Pesquisadores do Trials of Hypertension Prevention Research Group conduziram uma pesquisa de grande porte para avaliar melhor a eficácia e a efetividade do emagrecimento na prevenção da hipertensão arterial. Mais de mil pessoas com sobrepeso ou obesidade e com pressão arterial maior que 12 por 8 mas menor que 14 por 9 foram sorteadas entre receber ou não uma intervenção de alta intensidade para a perda de peso, incluindo informações nutricionais, incentivo à atividade física, técnicas de gerenciamento do próprio comportamento, e suporte social.
A pesquisa comprovou que emagrecer é uma forma eficaz de prevenir a hipertensão arterial: as pessoas que perderam 4,5kg ou mais e mantiveram essa perda de peso até o fim da pesquisa tiveram um risco 65% menor de desenvolver hipertensão. O problema é que apenas 13% das pessoas atingiram essa meta.
Em média, as pessoas que receberam a intervenção perderam 4,4 kg nos primeiros 6 meses, mas daí em diante voltaram a ganhar peso, e ao fim dos 36 meses estavam com apenas 200 gramas a menos que no início da pesquisa. Mesmo assim, se saíram melhores que o grupo de controle. Estas pessoas, que foram acompanhadas pelos pesquisadores mas não receberam a intervenção, ganharam peso progressivamente desde o começo. Após 3 anos, estavam em média 1,8 kg mais gordas que no início, mesmo estando livres para melhorar a alimentação e praticar exercícios físicos por conta própria.
Em resumo, a longo prazo as pessoas que receberam a intervenção não perderam praticamente peso algum, mas pelo menos deixaram de engordar cerca de 0,6 kg por ano. Com relação à pressão arterial, ao fim da pesquisa as pessoas do grupo de intervenção estavam praticamente iguais às do grupo de controle: a diferença foi de apenas um milímetro de mercúrio.
Se você está com sobrepeso ou obesidade (descobra se é o seu caso), ainda vale a pena tentar emagrecer: se você fizer parte daqueles 13%, os benefícios são substanciais. Mas, levando em consideração que a maioria das pessoas não consegue perder peso ou manter a perda, é importante investir em outras formas de prevenir a hipertensão, como por exemplo a redução do consumo de sal.
Existe ainda um grupo que defende uma abordagem bem diferente: que a obesidade não faz mal para a saúde, e que é possível ser saudável mesmo sendo obeso. Esse grupo defende inclusive que o tratamento da obesidade pode fazer mais mal do que bem. No próximo artigo vou comentar um pouco mais sobre essa visão polêmica.
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