O Brasil tenta há décadas controlar os mosquitos do gênero Aedes, que transmitem os vírus da zika (e dengue, chikungunya), mas o resultado deixa muito a desejar. Por isso, as pessoas têm lançado mão de estratégias individuais, como o uso de repelentes, inclusive os eletrônicos.
Aedes aegypti (CDC-Gathany)
Em tese, os repelentes eletrônicos funcionariam emitindo sons que apenas os mosquitos conseguiriam ouvir. O problema dos repelentes eletrônicos é que, infelizmente, eles não funcionam.
Em 1998, a Revista Cubana de Medicina Tropical publicou um artigo de revisão sobre os repelentes eletrônicos, concluindo que eles não funcionavam. Essa revisão incluiu pesquisas que usaram pelo menos nove aparelhos diferentes, contra pelo menos 16 espécies de mosquitos (não só Aedes), em lugares tão variados quanto o Alasca e a África.
Apesar dos avanços tecnológicos dos últimos 18 anos, a eficácia dos repelentes eletrônicos não parece ter aumentado. Em 2010, o Journal of Vector Ecology publicou um artigo de dois pesquisadores brasileiros, relatando que nenhum dos três repelentes eletrônicos testados conseguia afastar o Aedes aegypti. Os repelentes até conseguiram irritar os mosquitos, mas o resultado foi um aumento na frequência de picadas enquanto os repelentes eletrônicos estavam ligados. Os três repelentes eletrônicos estavam comercialmente disponíveis, ou seja, estavam sendo vendidos no Brasil.
Pessoalmente, já experimentei um repelente eletrônico contra outros insetos, com resultados igualmente desapontadores. Felizmente, os repelentes químicos (sejam eles naturais ou sintéticos) funcionam muito bem contra os mosquitos, desde que aplicados conforme as respectivas orientações.