O que é mais confiável: você mesmo medir a pressão em casa, ou o médico medir sua pressão no consultório?
Os aparelhos de pressão digitais, que se usa para medir a pressão em casa, precisam ter a calibração verificada com frequência. Além disso, nem todo o mundo sabe como medir a pressão em casa. Mas, quando as pessoas são ensinadas a medir corretamente a pressão em casa, e têm acesso a aparelhos de pressão calibrados, a medida residencial da pressão arterial é mais confiável do que a medida no consultório.
O motivo disso é que a pressão arterial está sempre mudando, de uma hora para outra, de um dia para outro. Por isso, é importante medir a pressão em ocasiões diferentes para saber como ela realmente está. Aí está a vantagem de medir a pressão em casa: a facilidade de medir a pressão em ocasiões diferentes.
No consultório, os médicos devem medir a pressão duas a três vezes num dia e repetir o procedimento mais um ou dois dias para então poder fazer um diagnóstico de hipertensão arterial, e nas consultas de retorno precisam medir a pressão duas vezes. Mesmo que o médico realmente faça isso, ainda é bem menos do que o que a pessoa pode fazer em casa.
Em um estudo, por exemplo, as pessoas mediram a pressão em casa duas vezes (com dois minutos de intervalo) pela manhã e novamente duas vezes à noite, durante sete dias seguidos. O resultado desse estudo foi que a medida residencial da pressão arterial foi melhor do que a medida em consultório em predizer complicações da pressão arterial elevada, como infarto, derrame ou morte por doença cardíaca ou circulatória.
O estudo que acabei de citar está longe de ser verdade. A sétima edição das diretrizes brasileiras de hipertensão reconhece uma série de motivos para se medir a pressão em casa, que podem ser resumidos em conferir se a pressão arterial medida no consultório está correta.
Medir a pressão em casa tem vantagens além de “apenas” traduzir mais fielmente o controle da pressão arterial. Em outro estudo, os pesquisadores conversaram com pessoas diagnosticadas com hipertensão arterial que mediam a pressão arterial em casa. Eles descobriram que medir a pressão em casa aumentava o controle da pessoa sobre a própria saúde: as pessoas conseguiam ajustar seus hábitos para não alterar a pressão, verificar em primeira mão a efetividade dos medicamentos prescritos, participar mais ativamente da consulta médica, sentir-se mais confiante com relação ao controle de sua pressão arterial, e até melhorar a relação com o resto da família.
Os pesquisadores também descobriram problemas com a medida residencial da pressão arterial. Algumas pessoas tinham dificuldade para interpretar valores de pressão inesperados, ou interpretavam de forma incoerente com o conhecimento médico atual. Talvez por isso mesmo, algumas pessoas tomavam suas próprias decisões com relação ao tratamento, sem discutir o assunto com o médico.
Da minha parte, entendo que esses dois problemas sejam facilmente resolvidos: basta a pessoa conversar sobre eles com seu médico ou, em alguns casos, com seu enfermeiro. O critério para uma pressão arterial controlada, por exemplo, é diferente se a pessoa mede a pressão em casa em vez de no consultório.
Além disso, é claro que é possível tomar decisões com as pressões medidas em casa, mas o ideal é a pessoa tomar essas decisões em conjunto com seu médico.