Dia 20 de setembro de 2014 se comemora mundialmente o Dia do Software Livre. Esta é uma boa ocasião para eu contar a vocês que este site, o Doutor Leonardo, é completamente criado e mantido com software livre!
Arquivo do Autor: Leonardo Fontenelle
O PSF é um programa?
Volta e meia alguém me pergunta se o PSF é um programa, que poderia acabar a qualquer momento. Em especial, isso costuma ser utilizado por secretários municipais de saúde para justificar a contratação temporária das equipes de Saúde da Família.
Eu pretendia contar sobre como a Constituição Federal de 1988 levou a uma coisa, que levou a outra, até 14ª Conferência Nacional de Saúde recomendar que todos os brasileiros sejam atendidos pela estratégia Saúde da Família. Mas esse gráfico, elaborado pelo médico de família e comunidade Elson Farias, é uma daquelas imagens que valem por mil palavras. É como eu já dizia em 2008, e outro médico de família e comunidade disse há dois anos: entra eleição, sai eleição, e a estratégia Saúde da Família continua a crescer.
Então, por que os municípios insistem em chamar a estratégia Saúde da Família de “programa”?
Saúde da Família previne mortes por infarto e derrame
No início do ano eu tinha comentado que, ao longo de 20 anos, a mortalidade por doenças cardiovasculares diminuiu em 33% no Brasil. Na época, associei a melhoria à expansão da estratégia Saúde da Família, com base na experiência internacional de melhoria das condições de saúde quando as pessoas têm acesso à atenção primária à saúde, e com base no fato do derrame (AVC) ter caído de primeira para segunda causa de morte no Brasil. (O derrame é ainda melhor prevenido pelo controle da pressão arterial do que o infarto cardíaco.)
Em julho a revista científica The BMJ publicou um artigo de pesquisadores do Brasil e dos Estados Unidos confirmando a minha suposição. Examinando vários dados de 1622 municípios brasileiros ao longo dos anos 2000 a 2009, os autores observaram que a cobertura de 70% ou mais dos moradores de um município num ano predizia, para o ano seguinte, uma redução em 18% na taxa de morte por derrame, e 21% na taxa de morte por infarto, em comparação ao que seria esperado se o município não implementasse a estratégia Saúde da Família. Melhor ainda: esse efeito parece aumentar com o tempo. Em 2009, os municípios que durante oito anos tinham mantido uma cobertura de 70% ou mais apresentaram taxas de derrame e infarto 31% e 36% menores do que o que seria esperado sem a estratégia Saúde da Família.
Lavagem de ouvido causa labirintite?
Um leitor me escreveu dizendo que tinha cera no ouvido, e perguntando como tirar a cera do ouvido sem fazer lavagem, pois tinha ficado sabendo que lavagem de ouvido poderia causar “labirintite”.
A palavra labirintite costuma ser usada com vários significados…
Como cortar o sal sem sofrimento
Um tempo atrás eu estava contando que a redução do sal dos alimentos industrializados consumidos por toda a população diminuiria o número de derrames (AVC) e infartos mais ou menos tanto quanto o tratamento medicamentoso das pessoas consideradas hipertensas. Melhor ainda, o governo federal fechou um acordo com a indústria alimentícia para reduzir pela metade o sal dos alimentos industrializados ao longo de 10 anos.
O problema, eu dizia, é que a maioria do sal consumido pelos brasileiros não vem de alimentos industrializados, mas sim de sal e temperos prontos acrescentados à comida feita em casa, seja na panela, seja no prato. Quem vai ao médico costuma ouvir que é necessário tirar o sal da comida. Mas quem é que consegue mesmo fazer isso?
Você conhece o acesso avançado?
Acesso avançado é uma forma de organizar a agenda das unidades básicas de saúde. O princípio é fazer hoje o trabalho de hoje; em situações excepcionais o atendimento pode demorar no máximo uma semana. E quando digo atendimento, não é uma avaliação inicial para depois o problema ser resolvido (como se faz no acolhimento com classificação de risco, proposto pela política de humanização do SUS desde 2006). É atendimento mesmo.
Como usar adesivos de nicotina para parar de fumar
Muitas pessoas conseguem abandonar o tabagismo seguindo as dicas que reuni no artigo Como parar de fumar. Outras precisam de alguma ajuda. Como nem todo o mundo encontra com facilidade profissionais de saúde que saibam ajudar as pessoas a parar de fumar, trago aqui mais uma dica de como parar de fumar sem ajuda profissional.
A terapia de reposição de nicotina é o uso de medicamentos com nicotina para ajudar a pessoa na transição de fumante para não fumante. Esses medicamentos podem ser comprados sem receita médica. Existem basicamente dois tipos: adesivos e gomas.
O que é a estratégia Saúde da Família
Em dezembro de 2008, antes de eu inaugurar este blog, o psicólogo brasiliense Vladimir Melo me encomendou um texto introdutório à estratégia Saúde da Família. O artigo tem sido um campeão de leituras, de forma que, quando ele decidiu desativar o blog, me devolveu o artigo para republicação aqui no Doutor Leonardo.
Estratégia Saúde da Família (ESF) é o nome que se dá atualmente a uma das mais bem-sucedidas iniciativas brasileiras em saúde das últimas décadas. Foi concebida em 1993, com o nome de Programa de Saúde da Família (PSF), a partir de iniciativas brasileiras e algumas iniciativas internacionais mais adiantadas (como o “general practitioner” britânico e o médico de família cubano). Em seus primeiros anos, o então PSF foi implantado nos municípios do “Mapa da Fome”, sob o comando quase direto de Brasília, mas depois passou a ficar sob o comando dos municípios, ocupando um papel cada vez mais importante no sistema de saúde, e passou a ser aberto a todos os municípios do Brasil. Em 1998, quando os repasses federais para a atenção básica passaram a ser por habitante, e não por número de procedimentos, a estratégia Saúde da Família começou a se expandir vertiginosamente. Em outubro de 2008, de acordo com o Ministério da Saúde, a ESF estava presente em 94% dos municípios brasileiros e atendia a 93,1 milhões de brasileiros. O resultado tem sido a melhoria de vários indicadores de saúde, e o aumento da satisfação dos usuários do Sistema Único de Saúde (SUS). Esses fatos foram destacados pela Organização Mundial da Saúde em seu Relatório Mundial da Saúde de 2008, que citou o Brasil como um exemplo a ser seguido.
O que você acha mais importante num médico?
Achei interessante essa pergunta, proposta numa enquete da UOL.
A questão não é nova, e já foi respondida através de várias pesquisas científicas, utilizando métodos mais adequados e abordando pessoas que representem melhor a população geral. Mas não me lembro disso ter sido objeto de pesquisa no Brasil — certamente não entre os leitores deste humilde blog.
Portanto, peço a cada um de vocês que comente abaixo, de preferência sem ler as alternativas da enquete. O que é que você mais valoriza num médico?
Medicamentos similares serão equiparados aos de referência
Alguns anos atrás expliquei que os medicamentos genéricos eram comprovadamente equivalentes aos de referência, e por isso eram mais confiáveis que os medicamentos similares, ou seja, que os medicamentos de outras marcas. Essa diferença foi introduzida na década de 90, quando o Brasil começou a reconhecer as patentes dos medicamentos.
O que eu não expliquei ainda é que isso está para mudar. Até o fim de 2014, todos os medicamentos similares precisarão ter comprovado serem iguais aos de referência para continuarem a ser fabricados e vendidos.