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A adolescência é a fase da vida entre a puberdade e a independência financeira. Também costuma ser definida como a faixa etária entre 10 ou 12 anos e 18 ou 20.

Gravidez na adolescência é causada por trauma de infância

De acordo com o IBGE, 5,5% das adolescentes com 15 a 17 anos de idade já tiveram um ou mais filhos. Não estou aqui para dizer se uma adolescente pode ou deve ter filhos, mas vários estudos mostram que uma gravidez na adolescência pode trazer uma série de consequências negativas tanto para a mãe quanto para o filho. É impressionante como uma garota pode engravidar sem querer, com tanta facilidade de informação e acesso a métodos de planejamento familiar (camisinha, pílula etc.), ou como uma garota possa decidir engravidar e assim prejudicar seu futuro nos estudos e no trabalho.

Quando lidamos com os adolescentes, vemos que a realidade é muito mais complexa. Poucas vezes a gravidez pode ser considerada como um acidente completo; muitas vezes o casal sabia que corria o “risco” de engravidar, ou então a gravidez foi mesmo planejada. O frequente abandono dos estudos pode não parecer importante para a adolescente, e às vezes a ordem é inversa: primeiro a adolescente abandona os estudos, e depois engravida. O namoro, união estável ou casamento com uma pessoa já estabelecida profissionalmente pode ser um motivo para a adolescente abandonar os estudos, ou pelo menos não abortar em caso de gravidez acidental. Por fim, uma gravidez pode significar para a adolescente um meio de ganhar prestígio social, ou mesmo de sair de uma família inadequada.

Fotografia da barriga de um gestante, a partir do chão.

Na década de 90, o CDC realizou, em convênio com o plano de saúde Kaiser Permanente, um estudo com 17 mil pessoas adultas, examinando a relação entre o estado de saúde atual e uma série de traumas de infância (e adolescência), conhecidos tecnicamente como experiências adversas na infância. Os traumas de infância estudados incluem maus-tratos físicos (bater não educa!), emocionais e sexuais, negligência emocional ou física, e o testemunho de problemas familiares como agressão física da mãe, uso de drogas (inclusive álcool) por alguém da casa, adoecimento mental de alguém da casa, divórcio ou separação dos pais, ou envolvimento de familiares em crimes.

O grupo confirmou que os traumas de infância estão associados a um comportamento menos saudável e a mais problemas de saúde. Ano passado eu já tinha listado as principais doenças da mulher e do homem brasileiros, bem como os principais fatores de risco (da mulher e do homem) que levam essas pessoas a adoecer; o terceiro elo dessa cadeia seriam os traumas de infância.

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Como controlar a ansiedade do seu filho

O título original diz muito sobre a missão do livro: Como ajudar sua criança ansiosa, numa tradução literal. Os autores do livro Transtorno da Ansiedade na Infância presumem o tempo todo que os leitores são pais e mães de crianças com medos, preocupações ou ansiedades excessivas. Mesmo sem dispensar a consulta a um profissional de saúde, o livro ensina aos pais como ajudar seus filhos a superar situações que normalmente lhe trazem um sofrimento despropositado. Faço questão de destacar um trecho que explica como saber se sua criança (ou adolescente) poderá ser beneficiada pelo livro:

Capa do livro

Não existe isso de ‘medo anormal’. Todos os medos são normais — só que alguns são mais intensos e duram mais tempo que outros. […] O que importa é que se a ansiedade está prejudicando a vida de seu filho, você deve começar a pensar em fazer alguma coisa para ajudá-o a superar o problema.

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As 10 principais doenças das crianças no Brasil

OK, eu prometo que no próximo Dia das Crianças publico alguma coisa menos mórbida. Mas vocês sabem que ultimamente estou revirando os dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) sobre a carga de doença e a mortalidade de cada país em 2004. Com essas planilhas, e os documentos que as descrevem, é possível saber a importância de cada doença para diversas partes da população brasileira. Já listei as doenças mais importantes para os homens e para as mulheres, já listei para os idosos, e agora é a vez das crianças. (Em seguida: adultos.)

Menina curda com o rosto arranhado e a expressão sofrida

© Dûrzan cîrano (CC-BY-SA-3.0)

“Criança”, aqui, significa menores de 15 anos de idade, ou seja, os adolescentes estão um pouco incluídos também.

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Farmácias em unidades de saúde tornam prescrição mais efetiva

Convenhamos, se a pessoa não toma o medicamento, fica difícil dele fazer efeito. Mas na vida real é isso mesmo que muitas pessoas fazem: elas não usam a medicação como ela foi prescrita. Eu costumo anotar detalhadamente no prontuário os medicamentos prescritos, mas mesmo assim faço questão de perguntar no retorno como a pessoa está tomando aqueles medicamentos. Não adianta, por exemplo, acrescentar um comprimido de metformina para otimizar o tratamento do diabetes mellitus se a pessoa não está usando nem a dose que já foi prescrita.

Homem atrás de uma mesa coberta por frascos de analgésicos

© Chuck Olsen (BY-NC-SA)

O problema da não adesão ao tratamento é um velho conhecido dos médicos, mas o Journal of General Internal Medicine trouxe uma informação realmente nova: 22% das prescrições nem chegam às farmácias.

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Pedofilia não é tudo a mesma coisa

Longe de mim querer relativizar um problema tão grave de nossa sociedade (e de tantas outras). Mas eu não poderia deixar de mencionar o artigo recente do psiquiatra Daniel de Barros sobre os tipos de pedofilia. A motivação do colega foi um projeto de lei da senadora Marisa Serrano (PSDB-MS), mas acredito que a discussão seja ainda mais relevante para o estado do Espírito Santo, onde o senador Magno Malta (PR-ES) costuma aparecer em propagandas contra a pedofilia.

O problema é que a palavra tem ao menos três usos diferentes que vêm sendo tratados como se fossem intercambiáveis:

  • Um transtorno mental que leva as pessoas a terem desejos eróticos por crianças;
  • O ato de apresentar, produzir, vender, fornecer, divulgar ou publicar, por qualquer meio de comunicação, inclusive rede mundial de computadores ou internet, fotografias ou imagens com pornografia ou cenas de sexo explícito, envolvendo criança ou adolescente (Estatuto da criança e do adolescente); e
  • Ter envolvimento sexual de qualquer natureza com menores de idade.

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Filhos de lésbicas têm desenvolvimento psicológico normal

Agora que a Argentina reconheceu a união entre pessoas do mesmo sexo, muitas pessoas estão questionando quando o Brasil seguirá o exemplo. No meio tempo, os casais homossexuais daqui vão colecionando outros direitos, como o de incluir o companheiro como dependente no plano de saúde e no Imposto de Renda. Além disso, os homossexuais também podem adotar crianças, porque a lei brasileira é explícita quanto à irrelevância do estado civil (ser ou não casado), e a Constituição Federal proíbe a discriminação da pessoa em função de sua orientação sexual.

Duas recém-casadas com a filha ao meio

© bobster855 (alguns direitos reservados)

As pesquisadoras Gartrell e Bos destacam que a homossexualidade deixou de ser considerada doença há mais de 30 anos, mas ainda existe quem questione a legitimidade da criação de um filho (adotivo ou biológico) num lar homossexual. Já foram realizados vários estudos, que não encontraram influência alguma da orientação sexual dos pais no ajustamento psicológico dos filhos. A maioria desses estudos avaliou as famílias pontualmente, sem acompanhá-las ao longo do tempo. Isso traz algumas limitações, e é para responder a elas que as pesquisadoras começaram a acompanhar, em meados da década de 80, lésbicas grávidas ou planejando gravidez por inseminação artificial. O estudo científico publicado recentemente no periódico Pediatrics relata que hoje em dias esses filhos têm 16 a 18 anos de idade, e seu ajustamento psicológico é ainda melhor que a média.

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Bater não educa

O blog Psiquiatria e Sociedade comentou recentemente dois artigos científicos extremamente relevantes à controvérsia que se formou ao redor da lei da palmada. Num deles, a pesquisadora reuniu os resultados de mais de 300 estudos e chegou à conclusão de quais são as consequências positivas (só uma, na verdade), e quais são as consequências negativas das punições corporais (que é o que a lei proíbe). No outro artigo, os pesquisadores reuniram os estudos sobre o impacto das leis contra os castigos físicos em 24 países.

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10 motivos para parar de fumar

No início desta série semanal de 4 artigos em homenagem ao Dia Mundial sem Tabaco 2010, apresentei 10 motivos que levam as pessoas a fumar mesmo a gente sabendo hoje em dia que fumar faz mal para a saúde. O outro lado da moeda é que 18,2% dos brasileiros maiores de 15 anos de idade são ex-fumantes, e 80% dos fumantes atuais querem parar de fumar. Ora, a dependência da nicotina é uma das mais poderosas que existe. 50% das pessoas que fumam um cigarro vão ficar dependentes. Se as pessoas param de fumar mesmo assim, elas devem ter um bom motivo, não é mesmo?

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Como prevenir a osteoporose

A osteoporose é uma doença em que os ossos ficam mais frágeis, aumentando muito o risco de fraturas espontâneas ou em seguida a pequenos acidentes como quedas. Ao contrário do que muitas pessoas acreditam, a osteoporose não dói. O que causa a dor é a osteoartrose; o nome é parecido mas a doença é bem diferente. (Leia também: Como prevenir a artrite (osteoartrose).)

Mais do que prevenir a osteoporose, o importante é prevenir as fraturas. Isso inclui o tratamento da osteoporose, bem como a prevenção de quedas nas pessoas que tenham ou possam ter osteoporose, como os idosos. Nesse artigo, vou abordar principalmente a prevenção da osteoporose em si, mas algumas dessas medidas também são capazes de prevenir as fraturas em quem já tem osteoporose.

As orientações abaixo são baseadas principalmente em estudos com mulheres que já tiveram a menopausa, mas se aplicam a todas as faixas etárias e sexos, em maior ou menor grau. Em especial, ter um esqueleto saudável na adolescência parece ser um fator de proteção contra a osteoporose na terceira idade. Além disso, um estudo mostrou que o aumento da ingestão de cálcio aumenta a velocidade de crescimento de crianças e adolescentes.

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