Arquivo da tag: medicina de família e comunidade

Especialidade médica com foco na atenção primária à saúde, existe no Brasil desde antes da criação do SUS e da estratégia Saúde da Família. No início do blog os artigos sobre a especialidade médica vinham com a tag da Saúde da Família, mas depois os assuntos foram separados.

Todos os médicos serão especialistas

O ministro da saúde, Alexandre Padilha, afirmou em entrevista que em 10 anos haverá vaga de residência médica para todos os médicos recém-formados. A residência médica é considerada a melhor forma de se especializar um médico. Durante os dois ou mais anos de residência médica, o profissional atua numa especialidade sob supervisão de especialistas reconhecidos, além de aprofundar seus estudos na área.

Ministro da saúde, Alexandre Padilha, discursando.

Há muito tempo os estudiosos da educação médica concordam que a faculdade não é o suficiente para formar um médico adequado. O avanço no conhecimento médico, o maior nível de exigência da sociedade e dos próprios médicos, e a ênfase da graduação em apresentar uma grande variedade de conhecimentos, tudo isso contribuiu para que o médico recém-formado saiba um pouco de tudo, mas não seja competente o suficiente em área alguma.

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Não sou especialista em SKL

O Fantástico deste domingo divulgou o caso de uma adolescente com síndrome de Kleine-Levin, e citou Leonardo Fontenelle como especialista no assunto. Só que não sou eu. Presumo que se trate do psiquiatra Leonardo Franklin da Costa Fontenelle, um professor da UFRJ de renome por sua produção científica.

Eu sou médico de família e comunidade. Na minha especialidade tratamos de uma série de transtornos mentais com frequência, mas certamente SKL não é um deles!

Vale a pena lembrar que, se você está preocupado(a) com sua sonolência, ou com a de alguém querido(a), é difícil conseguir uma ajuda decente por e-mail. Essas coisas precisam ser resolvidas em consulta médica de verdade. Além disso, antes de procurar um especialista em uma síndrome rara, que tal avaliar as causas mais comuns de sonolência?

CartaCapital destaca importância do médico de família e comunidade

Eu não poderia deixar de divulgar uma matéria da revista CartaCapital de 29 de junho sobre a importância do médico de família e comunidade — Nada como um médico de família. O texto de Rogério Tuma citou uma série de estudos realizados na Europa e nos Estados Unidos; as conclusões giraram em torno da importância de se ter um médico generalista, que centralize os cuidados de saúde da pessoa e tenha acesso a todos os recursos necessários. Você pode conferir a íntegra da matéria no site da SBMFC, mas destaco um trecho abaixo:

Desses estudos tiramos a seguinte lição: ter um médico que conheça toda a sua história clínica e de sua família é fundamental. Esse médico precisa saber tudo o que acontece com você e deve ser o primeiro a ser consultado e a orientá-lo, mas, além das qualidades inerentes à atividade, esse profissional precisa ter a humildade de saber que não poderá resolver tudo e deverá ter um relacionamento profissional com bons especialistas que o ajudem em caso de problemas específicos.

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Planos de saúde terão prazo para consulta médica

Daqui a 3 meses os planos de saúde serão obrigados a providenciar consulta médica e de outras profissões, exames complementares e outros procedimentos dentro de certos prazos, conforme a nova norma da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS). No caso das especialidades médicas básicas e odontologia, o prazo será de 7 dias; nas demais, 14 dias. O atendimento por outros profissionais terá um prazo de 10 dias, e por aí em diante.

Por outro lado, os profissionais e serviços não serão obrigados a prazo algum. Dessa forma, os planos de saúde serão obrigados, por exemplo, a disponibilizar consulta com psicólogo em até 10 dias, mas não necessariamente com o psicólogo da preferência do cliente.

A ANS admitiu em nota à imprensa não ter como interferir na agenda de cada profissional ou serviço de saúde, e por isso não ser capaz de garantir prazo para atendimento pelo profissional ou serviço de escolha da pessoa. Na verdade, nem os planos de saúde têm como interferir na oferta de vagas, devido à forma como se relacionam com os profissionais.

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Espírito Santo comemora o Dia Internacional da Família

Dia 15 de maio é o Dia Internacional da Família, instituído em 1993 pela ONU para fornecer uma oportunidade de promover a consciência sobre assuntos relacionados à família e aumentar o conhecimento dos processos sociais, econômicos e demográficos que afetam as famílias.

É nesse espírito que a Associação de Terapia Familiar do Espírito Santo promoverá uma palestra aberta ao público no dia 13 de maio, às 19 horas, no auditório da FDV, voltada para profissionais das áreas de saúde, educação e direito e estudantes de áreas afins. É necessário inscrever-se com antecedência. Para mais informações, clique no folheto abaixo:

Folheto com informações sobre a palestra aberta ao público

Desde já, lembro que sou médico de família e comunidade, e não terapeuta familiar.

É melhor consultar sempre o mesmo médico

A sabedoria popular diz que cachorro com muito dono morre de fome, e na saúde também é assim. Uma das características mais importantes da medicina de família e comunidade é a continuidade da relação entre a pessoa e seu médico. O fato de uma pessoa ser atendida quase sempre pelo mesmo profissional (em vez de procurar um médico diferente para cada problema), e ainda o fato de uma pessoa ser atendida pelo mesmo médico ao longo de vários anos, são fundamentais para garantir a saúde da pessoa.

Dois artigos científicos de revisão sistemática, publicados respectivamente nas revistas Family Practice e The Journal of Family Practice, conferiram até onde isso é verdade, e quais são realmente os resultados práticos da continuidade da relação entre a pessoa e seu médico. Em resumo, foram comprovados vários benefícios, tanto para a pessoa quanto para o sistema de sáude como um todo, e nenhum estudo encontrou evidências consistentes de qualquer prejuízo causado por essa continuidade.

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Overdose de diagnóstico

Ainda estou entretido com o capítulo de livro, e minha dissertação de mestrado ainda não está online, então trago a vocês uma outra leitura pertinente. A entrevista do médico norte-americano H. Gilbert Welch à Folha de São Paulo tem dado o que falar, ao menos entre os médicos de família e comunidade. É que ele expôs, num dos principais veículos de comunicação de massa do país, que o famoso check-up também pode fazer mal à saúde:

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Chá de sumiço

Durante os próximos dias não poderei publicar aqui no Doutor Leonardo. Não se preocupem, minha saúde vai muito bem, obrigado. Mas eu tenho uma dissertação de mestrado para defender nesta sexta-feira, e um capítulo de livro para escrever até semana que vem. Quando puder, escrevo mais sobre ambos.

Já que hoje é o Dia da Mulher, aproveito para sugerir a (re)leitura de alguns artigos pertinentes:

Professor da UFES analisa a estratégia Saúde da Família no estado

O jornal A Gazeta publicou recentemente a visão do médico de família e comunidade Thiago Dias Sarti, professor do Departamento de Medicina Social da UFES, sobre a estratégia Saúde da Família (“PSF”) no estado do Espírito Santo. Confira um trecho:

O foco deve ser agregar valor ao atendimento prestado à população, elegendo como prioridade da gestão do Estado e municípios a expansão do acesso, a diminuição das desigualdades em saúde, a melhoria contínua da qualidade do processo de trabalho das equipes de saúde e a construção de fluxos resolutivos entre os níveis de atenção, bem como a atração de profissionais com formação específica (em Medicina de Família e Comunidade, por exemplo) e o estímulo à capacitação e à titulação dos trabalhadores.

Você pode ler a nota completa na página 6 d’A Gazeta de quarta-feira, 26 de janeiro de 2010; ou então conferir esta versão digitalizada. Não deixe de conferir também o artigo que escrevi sobre a estratégia Saúde da Família para o blog Kanzler Melo Psicologia.

Especialidade está associada a melhor atenção primária à saúde

Uma dissertação de mestrado da Universidade Federal do Rio Grande do Sul investigou os fatores associados a uma melhor qualidade da atenção primária à saúde em Curitiba (PR). A primeira conclusão já era esperada: unidades de Saúde da Família (“PSF”) prestam uma atenção melhor que a das unidades tradicionais. A pontuação média das unidades de Saúde da Família foi de 7,4 (numa escala de 0 a 10), enquanto a das unidades tradicionais foi de 6,6.

No primeiro plano, a escultura 'A Mãe'. Ao fundo, a estufa do Jardim Botânico Fanchette Rischbieter.

Mas o mais interessante é que essa foi aparentemente a primeira pesquisa nacional a avaliar a importância da especialização em Saúde da Família. A proporção de pontuações elevadas (maiores ou iguais a 6,6) foi 20% maior entre os especialistas em Medicina de Família e Comunidade e em Enfermagem Comunitária, em comparação aos pediatras, clínicos gerais, ginecologistas-obstetras, médicos sem especialidade, e outros enfermeiros. Essa maior proporção de pontuações elevadas entre os especialistas foi na verdade um engano meu. O estudo não mostrou associação entre a especialidade médica e o escore de qualidade da atenção primária. Aliás, isso faz bastante sentido, já que o instrumento foi criado para avaliar serviços de saúde, e não profissionais.

A autora da pesquisa não poderia ser mais imparcial: além de secretária municipal de saúde de Curitiba, Eliana Chomatas é pediatra.

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