Como eu já disse na semana passada, o uso do celular aumenta em 4 vezes o risco do motorista se envolver num acidente. Para piorar a situação, não adianta usar o viva-voz: o risco é o mesmo. Resolvi então conferir se conversar com o carona não aumentaria o risco de acidentes também, e encontrei esse artigo publicado pela revista científica Transportation Research Part F: Traffic Psychology and Behaviour.
Pesquisadores da Universidade Ege, na Turquia, avaliaram o desempenho de motoristas e chegaram à conclusão de que conversar com o carona é tão prejudicial quanto conversar através do celular (viva-voz). A reação dos motoristas fica mais lenta, e eles têm menos sucesso em tarefas que envolvam atenção ou percepção periférica. Quando a conversa é complexa, a percepção periférica fica ainda mais prejudicada.
Vale a pena reparar que a conversa com o carona foi mantida num ritmo constante, independentemente do que estivesse acontecendo no trânsito. Os pesquisadores justificaram que isso foi de propósito, para ter certeza de que qualquer diferença encontrada fosse causada pela presença ou não da pessoa com quem o motorista estivesse falando. Mas, ao mesmo tempo, isso limita a aplicação da pesquisa na vida real. Conversar com o carona atrapalha o motorista, mas nessa situação é mais fácil interromper um pouco a conversa (quando o trânsito exige mais atenção) do que numa conversa por celular.
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