Com a publicação de uma portaria do Ministério da Saúde sobre a organização do SUS para lidar melhor com as doenças crônicas não transmissíveis (como hipertensão, diabetes, cânceres, asma e enfisema), o assunto virou destaque na última edição do Jornal Saúde da Família, que é o periódico jornalístico (não científico) da Sociedade Brasileira de Medicina de Família e Comunidade.
A portaria organiza o SUS em redes de atenção à saúde, de forma que a sua hierarquização deixa de ser configurada em pirâmide. A vantagem dessa maior horizontalidade da relação entre os serviços é que isso facilita o cuidado compartilhado dos problemas de saúde. Em outros termos, quando uma pessoa é encaminhada para outro serviço, ela não deixa de ser acompanhada em sua unidade básica de saúde. Costuma-se dizer que, numa rede de atenção à saúde, o serviço de atenção primária à saúde da pessoa “ordena” o uso dos outros serviços por ela.
O discurso das redes de atenção à saúde não é novo, mas nos últimos anos elas vêm sendo incorporadas à legislação e, de uma forma mais explícitas, nas negociações entre o Ministério da Saúde, as secretarias estaduais, e as secretarias municipais. A Rede Cegonha, por exemplo, é a rede de atenção à saúde materno-infantil.
Todo o mundo sabe que brasileiro é melhor para fazer lei do que para botá-la em prática. Espera-se que a publicação da portaria ministerial ajude a preparar melhor o SUS para diminuir o fardo das doenças crônicas na nossa sociedade, mas para chegarmos lá vai ser necessário muito mais do que uma canetada.
Essa edição do Jornal Saúde da Família citou um artigo que publiquei aqui no blog Doutor Leonardo, sobre o papel do médico de família e comunidade na abordagem das doenças crônicas não transmissíveis. Mesmo assim, não seria falsa modéstia dizer que esse é apenas um detalhe na matéria. Recomendo a leitura dessa edição do jornal a todos que tenham interesse na organização do SUS!