Arquivo mensais:janeiro 2011

Pílula anticoncepcional não engorda

Grande parte das mulheres (e dos médicos em geral) acredita que os anticoncepcionais engordam. Esse é um fenômeno que acontece no mundo inteiro, e que ainda por cima é uma causa importante de interrupção do uso do método contraceptivo.

Pílulas anticoncepcionais

Pesquisadores da Cochrane Collaboration revisaram os estudos clínicos que abordaram a questão, e descobriram que apenas três estudos compararam o anticoncepcional com o placebo. Em todos os três estudos, o ganho de peso das mulheres que usaram a pílula ou adesivo foi igual ao ganho de peso das que usaram o placebo.

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Criança com febre? Pode ser dengue.

Resolvi fugir um pouco da rotina, e enviei o artigo de hoje para um portal chamado Banco de Saúde. Fique tranquilo, pois vou continuar a escrever no Doutor Leonardo; publicar no Banco de Saúde é uma forma de atrair cada vez mais leitores para cá. E os leitores do Doutor Leonardo não vão perder coisa alguma, pois eu publicarei aqui um link para cada artigo que eu envie para o Banco de Saúde.

No caso, o artigo de hoje é sobre o diagnóstico de dengue em crianças:

Febre é um dos principais motivos para se levar uma criança ao pronto-socorro. Muitas vezes o diagnóstico é simplesmente “virose”, o que significa dar medicamentos para aliviar os sintomas e aguardar que o sistema imune resolva a infecção. Acontece que muitas desses viroses são, na verdade, dengue, o que exige dos pais alguns cuidados para evitar o pior. […]

Cada caso é um caso, mas de uma forma geral você deve fazer o seguinte: […]

Como funciona a efetivação do agente comunitário de saúde

Um leitor me perguntou:

De que forma se dá o processo de efetivação do ACS por parte do município? Um ACS passou por um processo seletivo público em 2002, quando o município ainda não realizava concurso publico para ACS. Esse ACS deve entrar com pedido de efetivação, ou o município é obrigado a efetivá-lo? Há uma lei que nos ampare neste sentido?

Prezado Samuel, o trabalho do agente comunitário de saúde é regido principalmente pela Emenda Constitucional nº 51, pela Lei Federal nº 11.350, e pela Emenda Constitucional nº 63. A sua dúvida é respondida pelo parágrafo único do 2º artigo da EC 51:

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Ministro da Saúde inaugura Clínica de Saúde da Família

Conforme noticiado pelo Ministério da Saúde:

Jardim de inverno da Clínica da Família David Capistrano Filho.

Em seu primeiro compromisso oficial fora do gabinete em Brasília, o novo Ministro da Saúde, Alexandre Padilha, prestigiou a inauguração da primeira Clínica de Saúde da Família do governo Dilma Roussef, na última sexta-feira, 07 de janeiro, em Campo Grande, Zona Oeste do Rio de Janeiro.

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Como a expectativa de vida evoluiu em 200 anos

Doutor Hans Rosling é estatístico e médico, e tem um programa de televisão onde apresenta a estatística de forma divertida. 200 países, 200 anos, 4 minutos é um vídeo em que o professor mostra como a saúde está ligada à economia, e como os países evoluíram nesses aspectos ao longo de 2 séculos.

O vídeo está em inglês e não tem legendas. Se quiser, preferir, leia as anotações a seguir antes de assistir ao vídeo.

  • Cada bola representa um país. Quanto maior a bola, maior a população. Quanto mais para cima, maior a expectativa de vida ao nascer. Quanto mais para a direita, maior a renda média da população. A cor indica o continente.
  • Em 1810 todos os países eram pobres e doentes. Apenas dois países tinham um expectativa de vida maior que 40 anos: Reino Unido e Holanda.
  • Ao longo do século 19 a revolução industrial melhorou em muito a renda em alguns países, principalmente na Europa. A expectativa de vida acompanhou. No resto do mundo, por outro lado, a situação continuou a mesma.
  • Os efeitos da 1ª Guerra Mundial, da Gripe Espanhola, da Crise de 1929, e da 2ª Guerra Mundial são marcantes.
  • Em 1948 a diferença entre os países atingiu seu máximo. O Brasil, que começou a melhorar em 1913, tinha superado a maioria dos países asiáticos e africanos, mas ainda estava pior que a maioria dos europeus.
  • As colônias europeias na África e na Ásia ganharam independência, e começaram a melhorar, tanto na economia quanto principalmente na expectativa de vida. O Brasil mudou para a parte mais rica e saudável do gráfico, mas continua não sendo exatamente um expoente.
  • Mesmo com a melhora geral, em 2009 ainda existiam grandes discrepâncias entre os países — e entre os países. A China, por exemplo, tem uma renda média e um nível de saúde semelhante ao Brasil, mas sua província Xangai tem condições mais semelhantes à Itália, enquanto outra província, Guizhou, está mais próxima do Paquistão.
  • A tendência para o futuro é de melhora, e com as novas tecnologias é possível que todos os países se tornem ricos e sadios.

E finalmente, o vídeo:

Muitas pessoas no Brasil têm a impressão de que o mundo está piorando. De fato, a violência no Brasil se tornou um problema seríssimo nas ultimas décadas. Mas, quando eu penso no aumento da expectativa de vida e nas condições de vida, fica muito mais fácil aceitar que as coisas estão melhorando, sim.

Por que médico tem letra feia?

A (falta de) caligrafia dos médicos é motivo frequente de comentários, tanto de pacientes quanto de outros profissionais. Alguns médicos não são sequer capazes de entender o que eles mesmos escreveram! Volta e meia algum paciente me pergunta por que médico tem letra feia, e por isso pensei em dividir com você, leitor do Doutor Leonardo, minha opinião sobre o assunto.

Visão próxima de um trecho da letra da canção Ágætis byrjun, da banda Sigur Rós, escrita com o punho do próprio fotógrafo.

Para começar, a letra de um médico não se parece em nada com a letra de outro. Apesar de um ou outro comentário maldoso, caligrafia ruim não faz parte do currículo de qualquer faculdade de Medicina. Além disso, de acordo com Marília Cristina Milano Campos, secretária geral do CRM do Paraná, 80% dos médicos têm letra legível. Mas meu argumento favorito é o do médico Paulo Pereira: Quem já viu letra de engenheiro, de advogado, de contabilista, etc? Só escreve bonito aquele professor de ensino fundamental e médio, que passa a matéria em conta-gotas para seus alunos.

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Você sabe beber com moderação?

A maioria das pessoas no Brasil acredita que beber cerveja socialmente não faz mal à saúde. De fato, é possível beber cerveja socialmente sem haver muito risco à saúde, mas essa também é a forma mais comum das pessoas fazerem uso nocivo de álcool.

Homem bêbado dormindo sobre a neve, sob o olhar censurador de um policial

Cartão postal alemão de 1912.

No ano passado a Revista Brasileira de Psiquiatria publicou um resumo (em inglês) do 1º Levantamento Nacional sobre os Padrões de Consumo de Álcool na População Brasileira. A pesquisa (em português), conduzida por pesquisadores da Unifesp, constatou que 9% dos brasileiros maiores de 18 anos de idade são dependentes do álcool (alcoólatras, como se diz). Mas o estrago é muito maior que isso: 25% dos entrevistados relataram ter tido um ou mais problemas decorrentes do excesso de bebida alcoólica nos últimos 12 meses.

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