro-organismo Neisseria gonorrhoeae, e que um de seus sintomas é o corrimento uretral (secreção saindo da uretra). Na prática, contudo, a interpretação dos sinais e sintomas não nos permite confirmar ou excluir o diagnóstico de gonorreia. Uma pessoa infectada pode não apresentar sintoma algum; e uma pessoa com corrimento uretral pode ter gonorreia, outra doença, ou mesmo mais de uma infecção ao mesmo tempo.

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Receita sem carimbo: pode?

Eu estava lendo as novidades do Planeta Saúde Brasil quando me deparei com uma enquete publicada no Blog do Pediatra em Casa:

Se seu filho for atendido numa emergência e a receita for feita sem carimbo, apenas com o nome e o número do CRM escrito você:

  • Segue a prescrição?
  • Vai ao site do CRM e verifica se o número é do médico?
  • Joga a receita fora e vai a outro pronto-socorro?
  • Chama a polícia e denuncia o falso médico?

Não vou participar porque acredito que, sendo médico, meu entendimento do assunto pode não ser igual ao da maioria da população. Mesmo assim, estou muito interessado no resultado dessa pesquisa de opinião.

E você, o que faria nessa situação? Vote agora, e se quiser aproveite para comentar seus motivos.

Atualização: Confira o resultado (e meus comentários) em: E aí, receita sem carimbo pode ou não pode?.

Farmácias em unidades de saúde tornam prescrição mais efetiva

Convenhamos, se a pessoa não toma o medicamento, fica difícil dele fazer efeito. Mas na vida real é isso mesmo que muitas pessoas fazem: elas não usam a medicação como ela foi prescrita. Eu costumo anotar detalhadamente no prontuário os medicamentos prescritos, mas mesmo assim faço questão de perguntar no retorno como a pessoa está tomando aqueles medicamentos. Não adianta, por exemplo, acrescentar um comprimido de metformina para otimizar o tratamento do diabetes mellitus se a pessoa não está usando nem a dose que já foi prescrita.

Homem atrás de uma mesa coberta por frascos de analgésicos

© Chuck Olsen (BY-NC-SA)

O problema da não adesão ao tratamento é um velho conhecido dos médicos, mas o Journal of General Internal Medicine trouxe uma informação realmente nova: 22% das prescrições nem chegam às farmácias.

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Diane 35 não é anticoncepcional

Muita gente não sabe, mas (ao menos no Brasil) a combinação de etinilestradiol 0,035mg e acetato de ciproterona 2 mg não é registrada como anticoncepcional. Basta ler as indicações na bula do Diane 35:

Para o tratamento de distúrbios andrógeno-dependentes na mulher, tais como a acne, principalmente nas formas pronunciadas e naquelas acompanhadas de seborreia, inflamações ou formações de nódulos (acne papulopustulosa, acne nodulocística); alopecia androgênica; casos leves de hirsutismo; síndrome de ovários policísticos (SOP).

(Leia também: Como acabar com as espinhas.)

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Indústria farmacêutica pode ter manipulado estudo com o Crestor

A rosuvastatina (Crestor) é um medicamento do grupo das estatinas. Assim como sinvastatina, atorvastatina e outras, a rosuvastatina é capaz de diminuir os níveis de colesterol no sangue, e em alguns casos até de diminuir a mortalidade cardiovascular (por problemas cardíacos e circulatórios). De dois anos para cá a a rosuvastatina virou moda, em grande parte por causa de um estudo que mostrou uma diminuição pela metade no risco de infarto agudo do miocárdio (enfarte do coração) e de acidente vascular cerebral (AVC, derrame) em pessoas com níveis normais de colesterol.

Várias pílulas saindo de uma caixinha derrubada aberta sobre uma mesa

© Michael Chen (alguns direitos reservados)

O problema é que, em 28 de junho de 2010, o Archives of Internal Medicine publicou um novo estudo, em que outra equipe de pesquisadores reanalisou os dados da pesquisa anterior, e chegou à conclusão de que os resultados do experimento não dão suporte ao uso de estatinas para a prevenção […] de doenças cardiovasculares, e levanta questões perturbadoras com relação ao papel dos patrocinadores comerciais. (Fonte: KevinMD.com.)

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Medicamento genérico é melhor que similar

Os medicamentos genéricos já existem no Brasil há cerca de 10 anos, e muita gente ainda não entendeu o que são. Quando acaba a patente de um medicamento, qualquer laboratório pode criar um produto similar sem pagar royalties à empresa que detinha a patente. Só que esses medicamentos similares não são intercambiáveis, ou seja, o fato de uma marca ser segura e eficaz não garante que a outra marca também será. Mesmo tendo a mesma apresentação (por exemplo, comprimidos), princípio ativo (paracetamol) e dose (750mg).

Embalagem de medicamento genérico.

Já o medicamento genérico passa por testes de bioequivalência, garantindo que a absorção acontecerá na mesma velocidade e na mesma quantidade que no medicamento de referência (aquele que era patenteado). A maioria das pessoas no Brasil sempre comprou medicamentos similares ou manipulados, então não vejo o motivo da desconfiança com os genéricos.

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Como prevenir o diabetes mellitus

O aumento da taxa de glicose no sangue é um dos fatores de risco que mais causam mortes precoces e incapacidade no Brasil. Existem sintomas sugestivos de diabetes, mas o melhor é descobrir a doença logo no começo. A pessoa com risco aumentado de desenvolver diabetes pode e deve fazer exames, mas não é só isso. Também é possível prevenir o diabetes mellitus.

A prevenção do diabetes envolve medidas capazes de diminuir outros fatores de risco para doenças cardíacas. Estudos preliminares indicam inclusive que os pré-diabéticos que entram em programas de prevenção do diabetes têm menores taxas de complicações do aparelho circulatório.

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Como acabar com as espinhas

Há poucas semanas uma leitora me perguntou:

Olá,

Doutor Leonardo, quero saber mais sobre como tratar da pele para não dar espinhas e cravos!

Cara Adrielly, por mais que eu tenha achado inusitado o artigo em que você me fez essa pergunta, quero deixar claro que estou muito feliz por sua participação. Perguntas assim podem ser respondidas de forma satisfatória sem a necessidade de uma consulta médica, e a resposta interessa a todos os leitores, e não apenas a quem perguntou.

Sem mais rodeios, vamos à reposta:

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Como parar de fumar

Dois anos atrás o Brasil já tinha mais ex-fumantes do que fumantes. Mesmo assim, dezenas de milhões de brasileiros ainda são tabagistas, e se continuarem assim terão 10 anos de vida a menos do que se não fumassem. O propósito do Dia Mundial sem Tabaco é ajudar essas pessoas a mudar de situação, e este artigo é minha contribuição nesse sentido.

Homem numa caixa de cigarro

Fonte: INCA (divulgação)

A melhor forma de parar de fumar é buscar ajuda profissional. Os estudos comprovam que a associação de terapia cognitivo-comportamental, terapia de reposição de nicotina e bupropiona (ou outros medicamentos, como nortriptilina, clonidina e vareniclina) aumenta em muito as chances da pessoa conseguir abandonar o cigarro.

Mas nem todo mundo precisa, ou pode, passar por todo esse processo. Por isso, resolvi reunir aqui algumas dicas que podem ser aplicadas por qualquer pessoa.

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