Arquivo do Autor: Leonardo Fontenelle

Mil comentários

Eu só queria contar para vocês que o Doutor Leonardo acabou de atingir a marca de 1000 comentários, em 10 meses de existência. São quase 25 comentários por semana!

Recentemente uma certa autoridade capixaba publicou um artigo num jornal importante do estado. Quando penso que (fiquei sabendo) essa pessoa recebeu muito poucos comentários, aí é que me sinto privilegiado pelos leitores que tenho.

Agradeço do fundo do coração por todos os comentários, sugestões e divulgação. Vocês fazem o Doutor Leonardo ser ainda melhor!

Município de Vitória efetiva os agentes comunitários de saúde

A Câmara Municipal de Vitória (ES) aprovou, nesta última terça-feira (16), uma alteração no estatuto do servidor municipal para contemplar os agentes comunitários de saúde e os agentes de combate a endemias. O Projeto de Lei nº 237/2010, que inclui os ACS e ACE no quadro de servidores públicos efetivos, foi votado com a presença de 200 agentes da cidade.

A situação era um pouco atípica, porque o presidente da Câmara Municipal assumiu interinamente o cargo de prefeito. Mas o projeto de lei foi resultado de um processo que já vem de algum tempo, e inclusive foi entregue pelo próprio prefeito antes de transmitir o cargo. A efetivação dos ACS (e dos ACE) em Vitória contou com a participação do Ministério Público Estadual, do SindSaúde-ES, da própria Prefeitura Municipal de Vitória, e até da Câmara Municipal de Vitória. Um dos cuidados adotados no processo foi o de documentar muito bem que os ACS (e ACE?) tinham sido efetivamente contratados através de processo seletivo público, pré-requisito para a integração automática ao quadro de servidores municipais.

Continue lendo

Quando parar de fazer mamografia

Chega uma época na vida da pessoa em que os exames de rotina precisam ser repensados. Assim como muitos idosos não vêm benefício em adotar um estilo de vida mais saudável (por exemplo comendo mais salada), a rotina de mamografia precisa ser rediscutida com a pessoa quando ela atinge os 70 anos de idade.

O documento da Femama que citei há duas semanas não aborda a questão de quando (ou se) parar de fazer mamografia a partir de alguma idade; e o Inca não faz recomendações para as mulheres com 70 anos ou mais de idade.

Não existem dúvidas de que a mamografia continua sendo efetiva na detecção precoce do câncer de mama depois dos 70 anos. Na verdade, quando mais idosa a mulher, melhor a mamografia, pois fica mais fácil identificar calcificações anormais e pequenos nódulos. O problema é que, depois de uma certa idade, aumenta muito a chance do exame detectar um câncer que não traria qualquer consequência para a mulher.

Continue lendo

Pausa para o mestrado

Podem ficar tranquilos, não morri nem tirei férias. Estou fazendo alguns ajustes em minha dissertação de mestrado, e tenho pressa para terminá-la. Não vai dar para publicar nada hoje, mas em poucos dias volto à ativa.

Dia 14 será o Dia Mundial do Diabetes, então quem tiver interesse está convidado a (re)ler uma série de artigos que publiquei sobre o assunto em junho e julho:

Assim que puder completarei a série atual, sobre a detecção precoce do câncer de mama. Já escrevi sobre mamografia aos 40 anos e sobre mamografia anual ou bianual dos 50 ao 69 anos, e pretendo escrever sobre até quando a mulher deve continuar fazendo mamografia, e sobre as limitações do auto-exame das mamas.

Tenho uma lista aparentemente inesgotável de ideias para novos artigos, abrangendo um bocado de temas. Mas isso não significa que eu esteja fechado para sugestões — muito pelo contrário! Se você tiver uma pergunta que eu poderia responder na forma de um artigo, por favor me avise e darei prioridade à sua sugestão.

Conte ao seu médico como você é tratada

Achei esse artigo muito interessante, e pensei até mesmo em traduzir para publicar no Doutor Leonardo. Felizmente, o Blog do Pediatra em Casa já fez isso por mim! Confira o seguinte trecho:

Aos 73 anos, eu tenho visto certamente a evolução da experiência “médica”, da obstetrícia/ginecologia até o pediatra (tenho 5 filhos) a especialista, generalista.

Aprendi a aceitar o fato de que nesta época de alta tecnologia, nós não vamos estar conversando com o nosso médico sobre o preço do salgadinho na cantina da escola. A maior lição que aprendi, no entanto, é que, se você é tratado rudemente ou de forma brusca por algum funcionário, muitas vezes, o médico nem tem ideia do que está acontecendo. Você precisa dizer a ele, seja pessoalmente ou por uma cartinha “confidencial” escrita à mão.

Para ler o depoimento integral desta senhora norte-americana, bem como os comentários do pediatra brasileiro Andre Bressan, acesse a página Uma reflexão interessante sobre experiência de ser ‘paciente’.

Número de pessoas ou famílias por agente comunitário de saúde

Esse artigo é uma espécie de 2-em-1. Primeiro, vejamos a pergunta desse agente comunitário de saúde do Acre:

[…] Aproveitando, gostaria de pedir ao senhor que me informe sobre a quantidade de famílias e pessoas estabelecida pelo Ministério da Saúde por ACS.

Essa pergunta eu posso responder junto desta outra, de um ACS de Minas Gerais:

Gostaria de saber do senhor por que nós ACS [da área rural] temos que fazer uma quantidade de casas quase igual à dos ACS urbanos. […] tivemos que comprar carro para trabalhar, já que uma casa é longe da outra. Chega a ser no total 20km de distância, se não tiver carro não conseguimos fazer a pé. Temos que colocar gasolina do nosso bolso, e ganhando 575,00 reais.

Continue lendo

Mamografia pode ser feita a cada 2 anos

No artigo em que discuti os prós e os contras da mamografia a partir dos 40 anos de idade, falei o tempo todo em mamografia anual. De fato, tudo indica que nessa faixa etária a mamografia anual seja melhor que a bianual. Mas, no que diz respeito às mulheres com 50 anos de idade ou mais, a frequência ideal é alvo de uma nova discussão. O Inca recomenda mamografia a cada 2 anos, enquanto a Femama divulga que toda mulher deve fazer o exame anualmente.

Um estudo (em inglês) encomendado pela Força-Tarefa de Serviços Preventivos dos Estados Unidos reuniu uma série de pesquisas feitas até hoje, e chegou à conclusão de que fazer mamografia de 2 em 2 anos traz entre 67% e 99% do benefício de se fazer todo ano. Os riscos da mamografia, por outro lado, são proporcionais ao número de exames realizados, e não são nada desprezíveis.

Continue lendo

Erramos: você gastaria 15 MIL reais para ganhar um ano de vida?

Preciso admitir que cometi um grave engano em meu artigo Você gastaria 15 reais para ganhar um ano de vida?. Ao contrário do que disse, um programa de vacinação infantil contra a varicela não custaria R$ 15 para cada ano de vida ganho, e sim R$ 15 mil para cada ano de vida ganho.

O motivo é muito simples. No resumo do artigo científico está escrito: The program is cost-effective (R$ 14,749 and R$ 16,582 per life-year saved under the societal and the healthcare system’s perspective, respectively). Apesar dos valores estarem registrados em reais, a vírgula aí é o separador de milhares, como é de praxe na língua inglesa.

Confesso que a maior motivação para escrever aquele artigo foi o custo aparentemente irrisório para um benefício tão grande. Era bom demais para ser verdade, e não fazia sentido algum que até hoje a vacina não tivesse sido adotada no SUS. Agora tudo faz mais sentido. Hoje em dia, eu já dispensaria a vacina de catapora em favor da mamografia anual para mulheres de 40 a 49 anos de idade, que tem uma melhor custo-efetividade (custo-benefício).

Eu poderia simplesmente corrigir o erro no artigo, para atender aos futuros visitantes enviados pelo Google. Mas fiz questão de publicar esta errata em respeito aos meus cada vez mais numerosos assinantes, que sem isso persistiriam com a impressão de que a vacinação contra a varicela seria surrealmente custo-efetiva.

Mamografia aos 40 anos é controversa

Chegamos ao fim de mais um Outubro Rosa: vários monumentos públicos foram iluminados, e os meios de comunicação deram mais espaço para o combate ao câncer de mama. Este é o tipo de câncer mais comum entre as mulheres (depois o câncer de pele não-melanoma), e está entre as 15 doenças que mais comprometem a saúde da mulher brasileira. A mamografia é o melhor exame para a detecção precoce, mas ainda existem controvérsias sobre quais mulheres devem fazê-lo, e com que frequência. Por isso, o Doutor Leonardo vai publicar uma série de quatro artigos sobre dúvidas no rastreamento do câncer de mama, expondo os prós e os contras de cada opção.

Mama sendo comprimida para obter imagem mamográfica ótima.

© Governo federal dos Estados Unidos da América (domínio público)

A maior polêmica, no Brasil e no resto do mundo, é se as mulheres com 40 a 49 anos de idade devem ou não ser submetidas ao exame. A Femama recomenda que todas as mulheres nessa faixa etária façam mamografia anualmente. O Inca, por outro lado, recomenda que a mulher só realize mamografia de rotina a partir dos 50 anos de idade, a não ser que tenha fatores de risco adicionais.

Continue lendo

Salário do agente comunitário de saúde não aumenta com o incentivo

Uma leitora me procurou por e-mail, preocupada com a possibilidade de que o repasse federal para os agentes comunitários de saúde não esteja sendo usado devidamente pelo seu município.

[…] Por exemplo, sobre o bloco de atenção básica:

  • Piso da Atenção Básica Variável — Agentes Comunitários de Saúde (ACS): R$5.859,00 ao mês.
  • Piso da Atenção Básica Variável — Saúde da Família (SF): R$12.800,00 ao mês.

Gostaria de saber se o senhor poderia ajudar, o que realmente pode ser feito com esses recursos que vêm para o município? Eles são destinados para a folha de pagamento dos agentes comunitários de saúde? Os dois, ou um só? Algum desses recursos pode comprar medicamentos na distribuição gratuita do centro de saúde? Aqui no nosso município o salario dos ACS é de R$ 587,43.

Em resumo, os incentivos financeiros para os agentes comunitários de saúde e para as equipes de Saúde de Família são parte do bloco de financiamento da atenção básica, e toda a verba desse bloco pode ser usada para qualquer ação de atenção básica, e não apenas para o pagamento dos agentes comunitários de saúde.

Continue lendo