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O efeito de frutas, hortaliças, leguminosas sobre nossa saúde

Os leitores já devem estar familiarizados como estudo PURE, que seguiu mais de 135 mil pessoas, distribuídas entre 613 comunidades, em 18 países (inclusive Brasil), em variados continentes e graus de desenvolvimento econômico. O objetivo do estudo é avaliar uma grande variedade de fatores de risco para o desenvolvimento de doença cardiovascular, principalmente infarto cardíaco e derrame (acidente vascular cerebral , AVC). Esse estudo já mostrou que consumir pouco sal parece aumentar o risco cardiovascular, e que consumir pouca gordura ou muito carboidrato parecem aumentar o risco de mortes não cardiovasculares. Agora é a hora de saber se consumir frutas, hortaliças (verduras) e legumes faz mesmo bem para a saúde.

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Mais gordura, menos carboidrato, mais saúde

Há muito tempo se sabe que uma dieta rica em gorduras saturadas está associada aos níveis de colesterol LDL (“ruim”), que está associado a placas de colesterol, que estão associadas a doenças cardiovasculares, como o infarto agudo do miocárdio (enfarte cardíaco) e o acidente vascular cerebral (AVC, derrame). Por isso, há cerca de quarenta anos se recomenda uma dieta pobre em gordura (especialmente saturada) e rica em carboidratos (como arroz e pão).

Desde então, nosso entendimento do assunto avançou consideravelmente. Por exemplo, já sabemos que consumir ovo não aumenta o risco de doença cardiovascular, apesar de a gema do ovo ser rica em colesterol. Não apenas o ovo é rico em substâncias benéficas, mas (o mais importante) várias pesquisas verificaram que o risco cardiovascular não aumenta com o consumo de ovo.

Agora é a vez reexaminarmos o papel das gorduras e dos carboidratos no risco cardiovascular. Lembram-se do estudo PURE, com seus surpreendentes resultados sobre a relação entre a ingestão de sódio e a mortalidade? Em um artigo publicado em agosto pela revista científica The Lancet), os pesquisadores do PURE avaliaram a relação entre a ingestão de gorduras e carboidratos e o risco de doença cardiovascular (inclusive morte cardiovascular) e de morte por quaisquer causas. Durante uma média de 7,4 anos, o estudo acompanhou mais de 135 mil pessoas, tanto na área urbana quanto na rural, em 18 países distribuídos entre todos os continentes e estratos de desenvolvimento econômico, inclusive o Brasil.

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Suplementos vitamínicos e minerais não previnem degeneração macular

A degeneração macular relacionada à idade é uma causa de cegueira entre os idosos, podendo evoluir em questão de meses. O risco de degeneração macular parece aumentar com os mesmos fatores de risco conhecidos para doenças cardiovasculares como infarto e derrame, e alguns genes específicos foram identificados. Como se acredita que radicais livres estejam envolvidos, faz sentido pensar que vitaminas e/ou minerais antioxidantes possam ajudar a prevenir a instalação da doença.

No dia 30 de julho, a Colaboração Cochrane publicou uma revisão sistemática dos estudos onde suplementos vitamínicos e/ou minerais foram testados para a prevenção de degeneração macular. A revisão incluiu cinco estudos, com mais de 76 mil participantes, testando vitamina C (ácido ascórbico), betacaroteno (uma forma inativa de vitamina A), vitamina E (tocoferois, tocotrienois) e um suplemento multivitamínico (que também incluía vários minerais).

Em resumo, a revisão concluiu que:

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A relação reversa entre atividade física e demência

A falta de atividade física é um dos principais fatores de risco para a saúde no Brasil, assim como no resto do mundo. A importância da atividade física é devida principalmente a sua relação com doenças cardiovasculares e câncer; sua relação com a demência é mais controvérsia. Estudos observacionais indicam que as pessoas com baixos níveis de atividade física têm maior risco de receberem o diagnóstico de demência nos anos seguintes; mas estudos de intervenção não têm comprovado o suposto efeito protetor da atividade física sobre a demência.

A revista The BMJ publicou recentemente um estudo europeu sobre a relação entre demência e atividade física, com base na coorte Whitehall II. Essa coorte é uma pesquisa que incluiu mais de 10 mil servidores públicos britânicos com 35 a 55 anos de idade na década de 80, e os tem acompanhado desde então. Ao longo de um acompanhamento que durou em média 27 anos, essas pessoas foram avaliadas várias vezes com relação ao nível de atividade física e ao funcionamento da mente, entre outras características relevantes. O diagnóstico de demência foi obtido a partir do sistema de saúde público da Inglaterra, que é usado até por quem tem plano de saúde para o tratamento de problemas de saúde clínicos e/ou crônicos.

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Vantagens e desvantagens de medir a pressão em casa

O que é mais confiável: você mesmo medir a pressão em casa, ou o médico medir sua pressão no consultório?

Os aparelhos de pressão digitais, que se usa para medir a pressão em casa, precisam ter a calibração verificada com frequência. Além disso, nem todo o mundo sabe como medir a pressão em casa. Mas, quando as pessoas são ensinadas a medir corretamente a pressão em casa, e têm acesso a aparelhos de pressão calibrados, a medida residencial da pressão arterial é mais confiável do que a medida no consultório.

Woman with Blood pressure monitor

O motivo disso é que a pressão arterial está sempre mudando, de uma hora para outra, de um dia para outro. Por isso, é importante medir a pressão em ocasiões diferentes para saber como ela realmente está. Aí está a vantagem de medir a pressão em casa: a facilidade de medir a pressão em ocasiões diferentes.

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Andar a pé ou de bicicleta evita câncer, infarto e derrame

Há muito tempo se sabe que atividade física faz bem para a saúde, e a falta de atividade física é um dos 10 principais fatores de risco para a nossa saúde. Uma forma de resolver isso é através de exercício físico (atividade física planejada), mas na prática pouca gente tem tempo. Outra forma é incorporar a atividade física no dia-a-dia, como no deslocamento para o trabalho.

Em um estudo recém publicado pela revista The BMJ, pesquisadores da Escócia analisaram dados sobre morte e internação hospitalar para mais de 250 mil pessoas que trabalhavam fora de casa, participantes de uma pesquisa com base populacional. Essas pessoas eram homens e mulheres com 40 a 69 anos de idade, e num dia típico 5,4% iam a pé para o trabalho, 2,5% iam de bicicleta, e 13,7% misturavam algum desses meios de transporte ativo com algum meio passivo, como dirigir carro.

Gráfico de floresta para a associação entre a forma de deslocamento para o trabalho e o risco de morte ou internação por doenças cardiovasculares, por câncer, ou (morte) por qualquer causa.

© 2017 Carlos A Celis-Morales, Donald M Lyall, Paul Welsh, Jana Anderson, Lewis Steell, Yibing Guo, Reno Maldonado, Daniel F Mackay, Jill P Pell, Naveed Sattar, Jason M R Gill. CC BY 4.0.

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Vila Velha dispensa laudo médico para vacinar idosos contra febre amarela

De acordo com o portal de notícias G1, o município de Vila Velha decidiu que idosos sem laudo médico poderão ser vacinados contra a febre amarela. A médica Márcia Andriolo, assessora especial do secretário municipal de saúde, teria informado que o procedimento atendia às normas do Programa Nacional de Imunização (PNI). Antes de serem vacinados, idosos sem laudo precisariam responder a uma série de questões, e caso não apresentem contra-indicações absolutas nem outras contraindicações relativas (além da idade, que é uma relativa), poderiam receber a vacina desde que concordassem com o risco de eventos adversos graves.

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A febre amarela chegou a Vitória

Depois de meses de preocupação constante, a febre amarela parece ter chegado ao município de Vitória. A análise de um macaco encontrado morto na Ilha do Frade confirmou que ele estava contaminado pela doença, indicando haver circulação do vírus no município. A Secretaria Estadual de Saúde está tomando as providências cabíveis, que incluem uma campanha de vacinação aos sábados a partir do dia 4 de março. Já a Secretaria Municipal de Saúde de Vitória se adiantou, e realiza mutirão de vacinação contra a febre amarela no sábado (25 de fevereiro) e quarta-feira (1º de março) de Carnaval.

Esclera amarelada em ambos os olhos

A febre amarela tem esse nome por causa da icterícia, que deposita pigmentos amarelos nas mucosas e na pele. Crédito: CDC/ Dr. Thomas F. Sellers; Emory University. Domínio público.

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A medicina de família no Espírito Santo em 2015

No Brasil, o dia  do médico de família e comunidade é comemorado no dia 5 de dezembro, em referência ao dia de fundação da Sociedade Brasileira de Medicina de Família e Comunidade (SBMFC) em 1981.  A Associação Capixaba de Medicina de Família e Comunidade (ACMFC) já publicou uma matéria comemorativa, cuja leitura recomendo.

#diadomfc 05/12 - Dia do Médico de Família e Comunidade Parabéns a todos os Médicos de Família e Comunidade, por cuidarem da população da forma mais justa e com todo o respeito que merece.

© SBMFC (divulgação)

Da minha parte, aproveito para comentar algumas notícias, sobre a especialidade, que eu não tive tempo de comentar ao longo deste ano. A medicina de família e comunidade vem crescendo no Espírito Santo, tanto em visibilidade na mídia quanto em mercado de trabalho e vagas para especialização (residência médica).

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A visão de um médico de família sobre o rastreamento do câncer de próstata

No mês de outubro, o Instituto Lado a Lado Juntos pela Vida e a Sociedade Brasileira de Urologia realizam uma campanha (Novembro Azul) para estimular os homens a fazer exames de rastreamento do câncer de próstata, Ao contrário do que muita gente acredita, essa não é uma campanha do Ministério da Saúde. Na verdade, Ministério da Saúde e Instituto Nacional do Câncer (INCA) não recomendam o rastreamento do câncer de próstata, por considerarem que os malefícios superem os benefícios.

Neste ano a imprensa percebeu que não existe um consenso em torno do assunto, e o debate ganhou destaque nacional através de veículos como a Folha de São Paulo e o Jornal Nacional. Como as evidências científicas atuais são basicamente as mesmas de quando discuti o rastreamento do câncer de próstata em 2010, prefiro trazer hoje outra abordagem: explicar como médicos de família e urologistas podem ter pontos de vista tão diferentes sobre a questão.

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