Ontem um jornal do Espírito Santo publicou uma matéria sobre a interferência dos alimentos na eficácia, na segurança e nos efeitos colaterais de alguns medicamentos. É bom que o jornal tenha dado destaque a um tema tão importante, mas a matéria parece ter saído com um erro que está deixando algumas pessoas assustadas. De acordo com o jornal, um gastroenterologista do estado teria dito que consumir queijo com remédios de pressão causaria efeitos colaterais graves, inclusive reação alérgica.
De fato, os queijos (especialmente curados) são ricos em tiramina, uma sustância perigosa para quem toma medicamentos do grupo dos inibidores da monoaminoxidase — iMAO para os íntimos. Os efeitos desta interação medicamentosa vão desde dor de cabeça até crise hipertensiva, sangramento intracraniano e morte. Acontece que os iMAO não são usados para diminuir a pressão arterial — eles são usados para tratar a depressão. Além disso, por causa desse risco, hoje em dia os iMAO são muito pouco usados. Os antidepressivos mais prescritos hoje são os inibidores seletivos da recaptação da serotonina e os tricíclicos; até mesmo os atípicos são mais usados que os iMAO.
O queijo é até bom para controlar a pressão arterial, se for desnatado e tiver pouco sal. Portanto, se o seu médico até hoje não lhe proibiu de comer queijo, não deve haver com o que se preocupar!