Maconha aumenta risco de esquizofrenia

Já se sabe há vários séculos que o uso da maconha pode causar um quadro psicótico transitório. 20% a 50% das pessoas que experimentam a droga têm alucinações, paranoia e ideias de perseguição, que duram desde algumas horas até vários dias. Mas foi só em 1988 que se publicou o primeiro estudo mostrando que a maconha poderia causar um transtorno psicótico que dura para toda a vida: a esquizofrenia. Desde então o assunto já gerou muita controvérsia no meio científico, mas a maioria dos usuários de maconha continua simplesmente desconhecendo o risco.

Plantação de cânhamo industrial, pela fibra e pelo grão, na França

Em 2004 um grupo de 4 pesquisadores do Reino Unido publicou no British Journal of Psychiatry uma análise crítica da literatura científica, e concluíram que as pessoas que fumam maconha têm um risco 2,34 vezes maior de desenvolver esquizofrenia, mesmo após descontar a influência de uma série de fatores individuais e sociais.

A maioria das pessoas que desenvolve esquizofrenia nunca fumou maconha, e a grande maioria das pessoas que fuma maconha nunca vai desenvolver esquizofrenia. Tudo indica que a maconha seja parte de um grupo de fatores de risco que interagem entre si para determinar o risco de esquizofrenia. Em nível de população, estima-se que 8% dos casos de esquizofrenia poderiam ser evitados se ninguém fumasse maconha.

O risco é ainda maior para as pessoas que começam a fumar maconha mais cedo, ou que fumam em maiores quantidades. Além disso, pesquisas recentes têm identificado genes que parecem intermediar a relação entre maconha e esquizofrenia. Mesmo assim, nenhuma pesquisa até hoje identificou um grupo de pessoas em que o uso de maconha não aumentasse o risco de esquizofrenia.

Ou seja: nem tudo o que é verde faz bem para a saúde!

7 pensou em “Maconha aumenta risco de esquizofrenia

  1. Vladimir Melo

    Seria bom que fossem realizados outros estudos sobre o tema, pois existe um desencontro de informações a respeito dos prejuízos causados pela maconha. Ainda são muitos os ativistas e cientistas que contestam isso.

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    1. Leonardo Fontenelle Autor do post

      Bom dia, Vladimir, obrigado pela visita!

      Esse ainda é um assunto um pouco controverso, mesmo, mas para ser sincero não consegui encontrar nenhum estudo com evidências de que a maconha não seja uma causa para a esquizofrenia.

      Partindo do suposto que a esquizofrenia seja uma consequência de problemas no desenvolvimento do sistema nervoso central, não haveria como a maconha ser anterior à esquizofrenia. Por outro lado, mesmo que a teoria neurodesenvolvimentista da esquizofrenia seja confirmada, é bem possível que a maconha agrave o curso da esquizofrenia fazendo com que pessoas com um problema subclínico se manifeste abertamente.

      A Revista Brasileira de Psiquiatria publicou em 2010 um suplemento explorando as várias interfaces da relação entre a maconha e a saúde mental; um dos artigos complementa as evidências apresentadas acima: Efeitos comportamentais, cognitivos e psicofisiológicos dos canabinoides: relevância para a psicose e a esquizofrenia. Ficaria informação demais para eu relatar no meu artigo, mas a leitura é interessantíssima.

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  2. Pingback: Os 10 maiores fatores de risco para a nossa saúde | Doutor Leonardo

  3. Mateus Santana Lopes

    Você médico ainda não achou nenhuma pesquisa que prova que maconha não causa esquizofrenia? Brother, eu tenho.
    Mas ainda, você não leu nenhum livro sobre esquizofrenia? Nunca leu nenhuma pesquisa afirmando que entre 60 a 85% dos casos de esquizofrenia são hereditários? Pelo amor de Deus em.

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      1. Leonardo Fontenelle Autor do post

        Não, Mateus. Todas as pesquisas que encontrei indicaram esse aumento no risco. E, com uma série de pesquisas indicando que a maconha aumenta o risco, não vai ser uma única pesquisa que vai mudar essa conclusão, a não ser que ela utilize métodos muito mais confiáveis.

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    1. Leonardo Fontenelle Autor do post

      Mateus, fiquei com a impressão de que você acredita conhecer mais do que eu sobre o assunto. Sugiro então que você leia o artigo científico que eu citei, para então poder discuti-lo ponto a ponto. Espero que, durante a leitura, você perceba enfim que seus argumentos são completamente compatíveis com as conclusões que mencionei.

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