A estratégia Saúde da Família (PSF) é responsabilidade dos municípios, e por isso a cada quatro anos aparece um clima de insegurança. Como vão ficar as coisas quando mudar o prefeito?
Este é um ano de eleições municipais, de forma que achei oportuno dividir com vocês o depoimento de Hamilton Lima Wagner, médico de família e comunidade do município de Curitiba (PR):
Saí da faculdade em 1980, e após a residência [especialização] iniciei no serviço público. Iniciei em Curitiba, depois de uma temporada no interior em dezembro de 93, e na Saúde da Família (ESF) em 95 — quando iniciou em Curitiba. Ouvi sempre que seria uma furada, que era fogo de palha, e que era questão de tempo para que fosse abandonada.
Na época, meu mentor na medicina de família e comunidade (MFC) falava da necessidade de paciência histórica, pois levaria algumas décadas para se consolidar… eu acreditei. Fiquei na proposta e, mesmo quando tivemos um ataque forte da gestão contrária à proposta, buscamos fazer o melhor possível e conseguimos o reconhecimento.
Também meu mentor dizia que quanto mais estivéssemos conseguindo resultados, maior seria o ataque das demais especialidades, pois estaríamos incomodando o mercado delas. E isto cada vez é mais forte.
Mas trabalhar em serviço público tem o ônus de lidar com a questão política, com a habilidade de entender que os agentes políticos se acham donos da coisa pública e de não haver uma consistente política de Estado na saúde. É ano eleitoral, e a biruta pode virar — mas a população continuará demandando assistência, e nenhum sistema de saúde é tão eficiente quanto a atenção primária à saúde (APS) através da MFC (no Brasil, ESF) — isto no mundo inteiro. Haverá retrocesso em muitos locais, mas podem ter certeza — a ESF não acabará e retornará cada vez mais firme e eficiente.
Quem viver verá, e não estou trabalhando com bola de cristal, mas debruçado sobre extensa literatura médica e de um conjunto de evidências muito sólidas.
Um pouco de fé e de paciência podem ajudar.
Um bom ano,
Hamilton
Dr.Hamilton,seu comentário realmente veio no momento certo,nós que trabalhamos com saúde preventiva sabemos das dificuldades e obstáculos que encontramos pelo caminho(sou acs)principalmente em ano de eleições municipais,mas são os obstáculos que nos fazem ter coragem para seguir em frente.
Concerteza a ESF não vai acabar assim afinal, esse programa tem uma importancia muito grande para cada um de nós. Afinal o que vem sendo feito nesses ultimos anos é bastante relevante para a prevenção das doenças.
Em meu artigo de 2008 sobre a estratégia Saúde da Família (ano das últimas eleições municipais!) eu já dizia isso. A ESF foi criada em 1993 (e começou a ser implementada em 1994), e desde então já passou por várias eleições. O resultado foi um aumento progressivo da população atendida, nunca o contrário!
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