Arquivo do Autor: Leonardo Fontenelle

Criança com febre? Pode ser dengue.

Resolvi fugir um pouco da rotina, e enviei o artigo de hoje para um portal chamado Banco de Saúde. Fique tranquilo, pois vou continuar a escrever no Doutor Leonardo; publicar no Banco de Saúde é uma forma de atrair cada vez mais leitores para cá. E os leitores do Doutor Leonardo não vão perder coisa alguma, pois eu publicarei aqui um link para cada artigo que eu envie para o Banco de Saúde.

No caso, o artigo de hoje é sobre o diagnóstico de dengue em crianças:

Febre é um dos principais motivos para se levar uma criança ao pronto-socorro. Muitas vezes o diagnóstico é simplesmente “virose”, o que significa dar medicamentos para aliviar os sintomas e aguardar que o sistema imune resolva a infecção. Acontece que muitas desses viroses são, na verdade, dengue, o que exige dos pais alguns cuidados para evitar o pior. […]

Cada caso é um caso, mas de uma forma geral você deve fazer o seguinte: […]

Como funciona a efetivação do agente comunitário de saúde

Um leitor me perguntou:

De que forma se dá o processo de efetivação do ACS por parte do município? Um ACS passou por um processo seletivo público em 2002, quando o município ainda não realizava concurso publico para ACS. Esse ACS deve entrar com pedido de efetivação, ou o município é obrigado a efetivá-lo? Há uma lei que nos ampare neste sentido?

Prezado Samuel, o trabalho do agente comunitário de saúde é regido principalmente pela Emenda Constitucional nº 51, pela Lei Federal nº 11.350, e pela Emenda Constitucional nº 63. A sua dúvida é respondida pelo parágrafo único do 2º artigo da EC 51:

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Ministro da Saúde inaugura Clínica de Saúde da Família

Conforme noticiado pelo Ministério da Saúde:

Jardim de inverno da Clínica da Família David Capistrano Filho.

Em seu primeiro compromisso oficial fora do gabinete em Brasília, o novo Ministro da Saúde, Alexandre Padilha, prestigiou a inauguração da primeira Clínica de Saúde da Família do governo Dilma Roussef, na última sexta-feira, 07 de janeiro, em Campo Grande, Zona Oeste do Rio de Janeiro.

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Como a expectativa de vida evoluiu em 200 anos

Doutor Hans Rosling é estatístico e médico, e tem um programa de televisão onde apresenta a estatística de forma divertida. 200 países, 200 anos, 4 minutos é um vídeo em que o professor mostra como a saúde está ligada à economia, e como os países evoluíram nesses aspectos ao longo de 2 séculos.

O vídeo está em inglês e não tem legendas. Se quiser, preferir, leia as anotações a seguir antes de assistir ao vídeo.

  • Cada bola representa um país. Quanto maior a bola, maior a população. Quanto mais para cima, maior a expectativa de vida ao nascer. Quanto mais para a direita, maior a renda média da população. A cor indica o continente.
  • Em 1810 todos os países eram pobres e doentes. Apenas dois países tinham um expectativa de vida maior que 40 anos: Reino Unido e Holanda.
  • Ao longo do século 19 a revolução industrial melhorou em muito a renda em alguns países, principalmente na Europa. A expectativa de vida acompanhou. No resto do mundo, por outro lado, a situação continuou a mesma.
  • Os efeitos da 1ª Guerra Mundial, da Gripe Espanhola, da Crise de 1929, e da 2ª Guerra Mundial são marcantes.
  • Em 1948 a diferença entre os países atingiu seu máximo. O Brasil, que começou a melhorar em 1913, tinha superado a maioria dos países asiáticos e africanos, mas ainda estava pior que a maioria dos europeus.
  • As colônias europeias na África e na Ásia ganharam independência, e começaram a melhorar, tanto na economia quanto principalmente na expectativa de vida. O Brasil mudou para a parte mais rica e saudável do gráfico, mas continua não sendo exatamente um expoente.
  • Mesmo com a melhora geral, em 2009 ainda existiam grandes discrepâncias entre os países — e entre os países. A China, por exemplo, tem uma renda média e um nível de saúde semelhante ao Brasil, mas sua província Xangai tem condições mais semelhantes à Itália, enquanto outra província, Guizhou, está mais próxima do Paquistão.
  • A tendência para o futuro é de melhora, e com as novas tecnologias é possível que todos os países se tornem ricos e sadios.

E finalmente, o vídeo:

Muitas pessoas no Brasil têm a impressão de que o mundo está piorando. De fato, a violência no Brasil se tornou um problema seríssimo nas ultimas décadas. Mas, quando eu penso no aumento da expectativa de vida e nas condições de vida, fica muito mais fácil aceitar que as coisas estão melhorando, sim.

Por que médico tem letra feia?

A (falta de) caligrafia dos médicos é motivo frequente de comentários, tanto de pacientes quanto de outros profissionais. Alguns médicos não são sequer capazes de entender o que eles mesmos escreveram! Volta e meia algum paciente me pergunta por que médico tem letra feia, e por isso pensei em dividir com você, leitor do Doutor Leonardo, minha opinião sobre o assunto.

Visão próxima de um trecho da letra da canção Ágætis byrjun, da banda Sigur Rós, escrita com o punho do próprio fotógrafo.

Para começar, a letra de um médico não se parece em nada com a letra de outro. Apesar de um ou outro comentário maldoso, caligrafia ruim não faz parte do currículo de qualquer faculdade de Medicina. Além disso, de acordo com Marília Cristina Milano Campos, secretária geral do CRM do Paraná, 80% dos médicos têm letra legível. Mas meu argumento favorito é o do médico Paulo Pereira: Quem já viu letra de engenheiro, de advogado, de contabilista, etc? Só escreve bonito aquele professor de ensino fundamental e médio, que passa a matéria em conta-gotas para seus alunos.

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Você sabe beber com moderação?

A maioria das pessoas no Brasil acredita que beber cerveja socialmente não faz mal à saúde. De fato, é possível beber cerveja socialmente sem haver muito risco à saúde, mas essa também é a forma mais comum das pessoas fazerem uso nocivo de álcool.

Homem bêbado dormindo sobre a neve, sob o olhar censurador de um policial

Cartão postal alemão de 1912.

No ano passado a Revista Brasileira de Psiquiatria publicou um resumo (em inglês) do 1º Levantamento Nacional sobre os Padrões de Consumo de Álcool na População Brasileira. A pesquisa (em português), conduzida por pesquisadores da Unifesp, constatou que 9% dos brasileiros maiores de 18 anos de idade são dependentes do álcool (alcoólatras, como se diz). Mas o estrago é muito maior que isso: 25% dos entrevistados relataram ter tido um ou mais problemas decorrentes do excesso de bebida alcoólica nos últimos 12 meses.

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Retrospectiva 2010

Esse foi o ano em que botei em prática meu antigo projeto de escrever um blog sobre saúde — em especial, Saúde da Família. E o resultado não poderia ter sido melhor: um trabalho de qualidade, com um público cada vez maior. Eu cheguei mesmo a precisar fazer ajustes para atender a tanta gente: durante alguns meses o recurso de artigos relacionados (Leia também) precisou ser desativado, e recentemente solicitei ao provedor de hospedagem que quintuplicasse o número máximo de e-mails que posso enviar por hora.

Fogos de artifício.

O carro-chefe do Doutor Leonardo é, sem dúvida, o artigo Emenda constitucional garante piso salarial para agentes comunitários de saúde, que até hoje é responsável por mais de 10% das visitas. E muitos visitantes se tornaram leitores assíduos, talvez por causa de outros artigos importantes, como:

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Cerimônia de efetivação dos agentes comunitários de saúde de Vitória

Enquanto Dilma Rousseff e Renato Casagrande terão que esperar até amanhã, os agentes comunitários de saúde e dos agentes de controle de endemias de Vitória (ES) tomaram posse hoje ontem mesmo, em cerimônia simbólica. Era tanta gente que não havia lugar para todos se sentarem no auditório da Prefeitura Municipal de Vitória. Até mesmo quem não seria efetivado estava lá para prestigiar os colegas.

Como já mencionei em novembro, a efetivação dos ACS e dos ACE no município de Vitória é o resultado de um processo que envolveu até mesmo o sindicato e o Ministério Público. Como a cerimônia de hoje foi simbólica, a efetivação mesmo dos agentes comunitários de saúde se dará aos poucos, na medida em que forem acabando seus contratos com a própria prefeitura.

Para mais informações — e fotografias — leia a matéria no site da Prefeitura Municipal de Vitória.

Manutenção quase encerrada

Há alguns meses o Doutor Leonardo começou a apresentar dificuldades para lidar com o elevado número de visitantes, ao ponto de ser necessário remover o recurso Leia também, que seleciona automaticamente alguns artigos relacionados àquele que o visitante acabou de ler.

Pois bem, aproveitei o fim de semana para transferir o Doutor Leonardo para outro provedor de hospedagem, e espero não ter mais problemas com o desempenho. Infelizmente, a transição não foi assim tão suave, de forma que os comentários feitos durante o fim de semana foram perdidos. Por favor, se você deixou algum comentário sábado ou domingo, escreva de novo!

O recurso de Leia também já está funcionando de novo, mas outro recurso, o Participe, foi perdido na mudança, e terá que ser recriado do zero. Não vou estipular um prazo para o funcionamento normal deste último recurso, até porque prefiro privilegiar o conteúdo.

E por falar em conteúdo, dentro de alguns dias pretendo publicar um artigo explicando o que é, afinal, beber com moderação. Aguardem!

Especialidade está associada a melhor atenção primária à saúde

Uma dissertação de mestrado da Universidade Federal do Rio Grande do Sul investigou os fatores associados a uma melhor qualidade da atenção primária à saúde em Curitiba (PR). A primeira conclusão já era esperada: unidades de Saúde da Família (“PSF”) prestam uma atenção melhor que a das unidades tradicionais. A pontuação média das unidades de Saúde da Família foi de 7,4 (numa escala de 0 a 10), enquanto a das unidades tradicionais foi de 6,6.

No primeiro plano, a escultura 'A Mãe'. Ao fundo, a estufa do Jardim Botânico Fanchette Rischbieter.

Mas o mais interessante é que essa foi aparentemente a primeira pesquisa nacional a avaliar a importância da especialização em Saúde da Família. A proporção de pontuações elevadas (maiores ou iguais a 6,6) foi 20% maior entre os especialistas em Medicina de Família e Comunidade e em Enfermagem Comunitária, em comparação aos pediatras, clínicos gerais, ginecologistas-obstetras, médicos sem especialidade, e outros enfermeiros. Essa maior proporção de pontuações elevadas entre os especialistas foi na verdade um engano meu. O estudo não mostrou associação entre a especialidade médica e o escore de qualidade da atenção primária. Aliás, isso faz bastante sentido, já que o instrumento foi criado para avaliar serviços de saúde, e não profissionais.

A autora da pesquisa não poderia ser mais imparcial: além de secretária municipal de saúde de Curitiba, Eliana Chomatas é pediatra.

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