Agentes comunitários de saúde têm mais risco de contrair tuberculose

Pesquisadores da UFES investigaram a saúde dos agentes comunitários de saúde de Cachoeiro do Itapemirim (ES), e descobriram que o trabalho do ACS aumenta seu risco de ser infectado pela micobactéria que causa a tuberculose. A investigação foi dividida em duas etapas, publicadas respectivamente no Jornal Brasileiro de Pneumologia de abril de 2009 e na Revista de Saúde Pública de abril de 2010.

Na primeira pesquisa, 30 agentes comunitários de saúde do município, bem como um familiar de cada ACS, foram testados para a tuberculose, através do teste tuberculínico, usando o PPD. Tanto os ACS quanto seus familiares tinham proporções semelhantes de vacinação contra a tuberculose (com a BCG) e de conhecimento de alguém com a doença. Mesmo assim, os agentes comunitários de saúde tinham uma chance 10 vezes maior de ter um teste positivo para a tuberculose que os seus familiares.

Como a primeira pesquisa não envolvia nenhum acompanhamento, havia uma possibilidade teórica de que o contágio pela tuberculose propiciasse que a pessoa trabalhe como agente comunitária de saúde, e não o contrário. Por isso, os pesquisadores fizeram uma segunda pesquisa: acompanharam um grupo de 61 agentes comunitários de saúde que tinham o teste negativo durante um ano, e repetiram o teste a seguir. A proporção de agentes comunitários de saúde que tiveram o teste positivo foi 3 vezes maior no grupo que tinha pacientes com tuberculose em suas microáreas, em comparação com o grupo que não seguiu tuberculosos.

Há muito tempo se sabe que profissionais de saúde têm um risco aumentado de contrair tuberculose. O que esses estudos acrescentaram foi a certeza de que o agente comunitário de saúde compartilha esse risco, mesmo não passando muito tempo dentro da unidade de saúde. (Leia também: Agente comunitário de saúde tem direito a adicional por insalubridade.)

Levando em consideração que há poucos anos o agente comunitário de saúde foi incorporado no combate à tuberculose, é necessário discutir formas de minimizar esse risco de contágio. Para colaborar, semana que vem publicarei um artigo sobre a história natural da tuberculose. Vou contar os estágios da doença, em que período ela é contagiosa, e como podemos intervir em cada estágio.

Desde já deixo claro que o teste tuberculínico positivo significa que a pessoa foi infectada, mas não quer dizer que a pessoa esteja necessariamente doente.

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