A dengue é uma das doenças transmissíveis mais importantes do Brasil (veja também: “Aprenda a reconhecer os sintomas da dengue”), e para prevenir uma epidemia é necessário que todos colaborem. Quando digo todos, é porque as pessoas comuns são indispensáveis para evitar a multiplicação do mosquito da dengue, mas dessa vez vou me concentrar naquilo que os governantes podem fazer para que não aconteça uma epidemia nos próximos anos.
A Revista Brasileira de Epidemiologia publicou em 2008 um estudo que revisou as publicações sobre a variação geográfica da dengue, e descobriu que a dengue ocorre principalmente nos bairros com mais pobreza, com maior número de moradores por cômodo da residência, e com maior número de pessoas por quilômetro quadrado. Dessa forma o mosquito pode picar várias pessoas em seguida, aumentando a velocidade da transmissão da dengue.
Também em 2008 foi publicado outro estudo, dessa vez nos Cadernos de Saúde Pública. Nessa pesquisa os municípios do estado do Rio de Janeiro foram comparados entre si em função da incidência de dengue (proporção entre o número de casos e o tamanho da população), e descobriu-se que os seguintes fatores eram relevantes:
- Percentual de urbanização: quanto mais pessoas na cidade, mais dengue.
- Percentual da população com água encanada: quanto mais pessoas com água encanada, menos dengue. (Veja também: Os 10 maiores fatores de risco para a saúde do Brasil.)
- Cobertura da Saúde da Família: quanto mais pessoas atendidas pela Estratégia Saúde da Família, menos casos de dengue. (Leia também minha explicação sobre o que é a Estratégia Saúde da Família, publicado no vizinho Kanzler Melo Psicologia.)
O ministro da Saúde, José Gomes Temporão, acredita que em cinco anos já existirá uma vacina contra a dengue. Enquanto isso, podemos aproveitar as eleições para dar o poder às pessoas que já provaram dar prioridades a políticas que podem facilitar o combate à dengue, como a resdistribuição de renda, a moradia popular, o saneamento básico e a Saúde da Família.
Apesar de toda propaganda pedindo a população empenho no combate a dengue, fica claro com estes dados que a epidemia é fruto, em grande parte, das precárias condições de urbanização e saúde de algumas de nossas principais cidades.
As pessoas podem e devem desenvolver hábitos que evitem a proliferação do mosquito, mas os governantes tem a obrigação de trabalhar para melhorar as condições de vida de nossa população, e é através do voto que podemos escolher políticos comprometidos com saneamento, saúde e com a população.
Temos que começar a criar uma consciencia crítica e evitar que os mesmos de sempre que nada fazem retornem ao congresso e se elejam com promessas nunca cumpridas, ou com votos comprados, este é o melhor presente que podemos dar as proximas gerações.
A unidade de Saúde da Família em que trabalho atende a cerca de 8 mil pessoas, e da última vez em que fiquei sabendo, nenhuma delas tinha tido dengue esse ano, de acordo com a Vigilância Epidemiológica do município.
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