Em seguimento a uma consulta pública lançada no início do ano, a Anvisa publicou uma resolução que autoriza a venda de medicamentos similares quando a pessoa tiver uma receita com o nome do medicamento de referência ou genérico, a partir do dia 1º de janeiro de 2015.
Os medicamentos genéricos precisam passar por exames de bioequivalência, ou seja, precisam mostrar que são iguais aos medicamentos de referência, para poderem ser vendidos como genéricos. Por isso, eu dizia que os medicamentos genéricos eram melhores do que os similares.
Isso perdeu o sentido quando os medicamentos similares também começaram a precisar apresentar estudos de bioequivalência. No início de 2015, todos os medicamentos similares já terão concluído essa etapa.
Em janeiro deste ano, divulguei uma consulta pública lançada pela Anvisa sobre a proposta de tornar os medicamentos equivalentes intercambiáveis, ou seja, poderem ser comprados com a prescrição de genéricos ou de referência. Depois de alguns meses de discussão com a sociedade, como se deve fazer, a resolução foi aprovada, com uma ou outra modificação.
Perdoem-me por não ter guardado a referência, mas antes da resolução ter sido efetivamente publicada divulgou-se que a Anvisa teria acatado uma modificação proposta pela indústria farmacêutica. As embalagens dos medicamentos similares não vão trazer as letras “EQ”, de equivalência (que lembrariam a letra “G”, dos genéricos). Em vez disso, a condição de equivalente será divulgada apenas na bula do medicamento e no site da Anvisa.
Os mesmos laboratórios farmacêuticos produzem medicamentos genéricos e similares. Como ambos têm ação comprovadamente equivalente à dos medicamentos de referência, a diferença fica só nas aparências. Como as embalagens dos medicamentos similares não vão ficar parecidas com as dos genéricos, as pessoas que não confiam em medicamentos genéricos vão continuar a comprar medicamentos similares, acreditando serem medicamentos melhores.
Na verdade, os medicamentos similares eram menos confiáveis, e agora é que estão ficando tão confiáveis confiáveis quanto os genéricos.
Minha curiosidade agora é saber o que é que as farmácias vão fazer: diminuir o preço dos genéricos, graças à concorrência, ou aumentar o preço dos similares, devido a um aumento da procura. Talvez nenhum dos dois, pelo menos na maioria dos casos, já que no Brasil se compra quase qualquer remédio sem receita.