Ontem Saraiva Felipe (PMDB-MG) e outros deputados federais da Comissão de Seguridade Social e Família anunciaram que foi firmado um acordo com o governo para viabilizar a regulamentação da Emenda Constitucional nº 29. De acordo com o grupo, o governo teria concordado em abrir mão da Contribuição Social para a Saúde, o tributo que substituiria a CPMF. (Fonte: Agência Câmara de Notícias.)
Arquivo mensais:abril 2011
Beber com moderação está associado a menor risco de infarto
Não existem dúvidas de que o uso moderado do álcool, em comparação ao uso excessivo, diminui o risco de infarto agudo do miocárdio e vários outros problemas de saúde. O problema está na comparação entre o uso moderado e a abstinência, ou seja, entre beber pouco e não beber. Há algumas décadas vários estudos têm mostrado que as pessoas que consomem bebidas alcoólicas (não apenas vinho) com moderação têm menor risco de infarto que as pessoas abstinentes, ou seja, que não bebem nem um pouco. Mas… será que deveríamos recomendar a estas pessoas que bebam pelo menos um pouco? Dois estudos publicados dia 22 de fevereiro no British Medical Journal resumem o progresso da ciência no sentido de responder a essa questão.
O primeiro artigo resumiu os estudos que observaram ao longo do tempo o efeito do álcool sobre a saúde do aparelho circulatório. Foram 84 estudos, e acompanharam ao todo mais de 3 milhões de pessoas, ao longo de 2,5 a 35 anos, nos EUA, Canadá, vários países da Europa, Austrália, Nova Zelândia, Japão e China. Essa revisão da literatura científica comprovou que o uso moderado do álcool, em relação ao não uso, está associado a:
Dicas de leitura: exame de colesterol, licença para comer ovo
O blog Medicina de Família publicou recentemente dois artigos que certamente interessarão a boa parte dos leitores do Doutor Leonardo:
- Omelete sem culpa — Um estudo com dados do terceiro National Health and Nutrition Examination Survey não encontrou relação entre o consumo de ovos e o risco de morte por doença isquêmica do miocárdio (infarto e seus amigos) ou doença isquêmica cerebral (AVC).
- Dosagem seriada de colesterol: há indicação? — Esse artigo fui eu quem escreveu, mas pedi a eles que publicassem porque é voltado para médicos. (Prefiro publicar aqui material que também seja interessante para as pessoas em geral.) Em resumo, dois estudos realizados em contextos diferentes mostraram que a variabilidade dia-a-dia do colesterol é tão grande que, se solicitarmos o exame em intervalos menores que 3 anos, a maior parte da variação de um exame para o outro terá sido por imprecisão, e não por mudanças verdadeiras no metabolismo do colesterol.
Queijo não afeta remédio de pressão
Ontem um jornal do Espírito Santo publicou uma matéria sobre a interferência dos alimentos na eficácia, na segurança e nos efeitos colaterais de alguns medicamentos. É bom que o jornal tenha dado destaque a um tema tão importante, mas a matéria parece ter saído com um erro que está deixando algumas pessoas assustadas. De acordo com o jornal, um gastroenterologista do estado teria dito que consumir queijo com remédios de pressão causaria efeitos colaterais graves, inclusive reação alérgica.
De fato, os queijos (especialmente curados) são ricos em tiramina, uma sustância perigosa para quem toma medicamentos do grupo dos inibidores da monoaminoxidase — iMAO para os íntimos. Os efeitos desta interação medicamentosa vão desde dor de cabeça até crise hipertensiva, sangramento intracraniano e morte. Acontece que os iMAO não são usados para diminuir a pressão arterial — eles são usados para tratar a depressão. Além disso, por causa desse risco, hoje em dia os iMAO são muito pouco usados. Os antidepressivos mais prescritos hoje são os inibidores seletivos da recaptação da serotonina e os tricíclicos; até mesmo os atípicos são mais usados que os iMAO.
O queijo é até bom para controlar a pressão arterial, se for desnatado e tiver pouco sal. Portanto, se o seu médico até hoje não lhe proibiu de comer queijo, não deve haver com o que se preocupar!
Conjuntivite: sintomas, e quando procurar o médico
A conjuntivite viral aparece 4 a 7 dias depois do contato com uma pessoa ou objeto contaminado. (A conjuntivite é uma doença muito contagiosa, mas não é transmitida nem pelo vento, nem por olhar, apesar do que dizem por aí.) Começa só em um olho, e depois de uns 3 dias o outro também é afetado. A pior fase dura 7 dias (às vezes, até 10), mas algumas pessoas podem ficar com os olhos vermelhos por até 3 semanas.
A principal manifestação da conjuntivite viral é a vermelhidão do olho, especialmente na região mais afastada da íris (que é a parte da cor do olho). A pessoa também sente ardência, prurido (coceira) ou sensação de areia no olho, mas a dor é pouca ou nenhuma. A secreção do olho (remela) aumenta, e a pessoa pode acordar com um ou ambos olhos grudados. Às vezes a visão pode ficar embaçada, mas é só piscar para ela voltar ao normal. Algumas pessoas sentem ainda sintomas sugestivos de gripe, como congestão nasal, coriza, dor de garganta, dor de cabeça, dor muscular e febre.
É melhor consultar sempre o mesmo médico
A sabedoria popular diz que cachorro com muito dono morre de fome
, e na saúde também é assim. Uma das características mais importantes da medicina de família e comunidade é a continuidade da relação entre a pessoa e seu médico. O fato de uma pessoa ser atendida quase sempre pelo mesmo profissional (em vez de procurar um médico diferente para cada problema), e ainda o fato de uma pessoa ser atendida pelo mesmo médico ao longo de vários anos, são fundamentais para garantir a saúde da pessoa.
Dois artigos científicos de revisão sistemática, publicados respectivamente nas revistas Family Practice e The Journal of Family Practice, conferiram até onde isso é verdade, e quais são realmente os resultados práticos da continuidade da relação entre a pessoa e seu médico. Em resumo, foram comprovados vários benefícios, tanto para a pessoa quanto para o sistema de sáude como um todo, e nenhum estudo encontrou evidências consistentes de qualquer prejuízo causado por essa continuidade.
Plantas medicinais também podem fazer mal à saúde
Há quem acredite que o que é natural não faz mal, mas a verdade é bem mais complicada que isso. Por isso, trago a vocês um texto muito interessante sobre o assunto, escrito pelo farmacêutico bioquímico e médico Otávio Silva, que aliás é leitor do Doutor Leonardo. Otávio Silva trabalha no Programa de Apoio à Saúde Comunitária para Assentamentos Rurais (PASCAR) em Água Boa (MG).
Antes de ser médico, me formei em Farmácia, pela UFRJ em 1996 e me apaixonei pelas plantas medicinais quando conheci a ESF (que tornou-se posteriormente uma nova paixão). Trabalhei em vários projetos comunitários de Farmácias Vivas, no Rio de Janeiro e em Minas Gerais, fiz estágio com o Prof. Matos da UFCE, o criador do conceito “Farmácia Viva” e na Aracruz Celulose em Venâncio Aires (o projeto mais “rico” e bem equipado que já ouvi falar). Trabalhei manipulando plantas medicinais em farmácias de manipulação e no laboratório de controle de qualidade de fitoterápicos da Fundação Bio-Rio (incub Continue lendo