Fiquei sensibilizado ao saber que o pediatra Andre Bressan, autor do Blog do Pediatra em Casa, fechou seu consultório particular:
Faleceu nesta última quarta-feira, dia 2 de fevereiro, o consultório do Dr. Andre Bressan. O cadáver foi encontrado no segundo andar do número 155 da Rua Firmino Barbosa, em Santos. Estava respirando com o auxílio de aparelho de ventilação mecânica fazia tempo e as pequenas doses de consultas pagas com convênios médicos não o sustentavam, o que mantinha a desnutrição, e as consultas particulares, sempre muito raras, não lhe estimularam o suficiente a imunidade.
Com a dificuldade cada vez maior de se marcar uma consulta com um pediatra, seria de se esperar que a especialidade se tornasse cada vez mais atraente para os médicos. Na verdade, está acontecendo justamente o contrário, com os pediatras abandonando a profissão (ou pelo menos o consultório particular) dia após dia, e os médicos recém-formados disputando cada vez menos as vagas de residência médica (especialização) em Pediatria.
A maioria dos médicos reclamam dos planos de saúde, mas os pediatras com certeza são os mais prejudicados. Explico: os planos de saúde no Brasil pagam por produção
(como o INAMPS fazia), mas os pediatras não são produtivos
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Estima-se que, apenas para manter o consultório sem prejuízo, um médico precisa atender no mínimo quatro pacientes por hora. Acontece que uma consulta com um pediatra (ou médico de família e comunidade, ou geriatra, ou um clínico geral) demora no mínimo quinze minutos; uma boa consulta de rotina dura uns trinta minutos, e uma consulta de caso novo ocupa facilmente uma hora. Para fins de pagamento, não importa a complexidade da consulta, ou sua resolutividade, ou o tempo que ela toma do profissional, ou a satisfação do paciente. Para os planos de saúde, consulta é tudo a mesma coisa, e o pagamento é sempre igual.
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As filas para atendimento médico são um problema cada vez maior nos planos de saúde. A Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) estuda exigir prazos, e pediu que a população dê sua opinião sobre o assunto. (A consulta pública fica aberta até o dia 04 de março.) Mas como os planos de saúde vão garantir o atendimento a tempo, se não têm controle sobre a agenda dos profissionais? O contrato entre profissionais e planos, quando chega a existir, é que consulta feita é (com sorte) consulta paga.
Os planos de saúde nem informam aos médicos quantos pacientes em potencial existem (por exemplo, quantas crianças para quantos pediatras), então mesmo se o profissional quiser ele não tem como se programar para dar conta da demanda. Se ele quiser. Como os planos de saúde não têm compromisso quase algum com os médicos, eles também não costumam ter muito compromisso com os planos de saúde.
Os planos de saúde trabalham com um orçamento bem mais folgado que a saúde pública, e por isso as coisas de uma forma geral estão mais fáceis. Mas os pacientes, os profissionais e mesmo os planos de saúde reclamam de dificuldades financeiras. Essa parece ser uma boa hora para os planos de saúde deixarem de ser planos de doença
… Leonardo Savassi, médico de família e comunidade e pediatra, pegou o gancho da consulta pública da ANS e escreveu sobre a crise da saúde suplementar brasileira.
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Semana passada divulguei que a ampla maioria das pessoas atendidas pela Saúde da Família avaliam o serviço como bom ou ótimo. Outros serviços do SUS também foram avaliados. O relatório do IPEA abordou ainda a saúde suplementar, mas não perguntou aos entrevistados se eles aprovavam ou não seus planos de saúde. É uma pena, pois estou curioso para ver como seria uma comparação direta entre a satisfação do usuário do SUS com a do usuário dos planos de saúde.
Atualização: Durante o dia 7 de abril os médicos não vão mais atender pelos planos de saúde. Confira o informe da Federação Nacional dos Médicos.