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Mais gordura, menos carboidrato, mais saúde

Há muito tempo se sabe que uma dieta rica em gorduras saturadas está associada aos níveis de colesterol LDL (“ruim”), que está associado a placas de colesterol, que estão associadas a doenças cardiovasculares, como o infarto agudo do miocárdio (enfarte cardíaco) e o acidente vascular cerebral (AVC, derrame). Por isso, há cerca de quarenta anos se recomenda uma dieta pobre em gordura (especialmente saturada) e rica em carboidratos (como arroz e pão).

Desde então, nosso entendimento do assunto avançou consideravelmente. Por exemplo, já sabemos que consumir ovo não aumenta o risco de doença cardiovascular, apesar de a gema do ovo ser rica em colesterol. Não apenas o ovo é rico em substâncias benéficas, mas (o mais importante) várias pesquisas verificaram que o risco cardiovascular não aumenta com o consumo de ovo.

Agora é a vez reexaminarmos o papel das gorduras e dos carboidratos no risco cardiovascular. Lembram-se do estudo PURE, com seus surpreendentes resultados sobre a relação entre a ingestão de sódio e a mortalidade? Em um artigo publicado em agosto pela revista científica The Lancet), os pesquisadores do PURE avaliaram a relação entre a ingestão de gorduras e carboidratos e o risco de doença cardiovascular (inclusive morte cardiovascular) e de morte por quaisquer causas. Durante uma média de 7,4 anos, o estudo acompanhou mais de 135 mil pessoas, tanto na área urbana quanto na rural, em 18 países distribuídos entre todos os continentes e estratos de desenvolvimento econômico, inclusive o Brasil.

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Os 10 maiores fatores de risco para a nossa saúde

No dia 31 de maio comemoramos o Dia Mundial sem Tabaco. E temos muito o que comemorar! A proporção de fumantes no Brasil diminui ano após ano, e o número de ex-fumantes já é maior do que o número de fumantes. Mesmo assim, o tabagismo ainda é o 5º fator de risco que mais prejudica a saúde do brasileiro. E quais os quatro fatores de risco mais importantes do que o tabagismo?

A lista dos os 10 maiores fatores de risco para a nossa saúde, que eu divulguei cinco anos atrás, foi atualizada em dezembro de 2012. Esse novo estudo de Carga Global de Doença foi um trabalho colossal, reunindo toda a informação disponível sobre 67 fatores de risco modificáveis e 291 doenças e outros agravos (por exemplo, agressões e acidentes), em todos os países do mundo.

Não apenas a nossa situação de saúde mudou muito, mas também os pesquisadores conseguiram acesso a mais dados, e a melhores técnicas de análise.

Este artigo substitui outro, publicado na terça-feira, 2 de junho de 2015.

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Beber com moderação está associado a menor risco de infarto

Não existem dúvidas de que o uso moderado do álcool, em comparação ao uso excessivo, diminui o risco de infarto agudo do miocárdio e vários outros problemas de saúde. O problema está na comparação entre o uso moderado e a abstinência, ou seja, entre beber pouco e não beber. Há algumas décadas vários estudos têm mostrado que as pessoas que consomem bebidas alcoólicas (não apenas vinho) com moderação têm menor risco de infarto que as pessoas abstinentes, ou seja, que não bebem nem um pouco. Mas… será que deveríamos recomendar a estas pessoas que bebam pelo menos um pouco? Dois estudos publicados dia 22 de fevereiro no British Medical Journal resumem o progresso da ciência no sentido de responder a essa questão.

Cerveja Ravnsborg Rød sendo servida numa tulipa

O primeiro artigo resumiu os estudos que observaram ao longo do tempo o efeito do álcool sobre a saúde do aparelho circulatório. Foram 84 estudos, e acompanharam ao todo mais de 3 milhões de pessoas, ao longo de 2,5 a 35 anos, nos EUA, Canadá, vários países da Europa, Austrália, Nova Zelândia, Japão e China. Essa revisão da literatura científica comprovou que o uso moderado do álcool, em relação ao não uso, está associado a:

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Dicas de leitura: exame de colesterol, licença para comer ovo

O blog Medicina de Família publicou recentemente dois artigos que certamente interessarão a boa parte dos leitores do Doutor Leonardo:

  • Omelete sem culpa — Um estudo com dados do terceiro National Health and Nutrition Examination Survey não encontrou relação entre o consumo de ovos e o risco de morte por doença isquêmica do miocárdio (infarto e seus amigos) ou doença isquêmica cerebral (AVC).
  • Dosagem seriada de colesterol: há indicação? — Esse artigo fui eu quem escreveu, mas pedi a eles que publicassem porque é voltado para médicos. (Prefiro publicar aqui material que também seja interessante para as pessoas em geral.) Em resumo, dois estudos realizados em contextos diferentes mostraram que a variabilidade dia-a-dia do colesterol é tão grande que, se solicitarmos o exame em intervalos menores que 3 anos, a maior parte da variação de um exame para o outro terá sido por imprecisão, e não por mudanças verdadeiras no metabolismo do colesterol.

Ter uma saúde perfeita não é normal

Quase 2 mil norte-americanos de meia-idade responderam a um questionário sobre o quão saudável era seu estilo de vida. O resultado é ainda pior do que se esperava: apenas um, dos 1933 entrevistados, apresentava os 7 componentes de uma vida saudável do ponto de vista cardiovascular (cardíaco e circulatório). Em média, os brancos tinham 2,6 componentes do estilo de vida saudável, enquanto os negros estavam ainda pior, com uma média de apenas 2,0 componentes.

Radiografia de tórax, com o espaço dos pulmões em vermelho.

A pesquisa é melhor entendida no contexto do projeto da American Heart Association: Até 2020, melhorar a saúde cardiovascular de todos os [norte-]americanos em 20%, reduzindo em 20% as mortes cardiovasculares e por derrame. Para fins desse projeto, a saúde cardiovascular (do coração e da circulação) é medida através do cumprimento dos 7 critérios a seguir:

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Por que os homens morrem mais cedo?

Hoje se completa um ano desde que o Ministério da Saúde lançou a Política Nacional da Saúde do Homem. (Leia a nota publicada em 2009.) Todo o mundo o mundo viu na televisão o que os médicos já sabiam havia muito tempo: o homem morre mais cedo que a mulher. Quando a política foi lançada, a expectativa de vida ao nascer dos homens era estimada em 7,6 anos a menos que a das mulheres.

O engraçado é que os homens morrem mais cedo, mas adoecem menos. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), um homem brasileiro que nascesse em 2002 teria uma uma expectativa de passar 13,0% de sua vida, ou seja, 8,5 anos com algum grau de incapacidade (que é uma forma de medir a gravidade das doenças). Já uma mulher que nascesse naquele mesmo ano teria uma expectativa de passar 9,8 anos com incapacidade, ou seja 13,6% de sua expectativa total de vida.

A maioria dos consultórios médicos recebe mulheres com muito mais frequência do que homens. Além de adoecer mais, as mulheres vão ao médico com mais facilidade que os homens, seja por motivos culturais, seja por motivos trabalhistas. Quando o agente comunitário de saúde visita uma família, é quase sempre a mulher que o atende, mesmo que o homem esteja em casa.

Pensando em ajudar todos a olhar um pouco mais para a saúde do homem, trago aqui uma análise dos 10 principais fatores de risco para a saúde do homem brasileiro. Para dar uma dimensão da importância de cada fator de risco, anotei entre parênteses a proporção da carga de doença da população masculina que é causada por aquele fator de risco.

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Indústria farmacêutica pode ter manipulado estudo com o Crestor

A rosuvastatina (Crestor) é um medicamento do grupo das estatinas. Assim como sinvastatina, atorvastatina e outras, a rosuvastatina é capaz de diminuir os níveis de colesterol no sangue, e em alguns casos até de diminuir a mortalidade cardiovascular (por problemas cardíacos e circulatórios). De dois anos para cá a a rosuvastatina virou moda, em grande parte por causa de um estudo que mostrou uma diminuição pela metade no risco de infarto agudo do miocárdio (enfarte do coração) e de acidente vascular cerebral (AVC, derrame) em pessoas com níveis normais de colesterol.

Várias pílulas saindo de uma caixinha derrubada aberta sobre uma mesa

© Michael Chen (alguns direitos reservados)

O problema é que, em 28 de junho de 2010, o Archives of Internal Medicine publicou um novo estudo, em que outra equipe de pesquisadores reanalisou os dados da pesquisa anterior, e chegou à conclusão de que os resultados do experimento não dão suporte ao uso de estatinas para a prevenção […] de doenças cardiovasculares, e levanta questões perturbadoras com relação ao papel dos patrocinadores comerciais. (Fonte: KevinMD.com.)

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Quem tem risco de ter diabetes mellitus

Existem sintomas típicos de diabetes, mas o ideal é fazer o diagnóstico precoce, antes da doença começar a se manifestar. Os exames periódicos de sangue são ainda mais importante para as pessoas com algum fator de risco para o desenvolvimento de diabetes mellitus.

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Os 10 maiores fatores de risco para a saúde do Brasil

Este artigo foi atualizado em 2015: “Os 10 maiores fatores de risco para a nossa saúde.”

Semana passada publiquei um artigo sobre os 10 maiores fatores de risco para a saúde das mulheres brasileiras, levando em consideração não apenas o risco individual das pessoas afetadas, mas também o número de mulheres afetadas. Pois bem, dessa vez trago a vocês uma lista semelhante, mas com os principais fatores de risco para a saúde de toda a população brasileira, não apenas das mulheres. (Leia também: Por que os homens morrem mais cedo?.)

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Conheça os 10 maiores fatores de risco para a saúde da mulher

As mulheres têm uma presença constante na assistência à saúde, seja como profissionais, seja como pacientes. Qualquer antessala de médico tem duas vezes mais mulheres que homens. Por isso, aproveito o Dia Internacional da Mulher para divulgar quais são os fatores de risco modificáveis que mais tiram anos de vida e que mais trazem incapacidade para as mulheres brasileiras.

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