A tuberculose no Brasil, em números

Ano passado escrevi um artigo sobre a evolução dos sintomas da tuberculose, sem citar números. Acontece que manter-me atualizado e escrever neste blog são coisas que andam de mãos dadas, de forma que resolvi escrever um novo artigo sobre o assunto, desta vez esclarecendo a dimensão do problema.

Colônias do bacilo de Koch vistas de perto.

O Brasil é um dos 22 países que detêm 80% da tuberculose do mundo. Em 2010, 71 mil pessoas desenvolveram a doença no país; quase 5 mil morreram. Isso porque hoje em dia já existe um tratamento eficaz e gratuito; antigamente a mortalidade era de 70%.

As pessoas contraem a tuberculose por conviverem com outras pessoas com a doença. 57% das pessoas com tuberculose são contagiosas: nelas, o germe invadiu os pulmões e está presente nas gotículas da fala e da respiração. As pessoas deixam de ser contagiosas com 15 dias de tratamento, mas só se curam com 6 meses.

A vacina BCG só previne contra as formas mais graves da tuberculose, como por exemplo a meningite por tuberculose. Além disso, a vacina do recém-nascido perde efeito após os 5 anos de idade, e não adianta dar um reforço.

Para uma pessoa saber se foi contaminada pela tuberculose, ela precisa fazer um exame chamado teste tuberculínico, através da injeção intradérmica (na pele) de uma substância chamada PPD. O resultado é conferido 2 a 3 dias depois. Se a pessoa formar uma reação com 5mm de largura ou mais, significa que ela está com tuberculose latente, ou seja, foi contaminada mas não apresenta sintomas.

O sistema imune da pessoa costuma dar conta de livrar a pessoa da tuberculose latente, mas nem sempre. O risco de desenvolver os sintomas da tuberculose é estimado em 6,6%.

Até pouco tempo, o Brasil só tratava pessoas com tuberculose latente se tivessem uma reação igual ou maior que 10mm. Isso vem mudando desde 2009, quando pesquisadores brasileiros publicaram um estudo comprovando que o risco de adoecer com uma reação de 5 a 9mm era praticamente igual ao de adoecer com uma reação a partir de 10mm.

Seu risco de adoecer depende de vários fatores, inclusive de onde você mora, e onde (e com o quê) você trabalha. Em especial, gostaria de aproveitar para lembrar que os agentes comunitários de saúde têm um risco de contrair tuberculose maior do que o da população geral.

E, mais importante ainda: qualquer pessoa com tosse há duas semanas ou mais precisa consultar um médico. Mesmo que a tosse seja leve! A grande maioria dos casos precisa de tratamento específico, ou seja, a causa não vai embora sozinha. (Leia também: Como identificar os sintomas da sinusite.)

Referências: Ministério da Saúde, 2010; Ministério da Saúde, 2011; Tiemersma e colaboradores, 2011; Cailleaux-Cezar e colaboradores, 2009.

Um comentário em “A tuberculose no Brasil, em números

  1. Camila Baldoqui de Moura

    Olá, sou enfermeira de uma ESF em Uberaba- MG, gostei muito do seu artigo e gostaria de continuar recebendo outros por email.
    Obrigada.

    Responder

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