Não tem jeito, o assunto do momento é o acordo dos governos brasileiro e cubano para a “importação” de 6 mil médicos de Cuba para trabalhar nas regiões mais carentes do Brasil. O motivo dessa “importação” seria que o Brasil tem menos de 2 médicos para cada mil pessoas. Ao contrário do que se costuma afirmar, a Organização Mundial da Saúde nunca disse que um médico para cada mil pessoas seria o suficiente. A meta do Ministério da Saúde é chegar ao nível do Reino Unido, de 2,7 médicos para cada mil pessoas.
Acontece que andei fazendo umas contas e, mesmo levando em consideração que não temos tantos médicos quanto o Reino Unido, poderíamos ter muito mais médicos de família e comunidade do que temos hoje em dia.
O Reino Unido tem mais de 41 mil médicos de família e comunidade, que eles chamam de general practitioners, para atender a uma população pouco maior do que 61 milhões de pessoas. Fazendo as contas, cada médico de família e comunidade é responsável em média por 1500 pessoas. E todas as pessoas lá têm médico de família e comunidade, porque o sistema de saúde é universal de verdade.
Levando em consideração que o Brasil tem quase 2 médicos para cada mil habitantes, esperaríamos que cada médico de família e comunidade fosse responsável por 2100 pessoas, e que todos os brasileiros tivessem um médico de família e comunidade.
Na realidade, cada equipe de Saúde da Família cuida de 3000 pessoas, em média, e quase metade dos brasileiros não estão cadastrados em qualquer equipe de Saúde da Família. Além disso, em quase todas as equipes de Saúde da Família o médico não é especialista em medicina de família e comunidade, o que prejudica em muito a qualidade do atendimento.
Ou seja, além dos médicos brasileiros serem poucos e estarem concentrados nas maiores cidades brasileiras, a proporção de médicos brasileiros trabalhando na medicina de família e comunidade é pequena em comparação ao que acontece em países mais organizados, como o Reino Unido.
O que mais me impressiona é que, mesmo com tão poucas equipes de Saúde da Família em atividade, e aceitando qualquer médico para trabalhar na estratégia Saúde da Família, as secretarias municipais de saúde relatam dificuldade em encontrar médicos para trabalhar na estratégia Saúde da Família.
Alguma coisa a gente deve estar fazendo de errado, e não me parece que o aumento do número de médicos (cubanos ou não) seja a solução.
Antes de contratar médicos cubados o Brasil precisa dar chances aos médicos Brasileiros formados no exterior.
Prezado Dr. Roberto,
O Governo atual não está preocupado com a saúde do brasileiro das regiões Norte e Nordeste. A contratação de médicos cubanos tem outra finalidade. O que se pretende, realmente, é que esses médicos incutam na cabeça desinformada de pessoas simples as doutrinas Marxista/Leninista, a exemplo do que já acontece na Venezuela.
Se o Governo quisesse resolver o problema, criava programas federais com plano de carreira bem estruturado para atender as áreas, além de investir na infraestrutura. Como querem apenas “mostrar resultado”, estão querendo importar médicos de Cuba sem o aval do CFM, passando por cima dos médicos brasileiros.
É isso que pagamos por entregar o governo a esses petistas.
Realmente, no interior é mais fácil encontrar delegado, promotor de justiça e juiz do que médico. Isso porque eles têm (1) vínculo estadual, e não municipal; e (2) plano de carreira.