A degeneração macular relacionada à idade é uma causa de cegueira entre os idosos, podendo evoluir em questão de meses. O risco de degeneração macular parece aumentar com os mesmos fatores de risco conhecidos para doenças cardiovasculares como infarto e derrame, e alguns genes específicos foram identificados. Como se acredita que radicais livres estejam envolvidos, faz sentido pensar que vitaminas e/ou minerais antioxidantes possam ajudar a prevenir a instalação da doença.
No dia 30 de julho, a Colaboração Cochrane publicou uma revisão sistemática dos estudos onde suplementos vitamínicos e/ou minerais foram testados para a prevenção de degeneração macular. A revisão incluiu cinco estudos, com mais de 76 mil participantes, testando vitamina C (ácido ascórbico), betacaroteno (uma forma inativa de vitamina A), vitamina E (tocoferois, tocotrienois) e um suplemento multivitamínico (que também incluía vários minerais).
Em resumo, a revisão concluiu que:
- Vitamina E: não previne a degeneração macular (alta certeza), e talvez aumente o risco de AVC (derrame) do tipo hemorrágico (baixa certeza).
- Betacaroteno: não previne a degeneração macular (alta certeza), e talvez aumente o risco de câncer de pulmão entre os fumantes ou pessoas expostas a amianto.
- Vitamina C: não previne a degeneração macular em geral (alta certeza), e parece aumentar o risco de dois tipos de degeneração macular (moderada certeza).
- Multivitamínico: parece aumentar o risco de degeneração macular (moderada certeza).
A mensagem é bem clara: suplementos vitamínicos e/ou minerais não previnem degeneração macular relacionada à idade, e podem fazer mal. Essa não é a primeira vez em que relato esse tipo de revés: a suplementação de selênio (um oligomineral) aumenta o risco de diabetes, em vez de diminuir.
O motivo de eu estar compartilhando esse estudo é que muitas pessoas usam vitaminas por conta própria achando que fazem bem para a própria saúde. Vale a pena lembrar que ler o Doutor Leonardo não substitui consulta médica; e durante uma consulta o profissional pode concluir que um suplemento faz mais bem do que mal para aquele paciente específico. Além disso, o estudo que relatei tem a ver com a prevenção, e não com tratamento; um outro estudo sugere que esses suplementos sejam benéficos para quem já tem a doença instalada.