Arquivo da tag: medicina de família e comunidade

Especialidade médica com foco na atenção primária à saúde, existe no Brasil desde antes da criação do SUS e da estratégia Saúde da Família. No início do blog os artigos sobre a especialidade médica vinham com a tag da Saúde da Família, mas depois os assuntos foram separados.

Ministério da Saúde cria incentivo para especialistas em Medicina de Família e Comunidade

Parece que esse ano o Ministério da Saúde resolveu dar um presente de Natal para os médicos de família e comunidade. Justamente no dia em que publiquei um artigo sobre a diferença entre o médico de família e comunidade e o clínico geral, o Ministério da Saúde publicou uma portaria estabelecendo um incentivo financeiro para os municípios, proporcional ao número de especialistas em Medicina de Família e Comunidade, no valor de R$ 1 mil por mês por especialista.

Cenoura presa a uma vara.

Para que o município receba o incentivo, é necessário que o médico tenha sua especialidade registrada no respectivo Conselho Regional de Medicina (CRM). Não adianta fazer curso de especialização. É necessário ter feito residência médica (que é a melhor forma de especialização na Medicina) ou ter experiência e fazer prova de título de especialista. Para uma pessoa saber se um médico é especialista em alguma área (e registrou isso no CRM), basta acessar o site do Conselho Federal de Medicina, e clicar em Cidadão/Empresa → Busca por médico.

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Clínico geral não é médico de família

Dia 5 de dezembro foi comemorado o Dia Nacional do Médico de Família e Comunidade, por isso resolvi tomar vergonha na cara e escrever um artigo que estou prometendo há muito tempo: qual é a diferença entre o clínico geral e o médico de família e comunidade.

Um médico realiza um exame de rotina em uma paciente em uma clínica médica.

A dúvida vem do fato de que o médico de família e comunidade está muito próximo daquilo que a maioria das pessoas considera um bom clínico geral. O médico de família e comunidade assume o cuidado integral da pessoa, mesmo quando ela tem alguma doença que também precisa dos cuidados de outros especialistas. O médico de família e comunidade pode trabalhar na estratégia Saúde da Família (PSF) do SUS, mas infelizmente a maioria dos médicos em equipes de Saúde da Família não têm especialização em Medicina de Família e Comunidade. Mas a MFC não é um cargo, é uma especialidade médica. Tenho colegas trabalhando em rede própria de planos de saúde, em consultórios particulares, em universidades e na gestão do SUS.

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Médicos de família fazem a diferença nos Estados Unidos

No meio acadêmico, a saúde dos Estados Unidos é motivo de piada. Mesmo para quem tem plano de saúde, o sistema é caro e os resultados são ruins, em comparação a outros países desenvolvidos. Eu poderia citar inúmeros artigos estudos científicos, mas em vez disso sugiro o filme Sicko: S.O.S. Saúde.

Vista panorâmica da cidade de Grand Junction, Colorado, nos EUA.

Mas existe uma cidade no estado do Colorado, chamada Grand Junction, que parece ser uma exceção à regra. Em junho de 2009, uma matéria (em inglês) publicada no jornal The New Yorker revelou ao país que aquela pequena cidade conseguiu a proeza de ter um dos sistemas de saúde mais baratos do país, e ainda assim ter um dos melhores conjuntos de indicadores de qualidade de atenção à saúde. Em agosto daquele ano, o presidente Barack Obama viajou à cidade para conhecer seu sistema de saúde.

Em setembro de 2010, a prestigiada revista científica The New England Journal of Medicine publicou (em inglês) o ponto de vista de dois médicos sobre a saúde da cidade:

O evento mais importante na história da atenção à saúde em Grand Junction foi a tomada da liderança por médicos de família. No início dos anos 70, um grupo de médicos de atenção primária à saúde [médicos de família, pediatras etc.] e especialistas fundaram um plano de saúde (Rocky Mountain Health Plans, ou simplesmente Rocky) e uma espécie de cooperativa (Mesa County Physicians Independent Practice Association, MCPIPA). Os médicos de família ganharam controle substancial dessas organizações, e promoveram uma cultura de incentivos para o controle e a transparência dos custos. Em 2006, Grand Junction tinha 85% mais médicos de família por habitante que a média nacional.

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IV Jornada de Medicina de Familia e Comunidade

Dias 30 de setembro a 2 de outubro será realizado o 50º Congresso Médico Estadual da AMES, e junto ocorrerá a 4ª Jornada de Medicina de Família e Comunidade, promovida pela Associação Capixaba de Medicina de Família e Comunidade. Quem quiser participar apenas da jornada terá desconto na inscrição: basta entrar em contato com a Associação Médica do Espírito Santo (AMES) para mais informações.

Esta jornada terá um significado especial para mim, porque pela primeira vez participarei como moderador de uma mesa redonda. Reproduzo abaixo a programação da jornada, mas sugiro também a leitura da programação completa do congresso, até porque na véspera da jornada haverá uma sessão de apresentações especiais sobre a Medicina de Família e Comunidade.

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Consultar especialistas pode atrasar o diagnóstico

Jerome Groopman e Pamela Hartzband, médicos do Boston’s Beth Israel Deaconess Medical Center, relataram (em inglês) um caso em que a paciente procurou atendimento médico logo no início dos sintomas, mas só depois de um ano é que o diagnóstico foi fechado. A cada vez em que ela passava mal, procurava o pronto-socorro, e era encaminhada para um especialista diferente. Sua doença só foi descoberta quando ela foi atendida por um clínico geral.

Homens cegos palpando um elefante

© Pawyi Lee (domínio público)

Quando ouvimos sobre o caso, lembramos da parábola dos homens cegos e o elefante. Há versões dessa lenda em muitas culturas, cada uma ligeiramente diferente, mas a mais famosa é a versão Hindi popularizada por John Godfrey Saxe em seu poema. Um grupo de homens cegos toca um elefante para determinar como ele se parece. Cada um toca apenas uma parte do elefante, e eles não chegam a um acordo. No caso dessa jovem, cada especialista viu os sintomas da paciente no contexto de sua própria especialidade.

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Entrevista com um médico de família e comunidade

Gostaria de divulgar aqui a entrevista que a Jovem Pan realizou com o doutor Ademir Lopes Júnior, médico de família e comunidade do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP (baixar o áudio). Nessa entrevista ele explicou o que é a estratégia Saúde da Família, e qual é o papel do médico de família e comunidade, tanto dentro quanto fora do SUS. Ótimo para quem ainda não entendeu porque o mesmo médico está vendo o resultado do preventivo de câncer de útero e os exames da diabetes, ou para mandar para aquele amigo que não tem Saúde da Família e não sabe o que é porque não existe propaganda disso na televisão.

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Como parar de fumar

Dois anos atrás o Brasil já tinha mais ex-fumantes do que fumantes. Mesmo assim, dezenas de milhões de brasileiros ainda são tabagistas, e se continuarem assim terão 10 anos de vida a menos do que se não fumassem. O propósito do Dia Mundial sem Tabaco é ajudar essas pessoas a mudar de situação, e este artigo é minha contribuição nesse sentido.

Homem numa caixa de cigarro

Fonte: INCA (divulgação)

A melhor forma de parar de fumar é buscar ajuda profissional. Os estudos comprovam que a associação de terapia cognitivo-comportamental, terapia de reposição de nicotina e bupropiona (ou outros medicamentos, como nortriptilina, clonidina e vareniclina) aumenta em muito as chances da pessoa conseguir abandonar o cigarro.

Mas nem todo mundo precisa, ou pode, passar por todo esse processo. Por isso, resolvi reunir aqui algumas dicas que podem ser aplicadas por qualquer pessoa.

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10 motivos para parar de fumar

No início desta série semanal de 4 artigos em homenagem ao Dia Mundial sem Tabaco 2010, apresentei 10 motivos que levam as pessoas a fumar mesmo a gente sabendo hoje em dia que fumar faz mal para a saúde. O outro lado da moeda é que 18,2% dos brasileiros maiores de 15 anos de idade são ex-fumantes, e 80% dos fumantes atuais querem parar de fumar. Ora, a dependência da nicotina é uma das mais poderosas que existe. 50% das pessoas que fumam um cigarro vão ficar dependentes. Se as pessoas param de fumar mesmo assim, elas devem ter um bom motivo, não é mesmo?

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As doenças causadas pelo tabagismo passivo

O Doutor Leonardo está publicando uma série de quatro artigos semanais em comemoração ao Dia Mundial sem Tabaco 2010, e o primeiro artigo foi 10 motivos para fumar. As pessoas podem até estranhar que um médico divulgue as razões que alguém pode ter para fumar, mas na verdade não se trata de propaganda de cigarro, e sim de explicar como alguém pode fumar mesmo a gente sabendo hoje em dia que faz mal.

Fumaça tóxica

Fonte: INCA (divulgação)

Defendo firmemente que cada pessoa, desde que maior de idade e livre de deficiência mental, tenha direito a escolher se quer fumar ou não. É claro que, enquanto médico de família e comunidade, sou obrigado a informar as pessoas dos riscos envolvidos, e a oferecer ajuda para que as pessoas consigam parar de fumar, mas a decisão de parar ou não de fumar deve ser individual. O outro lado da moeda é que as pessoas também têm o direito a não fumar, e, da mesma forma que os não fumantes devem respeitar o direito de fumar, os fumantes devem respeitar o direito de não fumar.

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Medicina de Família no Planeta Saúde Brasil

Em janeiro eu tinha prenunciado mais três integrantes do Planeta Saúde Brasil, mas as coisas não saíram bem como eu queria. Apesar de demonstrar boa vontade, os três blogs candidatos acabaram não fazendo as adequações necessárias para se juntar ao Planeta. Mas agora, passados dois meses, anuncio um quarto candidato que, este sim, se juntou ao Planeta Saúde Brasil: o blog Medicina de Família, de Leonardo Savassi e Ricardo Alexandre.

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