Estamos naquela época do ano de novo. As pessoas se divertem como se o mundo fosse realmente acabar em 2012, e enquanto isso o Ministério da Saúde tenta convencê-las a pelo menos usar camisinha.
Mas por que concentrar as propagandas no Carnaval? O número de atendimentos a doenças sexualmente transmissíveis (DST) não aumenta em seguida ao Carnaval, e (convenhamos) a propaganda não é tão efetiva assim. Além disso, há muito tempo já se sabe que, para se proteger contra as DST, é necessário usar camisinha não apenas de forma correta, mas também de forma consistente, ou seja, em todas ou quase todas as relações sexuais.
As propagandas dão muito destaque ao HIV, que todo o mundo já sabe que causa AIDS e pode ser transmitido por relações sexuais desprotegidas, mas pouco se fala das outras doenças que a camisinha previne — inclusive o câncer de colo de útero.
O câncer de colo de útero é causado por um vírus, o HPV. Existem vários tipos de HPV, e alguns inclusive só causam a verruga comum, mas os principais causadores do câncer de colo de útero são transmitidos por via sexual. No Brasil, 14% a 54% das mulheres estão infectadas com pelo menos um tipo de HPV no colo do útero, e um dos tipos de maior risco para câncer (o HPV 16) é o mais comum.
Felizmente, a maioria das infecções pelo HPV são reversíveis, ou seja, o corpo consegue debelar em meses ou anos. Além de prevenir a infecção, o uso da camisinha também acelera a eliminação das infecções já existentes, e a regressão de lesões causadas pelo HPV que poderiam evoluir para câncer.
A camisinha também previne a transmissão de uma série de outras infecções, como herpes tipo 2 (presente em 11% de todos os brasileiros), sífilis (4% das grávidas na Grande Vitória), clamídia (12% das adolescentes sexualmente ativas em Vitória), gonorreia (2% das mesmas adolescentes), e tricomoníase (3% das mulheres adultas em São Paulo).
Esses números são de pessoas sem sintomas, ou seja, que só tiveram as DST descobertas por que participaram de uma pesquisa científica. Isso significa que grande parte das pessoas que se consideram saudáveis estão sob risco de complicações graves, como infecção disseminada, dor crônica, demência e complicações da gravidez, e ainda podem transmitir alguma DST para outras pessoas se tiverem relações sexuais sem camisinha.
Para ser sincero, a melhor forma de evitar uma doença sexualmente transmissível (ou uma gravidez indesejada) é não ter relações sexuais. Eficácia 100% garantida! Mas, se você joga no time dos que preferem transar, pense com carinho em usar camisinha. Sempre.
(E aproveite para assistir a este vídeo divertidíssimo!)