Por que médico tem letra feia?

A (falta de) caligrafia dos médicos é motivo frequente de comentários, tanto de pacientes quanto de outros profissionais. Alguns médicos não são sequer capazes de entender o que eles mesmos escreveram! Volta e meia algum paciente me pergunta por que médico tem letra feia, e por isso pensei em dividir com você, leitor do Doutor Leonardo, minha opinião sobre o assunto.

Visão próxima de um trecho da letra da canção Ágætis byrjun, da banda Sigur Rós, escrita com o punho do próprio fotógrafo.

Para começar, a letra de um médico não se parece em nada com a letra de outro. Apesar de um ou outro comentário maldoso, caligrafia ruim não faz parte do currículo de qualquer faculdade de Medicina. Além disso, de acordo com Marília Cristina Milano Campos, secretária geral do CRM do Paraná, 80% dos médicos têm letra legível. Mas meu argumento favorito é o do médico Paulo Pereira: Quem já viu letra de engenheiro, de advogado, de contabilista, etc? Só escreve bonito aquele professor de ensino fundamental e médio, que passa a matéria em conta-gotas para seus alunos.

Mas, voltando aos 20% dos médicos com letra ilegível, o que os leva a escrever tão mal assim? Além dos fatores pessoais — boa parte escreve mal desde antes da faculdade — imagino que o mercado de trabalho colabore em muito para piorar a letra. O Conselho Federal de Medicina publicou em 2007 um estudo sobre a saúde do médico brasileiro, confirmando que:

  • 71% dos médicos trabalham em duas ou mais atividades (“empregos”); e
  • 59% dos médicos trabalham 41 a 100 horas por semana.

Então, além de estar sempre com pressa, e ter que escrever muita coisa em cada consulta, o médico típico está sempre cansado. Difícil é escrever bonito com uma carga de trabalho dessas!

Mas isso é só a minha opinião. Tenho certeza de que você já pensou em alguma outra explicação. Que tal comentar?

43 pensou em “Por que médico tem letra feia?

  1. Andre Bressan

    Léo,

    Sabia que isso ia acontecer… tenho um artigo engavetado para terminar sobre o tema, e nunca consegui ter paciência para isso… :/

    Mas vc fez bem. Vou me limitar à minha condição de “comentante”: acho que a maior parte dessa conversa é tabu.

    Eu tenho a “mania” de ler a receita com meus pacientes. Daqueles que lêem comigo (alguns ficam olhando para meu rosto, outros olham para a janela enquanto eu leio), muitos dizem antes de eu ler que não vão entender. Aí eu falo “se vc não entender, eu passo tudo a limpo”. Pronto: todos entendem.

    Os argumentos que vc descreveu são reais. Eu mesmo fiz caligrafia a vida inteira, e acabei optando por escrever em letra de forma, que é mais legível…. meus filhos ao iniciar a alfabetização diziam que eu escrevia errado (não era cursiva a minha letra). Eu pensava cá comigo: pelo menos é legível agora.

    Mas apesar desses mesmos argumentos, se nos dispomos a nos comunicar com nossos pacientes por escrito, é porque a mensagem deve ser transmitida por escrito, e ser lida. LIDA. Portanto, a letra TEM que ser compreensível. Faz parte da nossa responsabilidade médica. Dos meus 5 empregos, apenas 1 disponibiliza receituário informatizado (eu só assino, mas digito no computador). Portanto, o jeito é caprichar na letrosa.. :)

    Um abraço.

    Responder
    1. Leonardo Fontenelle Autor do post

      Bem que eu achava esse artigo meio com cara de Blog do Pediatra em Casa! :)

      Com relação ao tabu, achei interessante observar que alguns pacientes semiletrados se escondem atrás da desculpa de não entender letra de médico — nunca, mesmo caprichada e grande — para não admitir sua condição. Mas, de fato, alguns profissionais têm a letra ilegível, e isso é inadmissível. Parabéns pela iniciativa da letra de forma.

      Fiquei sabendo que a Holanda banir as receitas médicas escritas à mão; não sei exatamente em que ano que a resolução começará a ser aplicada, mas se não me engano era algo como 2012 ou 2015. Enquanto isso, em terras brasileiras…

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    2. Celina Valderez Feijó Kohler

      O André bressan é do Rio? conhece a IBFAN??
      (Leonardo, tens comentado sobre Aleitamento materno? não sei como procurar no blog…)
      Abraço! val k (RS)

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      1. Leonardo Fontenelle Autor do post

        Celina, de fato o Doutor Leonardo carece de uma caixa de pesquisa, até porque é pouco usada. Em geral, você pode procurar por artigos etiquetados com alimentação e criança. Mas já que você está procurando especificamente por aleitamento materno, use por favor este link: http://leonardof.med.br/?s=aleitamento

        Quanto ao Andre Bressan, adianto que ele já participou da IBFAN: http://www.pediatraemcasa.com/search?q=IBFAN

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    3. Victor Hugo

      Andre Bressan,
      Eu já fui atendido por médicos que fazem como você, leem o que escrevem (apesar da letra ser ilegível), acho que isso é o mínimo. Uma letra legível e se fazer entender, perfeito

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  3. Fernando Boaglio

    A minha letra é horrível e eu trabalho com TI, mas eu limito a escrever num papel apenas se somente eu vou ler depois. O problema não é escrever feio, mas sim ilegível.
    Se preciso escrever algo para que outras pessoas leiam, eu imprimo e pronto, se necessário assino em baixo.
    É uma pena que em poucos consultórios médicos eu vi isso, que o médico imprimisse a receita e assinasse em baixo ou usasse um carimbo com o seu CRM. E Leonardo, ou sua estatística está furada, ou eu devo ser muito azarado de minha vida toda ser atendido por médicos da categoria dos 20% ilegíveis. =)

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    1. Leonardo Fontenelle Autor do post

      Bom te ver por aqui, Fernando!

      Não sei qual foi o critério para chegar a esses 20%, mas percebi que a dificuldade em entender a letra depende muito do conhecimento do vocabulário de quem lê. Eu consigo entender receita dos outros muito mais facilidade porque eu sei que medicamentos costumam ser usados em conjunto, quais são as doses mais comuns, e por aí vai.

      Uma coisa que costumo fazer é pedir para o paciente ler a receita antes de acabar a consulta. Isso dá à pessoa a chance de conferir algo que tenha sido mal escrito, ou até tirar alguma dúvida outra sobre a medicação.

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  4. Camila Catherine

    Olá Leonardo,

    adorei esse post! Parabéns!
    Eu concordo totalmente… Minhas letra era bonita e na época do colégio era considerada uma das letras mais redondinhas da turma… por isso, sempre que tinhamos aqueles trabalhos em grupo, eu era responsável por escrever.
    Já na faculdade, observo uma diferença considerável dos cadernos do segundo para os do quinto e sexto anos da graduação. Nós ficamos como loucos em sala de aula, tentando copiar o que os prof dizem e o que expõem em aulas. Tem sempre aqueles cadernos que BOMBAM e vão ser xerocados pela turma toda, pois os melhores são os que colocam até o “espirro” do professor, de tanta velocidade com que copiam.
    Como você trouxe este assunto a tona… estou pensando nele pela primeira vez, tentando refletir no aspecto neurológico, se é que é possível: “Quando aprendemos a escrever, a grafia não tem um curso automático, sendo assim, temos que utilizar a concentração para de certa forma desenhar cada letra. Com o passar do tempo, a letra vai se tornando mais automática e acredito que ela envolva três domínios cognitivos: Linguagem – onde elaboramos o que escrevemos, Praxia – a capacidade de exercer atos motores aprendidos, e a função executiva e talvez visuo-espacial de planejar a sequência de atos motores adequados. Acho que devido a tanta sobrecarga, e também a repetição excessiva de nosso vocabulário, prescrições, laudos, atestados, etc… nós vamos utilizando cada vez menos o planejamento, e vamos escrevendo mais no “piloto automático”, ou seja, ficamos muito práxicos na grafia, muito seguros, o que somado a pressa, gera o famoso “garrancho”. É como andar, pegar água na geladeira, acender um fogão ou um cigarro… nós simplesmente somos tão práxicos nisso que não precisamos planejar. ”
    Bom, ainda filosofando sobre isso, lembrei dos meus pacientes parkinsonianos, os quais frequentemente tem uma grande modificação da caligrafia, devido a meu ver, não apenas a rigidez e a bradicinesia, como também a disfunção executiva e visuo-espacial que apresentam.
    Mas, o fato é, concordo que temos que nos esforçar para tornar nossa letra legível para os pacientes…. ainda mais se lembramos de todos os aspectos que foram citados acima: deficiência visual, baixa escolaridade, não conhecimento de nosso vocabulário, etc!

    Mais uma vez parabéns pelo post! Deu um belo recado!
    Abraços, Camila

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  5. Adriane Brasileiro Mazocoli Silva

    Oi Leonardo, concordo com a Camila: a questão não é só ter vários empregos, ou pelo menos mais de um, nem trabalhar mais de 40 hs/ semana: eu sempre procuro fazer a letra legível, trabalhando 40hs/ semana, sendo apenas MFC, mas tem hora que a coisa não sai muito bonita, especialmente por isso: pressa, pouco tempo que a política de saúde pública dos municípios nos deixam dedicar a cada consulta ( ao invés dos 30 min recomendados pela OMS p/ os MFC de todo o mundo, geralmente conseguimos média de 10 a 15 min/ pessoa só, isso tendo em vista a consulta centrada no paciente e tudo o que devemos ver em cada consulta, é um absurdo) , e em consequência, a dificuldade de fazer algo bem feito. Mas há anos eu tento me reeducar pensando assim: se não for eu ( na APS, MFC) a fazer isso – atender o paciente com mais atenção ,e escrever uma prescrição e orientações mais legíveis) – quem mais há de fazê-lo? Se nós não tivermos tempo para o paciente, qual outro profissional vai ter? E se ninguém tem, dedica, como fica o paciente? Perdido, querendo pular de um para outro especialista, sem se sentir satisfeito em nenhum…não é isso?
    Então, vamos lutar sempre p/ fazermos a coisa toda ( consulta, letra, etc etc) da melhor maneira possível, até politicamente: exigindo no máximo 12 consultas nas 4hs, e mantendo em vista que o ideal são 8 consultas – e quem sabe assim um dia chegaremos lá? Afinal, quando entrei p/ a ESF, em 96, era comum nos postos os médicos atenderem, em 5 a 10 min/ paciente, 20 pessoas em 4hs. agora, os usuários estão mais exigentes – sabem que a coisa pode e deve ser diferente, com mais tempo p/ cada um. Ainda devemos exigir mais, e conversar com a população sobre essa necessidade!! Inclusive, para isso, diminuir de 3,5 – 4 mil habitantes /equipe para 2 mil, o que seria ideal… né não? ( em bom mineirês, hehe)
    Abraço e parabéns por colocar tema tão importante para o dia a dia de todos nós, médicos, usuários e profissionais de saúde em geral!
    Adriane
    Juiz de Fora MG

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    1. Leonardo Fontenelle Autor do post

      Bom dia, Adriane, obrigado por sua participação.

      Sei muito bem como são essas pressões para aumentar o número de consultas, como se três consultas de 10 minutos fossem mais resolutivas que uma de 30. Mas nos planos de saúde os médicos também são pressionados para atender em menos tempo: eles ganham por consulta, e não por hora. De uma forma geral, entendo o número de consultas como uma pressão da sociedade, que exige serviços de alto nível e acesso facilitado, ao mesmo tempo em que não quer comprometer seu orçamento com a saúde.

      Com relação aos 30 minutos, gostaria muito de receber a citação do documento da OMS em que a recomendação é feita.

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  6. Thiago Abreu

    Não sou médico e nem tenho ensino superior estou entrando agora no ensino médio e tenho uma letra horrível pior que a de muitos médicos.

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  7. Marcos Marques Cesar

    Discordo com o senhor, particularmente penso que letra feia para os médicos funciona de certa forma como uma identificação entre eles, uma espécie de sinal publico corporativista. E isso é ruim, tanto para o paciente como para os farmaceuticos que se esforçam (e muito) para entender as receitas. Em tempos de modernização, seria muito bom rever esses conceitos de que médico bom tem caligrafia ruim. Outra coisa, por mais que trabalhem em 2 empregos isso não justifica uma caligrafia ilegível. Afinal, por serem estudantes de medicina na grande maioria pertencente a “nata” da sociedade, pois é senão o mais caro, um dos cursos mais caros do País, não se vê nenhum médico morando de aluguel, por exemplo, ou então que seu automóvel tenha mais de 2 anos de uso. Assim sendo, o estres por uma jornada dupla de emprego NÃO se justifica aqui, e sim, trabalhar durante o dia, entregar pizza a noite, ou então encarar máquinas pesadas numa industria com altos índices de acidentes, e mais ainda, como mesmo o senhor comentou que professor é que tem letra bonita para ensinar melhor seus alunos, esses sim merecem nossa mais elevada estima, pois os mesmos trabalham também em varias jornadas de trabalho, ganham pouco, escrevem o dia todo, e nos ensinam, como os professores que ensinarem nossos ilustre doutores da medicina. Sera que esses médicos que tem a caligrafia horrivel tiveram que decifrar os garranchos de seus professores nas aulas de medicina? Se a resposta é sim esta explicado o alto numero de negligência no País. Desculpe a franqueza, mas caligrafia ruim para os médicos NÃO é sinonimo de excelencia profissional e sim, de falta de respeito a quem se quer fazer entender e converge para uma tremenda falha de comunicação. O.K.?

    Responder
  8. Marcos Marques Cesar

    EM TEMPO: Acho que se equivocaram no percentual lá em cima: o corretor é 20% dos médicos tem a caligrafia legível (não bonita e sim legível).

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  9. Marcos Marques Cesar

    Ainda lanço um desafio aqui: Posso escanear muitas das receitas da minha esposa e postar aqui junto com uma enquete para saber quantas pessoas (inclusive médicos) serão capazes de decifrar os enigmas e traduzir as receitas. Dou-lhes 15 minutos contra os 30 minutos que tentei.

    Responder
  10. Saulo

    NÃO!
    é só DESCASO mesmo!
    ta certo q eles escrevem muito mas eles poderiam muito bem PELO MENOS na receita escrever com mais calma. afinal isso só faria com q a consulta demorasse 30 segundos a mais!

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  11. camila

    na minha opniao é um tipo de código que eles utilizam, quando você vai com a receita em alguma farmácia o farmacêutico entende exatamente o que esta escrito. Porque nós que não estamos ligados a medicina não conseguimos?

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    1. Leonardo Fontenelle Autor do post

      Camila, se existe algum código secreto, esqueceram de me ensinar…

      Médicos e farmacêuticos têm mais facilidade para entender o que está escrito nas receitas simplesmente porque entendem de remédio. Conhecem os nomes dos medicamentos e suas marcas, conhecem as doses e formas de se usar, conhecem em que situação os remédios são usados.

      Isso não é privilégio dos médicos e farmacêuticos. Isso acontece em todo tipo de comunicação humana. Como diz o ditado, “para bom entendedor, pingo é letra.”

      Além disso, já vi um caso em que nem o próprio médico conseguia entender o que tinha escrito…

      Responder
  12. Ricardo Amaro

    Tenho que discordar de boa parte de seus argumentos, senhor Leonardo. Meus contra-argumentos não se aplicam especificamente a você, ou a sua postura, mas a boa parte dos médicos que observo. E seria interessante discutir isso com alguém da área.
    Primeiramente, chamo de senhor, porque doutor é quem tem doutorado. Sei que é uma questão de costume não só no Brasil, como em outros países, essa denominação por camadas populares, que vem desde o século XIX. Mas, por uma questão de princípios não chamo nenhum profissional com especialização de doutor.
    Quanto à questão da letra “feia” (?) dos médicos, acho que isso vai muitas vezes da própria pessoa. Existem também advogados, engenheiros com letras muito feias (inclusive o professor que ensina a “conta gotas”). Contudo, há também profissionais dessas mesmas áreas com letras bonitas.
    Por outro lado, a principal questão é se os médicos têm culpa em relação a isso. Nesse sentido, em relação à Marília Campos, acredito que ela precisa rever seus métodos de pesquisa, pois a realidade que se observa não apenas no Paraná é bem diferente. Na maior parte dos casos, presenciamos a escrita com letras, se não completamente, praticamente incompreensíveis. Em alguns casos, isso se deve apenas à caligrafia do profissional que não é compreensível mesmo. Em outros, isso se deve ao total desleixo e desrespeito dos profissionais.
    Isso sim é preocupante. A letra, em muitos casos, é reflexo do tipo de profissional que se observa nos consultórios. Não se sabe se são profissionais desinteressados, ignorantes ou apenas incompetentes. Não todos, é claro, há exceções. Todavia, são frequentes os profissionais que se aproveitam de um status para esconderem seu péssimo serviço.
    O fato de médicos trabalharem em mais de um emprego, ou de terem elevadas cargas horárias não pode servir como justificativa para isso. Essa é uma mania que os médicos têm tido de assumir um discurso de vitimização, como se isso os livrasse de suas obrigações. Boa parte das profissões de formação superior exigem elevadas cargas horárias, inclusive de engenheiros, advogados e – acredite!!- os professores de ensino fundamental e médio. No caso dos últimos, citados como exemplos de letras bonitas, há, de acordo com o IBGE cargas de até 110 horas entre três turnos (muitas vezes de segunda a sábado), preparação de aulas e correção de atividades. Claro, também nas outras profissões há pessoas descompromissadas. Porém, isso não livra os médicos de suas obrigações. Até mesmo porque a remuneração dos atuantes em medicina é superior à maior parte das profissões no Brasil.
    Novamente, as críticas que faço não são especificamente quanto ao seu trabalho, mas em relação à postura de uma área que sem dúvida é de fundamental importância para a sociedade.

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    1. Leonardo Fontenelle Autor do post

      Nossa, Ricardo, sua resposta foi 50% maior que o artigo em si, e esta é apenas a terceira vez em cinco anos em que recebo esse comentário de que “doutor é quem tem doutorado”. Você deve estar frustrado com os médicos, hein?

      O comportamento humano é o resultado de uma série de fatores. Eu apresentei algum deles, mas não tive a pretensão de ter esgotado o assunto. Além disso, a importância de cada fator varia de um caso para outro. É por isso que nada do que escrevi vem no sentido de desabonar sua experiência, ou a experiência de outros leitores.

      Quanto ao doutorado, acredito que você possa estar interessado na minha resposta de cinco anos atrás. Desde então já terminei meu mestrado, e estou no meio do meu doutorado, se é que isso importa. ;)

      Responder
      1. Ricardo Amaro

        Olá, senhor Leonardo! Muito interessantes suas reflexões, inclusive sua resposta de cinco anos atrás. No meu caso é a primeira vez que vejo alguém tentar ironizar o tamanho de um artigo. Algo fálico-edipiano relativo a comparação de tamanhos?
        Acho que tocou bastante a referência ao título de doutor, pois em um artigo tão grande foi sobretudo o que você falou. Mas acho que você ficou com preguiça e não leu tudo que escrevi, pelo tamanho. Disse que não me importo com o modo de tratamento como doutor. É algo popular, usado em vários lugares e um uso antigo. Você está bem informado quanto ao uso na Universidade de Bologna, mas sua informação é parcial. A palavra “doutor” advém de “docere”, ou seja, aquele que ensina. No caso da universidade referida, poderia conseguir o título de doutor aquele que obtivesse as “lentes”, em outras palavras, o direito de ensinar. Grosso modo, seria o equivalente a um livre-docente atualmente. Ou seja, para os que tivessem. Ou seja, aquele que estudasse medicina, mesmo antes antes dos cursos de pós-graduação, lá em 1150,conseguiria o “grao” de doutor caso conseguisse as lentes, indo além do seu bacharelado.
        Para ficar claro, não tenho me frustrado apenas com médicos, mas com várias profissões cujos profissionais, por uma questão de status, faltam com a ética. Digo que sou mestre em direito e estou finalizando meu mestrado em engenharia nuclear. Ainda hoje advogo e vejo meus colegas advogados (que também não são doutores) com posturas cada vez menos recomendáveis. Concordo com o senhor. O comportamento varia de ser humano para ser humano, mas em determinados segmentos sociais – como o dos advogados, dos médicos, entre outros -, sempre existe um padrão bastante recorrente.
        Pela minha nova prolixidade, espero que você não se sinta ofendido, afinal isso é dos sábios, não é? Apenas abro uma discussão, afinal ainda acredito que isso seja o caminho do conhecimento. Obrigado pela sua tentativa de debater comigo!

        Responder
        1. wadson henriques

          Olá Ricardo. Vc tem um blog. Pois escreve muito bem.
          E parece gozar de uma racionalidade digna de um filósofo.
          Gostaria de ler mais coisas que vc escreve. Vc está Engenharia Nuclear por isso gostaria de expor alguns fatos interessantes que
          abrangem de certo modo toda a ciência e saber qual será sua postura.

          Responder
  13. Tiago C. Silva

    Sou ditador de bioimagem. E sofro com relatorio medico. Minha sugestao é que seja ditado pelo medico e digtado por mim. Assim nao teria como ter erro ou mal entendido.

    Responder
  14. James

    Engenheiros fazem caligrafia técnica, escrevem com letra de forma, desconheço engenheiro que escreva ilegível em projetos, isso inclusive é contra normas da ABNT que são seguidas a risca em desenhos e documentos técnicos. Ao meu ver raramente passei por médicos com letras legíveis, quem dirá letra bonita, não acho que seja algo que veio antes da faculdade, mas algo difundido nela. Não é possível um padrão seguido que não foi repassado no mínimo por alguns professores ou profissionais. É algo extremamente ridículo pois se um medicamento não é para ser lido em um receituário, então que se crie códigos, ou sistemas próprios mas o que se criou até hoje foram idiomas indecifráveis que possivelmente já colocaram em risco vidas humanas, bem como uma substimação do ser que está do outo lado. Sou engenheiro, tenho bom senso e informação, mas em muitos consultórios fui tratado como um ignorante, analfabeto, como se não soubesse nem o que estava fazendo naquele local. Alguns médicos tratam seus pacientes como bichinhos ignorantes, muitas vezes nem o nome do medicamento explicam, claro que não são todos, mas por onde passei, em hospitais e clinicas de renome não foi diferente. O médico tem que ser humanizado, nas faculdades devem ensinar que lidam com pessoas e tem de ter repeito, como o amigo Andre Bressan disse: RESPONSABILIDADE MÉDICA. Por falar nisso estou com uma guia de parto para minha esposa aqui em mãos que o simples nome dela não condiz com nenhuma letra que conheço do alfabeto…

    Responder
  15. marleide

    No meu pensar,seria para que as outras pesspuas nao fiolacem as reseita .por que se nao qualqer um poderia chegar co m uma reseita na. farmacia e comprar. Um remedio sem uma orientacao do proficional….

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  16. pitercrow

    Os médicos tem uma característica para escrever, imagine você com uma receita magistralmente bem escrita? Ficaria fácil de fraudar e comprar remédio não? Bem foi isso que ouvi de um Dr em medicina.

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  17. João Emerick

    Eu não concordo que seja só 20% que tem a letra ilegível. Só se eu dei muito azar, mas para mim, só 20% tem a letra legível. Bonita então acho que não encontrei nenhuma!

    Responder
  18. João Emerick

    Esqueci-me de dizer: Foi por procurar uma resposta para esta questão que encontrei esse site. E o Google está cheio dessa pergunta. Vou verificar se em outros países tem também esta questão.

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  19. Silvana Marchuschi

    Leonardo, primeiramente parabenizo pela iniciativa. Sou estudante de medicina e estava fazendo uma pesquisa sobre a visão das pessoas a respeito de minha futura profissão. Porém, infelizmente, tenho que concordar com tudo que o Ricardo Amaro disse nas duas postagens que fez (e francamente não concordei muito com seus argumentos na resposta que deu. Na realidade, você nem chegou a argumentar, né?). O que me incomoda nessa profissão que pretendo exercer não é ela em si, mas o fato de que há tanta gente arrogante, gananciosa, incompetente, corporativista. Sei que não são todos, ou não estaria fazendo o curso. Mas há muita gente assim, muito mais que em outras profissões. E não aguento mais médicos reclamando que ganham pouco (isso falando que ganham 20 mil por mês! É uma vergonha essa reclamação em um país como o nosso). E essa coisa de querer ter o título de doutor… pelo amor de Deus, né? Não somos, não temos o TÍTULO de doutorado, apesar de isso aparecer nos diplomas de medicina… Enfim, parabenizo pelas suas postagens, pois acho de uma atenção que nossos colegas não vem tendo. Mas infelizmente fico cada vez mais desgostosa com esses que serão meus companheiros de trabalho. Só quero poder fazer a diferença. Ah, e parabenizo também ao Ricardo, pelos excelentes apontamentos.

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  20. rogerio villela

    Não concordo com isso. Parece que só o médico trabalha muito ou somente eles têm pressa. Todo mundo pode trabalhar muito ou ter pressa. O problema é que deveriam ter letra boa pois fazem prescrições que podem induzir ao erro (muito perigoso). Acho que se criou essa cultura entre eles e a maioria vai seguindo sem ao menos saber o porquê.

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  21. Robson

    Nunca vi tanta verdade quanto as que o Ricardo Amaro falou. Fora que que argumentinho ordinário esse de tentar justificar negligência no trabalho com excesso de trabalho, hein? Tenha dó. Uma das profissões com salários mais altos vir falar isso. Vá bater uma laje e depois volta pra discutir condição de trabalho.

    Responder

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