Há quem acredite que o que é natural não faz mal, mas a verdade é bem mais complicada que isso. Por isso, trago a vocês um texto muito interessante sobre o assunto, escrito pelo farmacêutico bioquímico e médico Otávio Silva, que aliás é leitor do Doutor Leonardo. Otávio Silva trabalha no Programa de Apoio à Saúde Comunitária para Assentamentos Rurais (PASCAR) em Água Boa (MG).
Antes de ser médico, me formei em Farmácia, pela UFRJ em 1996 e me apaixonei pelas plantas medicinais quando conheci a ESF (que tornou-se posteriormente uma nova paixão). Trabalhei em vários projetos comunitários de Farmácias Vivas, no Rio de Janeiro e em Minas Gerais, fiz estágio com o Prof. Matos da UFCE, o criador do conceito “Farmácia Viva” e na Aracruz Celulose em Venâncio Aires (o projeto mais “rico” e bem equipado que já ouvi falar). Trabalhei manipulando plantas medicinais em farmácias de manipulação e no laboratório de controle de qualidade de fitoterápicos da Fundação Bio-Rio (incubadora de empresas que funciona no campus da UFRJ), onde participei da implantação de vários protocolos de controle de qualidade com base na identificação e dosagem de princípios ativos dos produtos fitoterápicos. Fiz diversos cursos (desde o plantio até a manipulação industrial), participei de vários congressos e me tornei amigo pessoal de muitos especialistas e produtores — com os quais já não mantenho contato.
Com esta pequena “recitada” do meu CV, podem imaginar que sou um grande especialista ou entusiasta da utilização de plantas medicinais. Bom, não sou nenhuma das duas coisas. Não utilizo ou receito plantas e, admito, acho muito esquisito quando algum colega o faz. O que houve comigo? Me vendi aos grandes oligopólios? Hummmm talvez. Talvez eu tenha aprendido “demais” e a minha vontade de fazer o “certo” me levou à imobilidade (não dizem que o ótimo é inimigo do bom?).
Seguem algumas das “regras de ouro” que me imobilizaram (não quero desestimular ninguém, como aconteceu comigo, apenas, digamos… mostrar um outro lado da coisas…)
- Plantas podem ser tóxicas.
- Para saber se a planta é ou não tóxica é necessária a sua identificação botânica, o que é um processo complexo. Identificação “no olho” ou por mateiro podem ser extremamente perigosa.
- Plantas são organismos vivos, substâncias químicas são originadas do metabolismo terciário o que significa que não é essencial à vida dela e só ocorre em algumas circunstâncias, ou seja, mesmo quando a identificação botânica foi feita, ainda assim não há garantia de produção ou não de substâncias tóxicas ou medicinais.
- Os mecanismos de extração e purificação dos fitoterápicos, extraem e purificam tanto o que é medicinal quanto o que é tóxico.
- Nem todos os efeitos das plantas são tão conhecidos quanto os dos medicamentos produzidos, nem todos os usos em todas as patologias foram testados.
Ainda assim eu gostaria de trabalhar a etnobotânica e a etnofarmacologia nos assentamentos, isto pode me deixar mais perto da comunidade e suas crenças. Mas dar o respaldo médico para isto é um risco que ainda não sei se estou preparado.
Se você tiver interesse no assunto, leia também o que escrevi a respeito da regulamentação das plantas medicinais pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária, um ano atrás. O artigo conta com um link para uma lista completa das plantas medicinais regulamentadas, inclusive com a forma de uso e as devidas precauções.
Doutor a chá Bugroon faz mal a saúde, pois ele contem inúmeras ervas e não sei se algumas delas são toxicas.
E qual é a composição desse chá?
Composição do Bugroon: centella asiática, berinjela, chapéu de couro, sene, espinheira santa, ipê roxo, erva de bugre, cana do bréjo, espirulina, funcus, agar agar, garcinia, abacate, cavalinha, limão, algas marinhas.
Também gostaria muito de saber sobre o chá bugroon.
Uns falam que é excelente e outros dizem que até a Anvisa já proibiu.
Agora o que é verdade ou mentira nisso tudo é difícil saber.
O Chá Bugron faz mal? TENHO hipoteriodismo e tomo losartan para s pressão?