Arquivo mensais:agosto 2011

Espanha confirma eficácia dos genéricos

Este ano o Boletín Terapéutico Extremeño se propôs a verificar se os medicamentos genéricos são realmente eficazes. O periódico, editado pelo governo da região espanhola da Extremadura, revisou as pesquisas realizadas até hoje sobre o assunto, e chegou à seguinte conclusão:

Embalagem de medicamento genérico.

Os estudos clínicos aleatorizados (ECA) e as meta-análises de ECAs não encontraram diferenças […] nos resultados clínicos entre os medicamentos de marca e seus genéricos. Esta evidência é de qualidade moderada e não confirma aquela que aponta no sentido contrário, obtida de estudos observacionais retrospectivos com registros de base populacional, que têm qualidade de evidência baixa (nos pareados) e muito baixa (nos não pareados).

As pesquisas revisadas incluíram principalmente (mas não apenas) medicamentos para o sistema circulatório e o sistema nervoso central. Grande parte dos medicamentos estudados seriam muito sensíveis a eventuais diferenças entre genéricos e originais. Alguns desses medicamentos precisam de ajustes finos de dosagem, e outros têm a dosagem tóxica próxima daquela usada no tratamento.

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Mães inteligentes amamentam os seus filhos

Há mais de 80 anos se sabe que os bebês que recebem aleitamento materno se tornam crianças mais inteligentes. Mas as mães que amamentam seus filhos são mais inteligentes, em média, do que as não amamentam, e a inteligência é em grande parte hereditária. Será, então, que o aleitamento materno aumenta a inteligência das crianças?

Mulher amamentando seu filho.

Pesquisadores escoceses fizeram um estudo completo sobre o assunto. Primeiro, cruzaram informações sobre as mães com informações sobre as crianças; a partir daí, fizeram tanto uma análise hierarquizada quanto uma comparação entre irmãos amamentados e não amamentados. Por fim analisaram em conjunto as pesquisas anteriores sobre o assunto e compararam o resultado dessa análise com os próprios resultados.

O artigo, publicado British Medical Journal, concluiu que o aparente efeito benéfico do aleitamento materno sobre a inteligência infantil é melhor atribuído ao ambiente da criança e, principalmente, à inteligência da mãe.

Os estudos prévios mostravam um aparente benefício da amamentação para a inteligência das crianças. O resultado variava consideravelmente de um estudo para o outro, com os estudos mais refinados encontrando menos associação entre aleitamento materno e inteligência infantil. Por fim, houve evidência de viés de publicação, ou seja, parece que os estudos que encontraram a associação tinham maiores chances de ser publicados.

Essa pesquisa mais recente não invalida a importância do aleitamento materno para o desenvolvimento dos bebês. Os próprios autores enfatizam que todas as pesquisas revisadas, além da deles, foram realizadas em países desenvolvidos, de forma que as conclusões não podem ser automaticamente estendidas aos países menos desenvolvidos. Além disso, o aleitamento materno tem vários outros benefícios (inclusive para as mães!), que não foram abordados no artigo.

De qualquer forma, ficou provado que amamentar os filhos é um sinal de inteligência.

A tuberculose no Brasil, em números

Ano passado escrevi um artigo sobre a evolução dos sintomas da tuberculose, sem citar números. Acontece que manter-me atualizado e escrever neste blog são coisas que andam de mãos dadas, de forma que resolvi escrever um novo artigo sobre o assunto, desta vez esclarecendo a dimensão do problema.

Colônias do bacilo de Koch vistas de perto.

O Brasil é um dos 22 países que detêm 80% da tuberculose do mundo. Em 2010, 71 mil pessoas desenvolveram a doença no país; quase 5 mil morreram. Isso porque hoje em dia já existe um tratamento eficaz e gratuito; antigamente a mortalidade era de 70%.

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Quando fazer o exame preventivo de câncer de colo de útero

O Instituto Nacional de Câncer (Inca) publicou a versão 2011 de suas Diretrizes Brasileiras para o Rastreamento do Câncer do Colo de Útero. Acredito que as recomendações serão novidade para a maioria dos leitores, então reuni as informações mais importantes sobre quando começar e parar de fazer exames para a prevenção e detecção precoce do câncer de colo uterino:

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Revista da especialidade é reconhecida internacionalmente

Notícia rápida: a Revista Brasileira de Medicina de Família e Comunidade, criada em 2004, foi incluída no Latindex, que é um sistema de informação sobre as revistas de investigação científica, técnico-profissional e de divulgação científica e cultural editadas nos países da América Latina, Caribe, Espanha e Portugal. De acordo com a página da revista no Latindex, a RBMFC cumpriu todos os 36 quesitos avaliados.

Capa da última edição da revista.

A revista ainda não foi incluída no Lilacs ou no PubMed, que são os índices mais utilizados no Brasil. O maior obstáculo tem sido a falta de periodicidade, causada pela facilidade de médicos de família e comunidade publicarem suas pesquisas em revistas científicas mais reconhecidas. Felizmente, a RBMFC recebeu uma série de melhorias, que deverão torná-la mais atraente para os pesquisadores, e em breve essa deficiência de indexação deverá ser superada.

Todos os médicos serão especialistas

O ministro da saúde, Alexandre Padilha, afirmou em entrevista que em 10 anos haverá vaga de residência médica para todos os médicos recém-formados. A residência médica é considerada a melhor forma de se especializar um médico. Durante os dois ou mais anos de residência médica, o profissional atua numa especialidade sob supervisão de especialistas reconhecidos, além de aprofundar seus estudos na área.

Ministro da saúde, Alexandre Padilha, discursando.

Há muito tempo os estudiosos da educação médica concordam que a faculdade não é o suficiente para formar um médico adequado. O avanço no conhecimento médico, o maior nível de exigência da sociedade e dos próprios médicos, e a ênfase da graduação em apresentar uma grande variedade de conhecimentos, tudo isso contribuiu para que o médico recém-formado saiba um pouco de tudo, mas não seja competente o suficiente em área alguma.

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