Fiquei feliz em saber que, no dia 22 de abril de 2015, o prontuário eletrônico do município de Vitória (Rede Bem Estar) ganhou o prêmio GovernArte, do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID). Quem não teve o prazer de trabalhar com a Rede Bem Estar pode ler uma descrição desse prontuário eletrônico no site do prêmio GovernArte.
De acordo com o Banco Interamericano de Desenvolvimento, GovernArte é um prêmio para municípios e estados da América Latina e Caribe que desenvolvam iniciativas inovadoras em gestão pública. São quatro categorias: municípios ou estados, em parceria com a sociedade civil ou com a iniciativa privada. Essa exigência de parceria faz mais sentido se nos lembrarmos de que “promover o desenvolvimento através do setor privado” é uma das prioridades declaradas do Banco Interamericano de Desenvolvimento.
Vitória ganhou o prêmio GovernArte na categoria “município em parceria com a iniciativa privada”. Realmente, existe uma participação importante da iniciativa privada na Rede Bem Estar, como se chama o prontuário eletrônico de Vitória. O suporte ao usuário (ou seja, ao funcionário da saúde) é prestado por uma empresa privada, e em geral os computadores são alugados.
Mas o importante é que o prontuário eletrônico é do município de Vitória, e não de um prestador de serviços privado. Ele foi desenvolvido pelo município de Vitória, para atender exatamente às suas próprias necessidades. Quando eu utilizava a Rede Bem Estar, seja enquanto médico da estratégia Saúde da Família de Vitória, seja enquanto professor da EMESCAM, as atualizações do prontuário eletrônico eram muito comuns (geralmente às quintas-feiras). Em geral, eram respostas a relatos de problemas ou solicitações de melhoria, feitos pelos próprios usuários.
Não tenho experiência com outros prontuários eletrônicos, mas tenho um conhecimento de informática considerável (para um profissional de saúde), e os prontuários eletrônicos foram parte de uma disciplina de meu mestrado, então acredito que tenho alguma propriedade para falar do assunto. É muito fácil fazer um prontuário eletrônico ruim. O uso do computador (em oposição ao prontuário de papel) burocratiza bastante o registro do atendimento, e impede o usuário de literalmente folhear o prontuário, que é uma das formas mais eficientes de procurar algo. Para valer a pena, o prontuário eletrônico precisa ser muito bem adaptado ao jeito de trabalhar dos profissionais de saúde que os usam. É justamente isso que o município de Vitória fez, através de uma fase de piloto, seguida de anos de aprimoramento contínuo.
Como qualquer prontuário eletrônico que preste, a Rede Bem Estar ajuda na comunicação entre os serviços municipais de saúde. Em outros termos, permite às equipes de Saúde da Família saber como foi o atendimento de seus pacientes no pronto-atendimento, ou no centro de referência, sem que qualquer profissional precise ter a iniciativa de escrever uma contrarreferência. Além disso, o prontuário eletrônico facilita o acesso tanto aos exames feitos pelo próprio município quanto por prestadores conveniados (estaduais ou privados). Além disso, na minha experiência, a disponibilidade da Rede Bem Estar era ótima: a impossibilidade de utilizar o prontuário eletrônico era muito mais rara do que a impossibilidade de acesso ao prontuário de papel que usávamos antes.
Em resumo, ficam aqui meus parabéns à Subsecretaria de Tecnologia da Informação (da Secretaria da Fazenda) e à Secretaria de Saúde de Vitória pelo prêmio. Vocês merecem.
Atualização: vale a pena mencionar que a Rede Bem Estar foi um dos destaques do prêmio Inoves 2014.
Leo, que legal essa experiência da PMV. Aqui no GDF o sistema ainda precisa melhorar. E no meu consultório privado o prontuário eletrônico é péssimo! Recentemente o abandonei e voltei pro papel!
Bjs
RT @doutorleonardo: Prontuário eletrônico de Vitória ganha prêmio internacional http://t.co/9hPmpZVtkO
Diante tanta coisa ruim acontecendo enfim uma notícias animadora. ganha o estado e ganamos nós com essa facilidade a mais. Parabéns Vitória obrigada Doutor Leonardo por essa notícia.
Dr. Leonardo,
Que boa notícia. Será que a Prefeitura de Vitória não está disposta a vender a tecnologia para outros municípios?
Não sou a melhor pessoa para dizer se isso é possível, em termos técnicos ou legais. A página da Secretaria da Fazenda tem o endereço de e-mail do Subsecretário de Tecnologia da Informação!