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Ultrassom prejudica o cérebro do bebê?

O sempre antenado médico de família e comunidade Ronaldo Zonta chamou a atenção para uma coluna da Folha de São Paulo onde a neurocientista Suzana Herculano-Houzel alerta para um risco do ultrassom realizado durante a gravidez:

[…] Pasko Rakic, um dos maiores especialistas mundiais no desenvolvimento do sistema nervoso, […] descobriu que, aplicada a camundongas gestantes em condições comparáveis às dos exames feitos com mulheres grávidas, a ultrassonografia tem o potencial de perturbar a migração dos neurônios que formarão o cérebro dos filhotes. Quanto maior o tempo de exposição, maior a porcentagem de neurônios que se perdem ao longo do trajeto de migração do local onde eles nascem até seu destino no córtex cerebral. A porcentagem sobe de 5% nos animais controle para 19% em animais expostos ao ultrassom por sete horas, o maior tempo testado no estudo. […]

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Gravidez na adolescência é causada por trauma de infância

De acordo com o IBGE, 5,5% das adolescentes com 15 a 17 anos de idade já tiveram um ou mais filhos. Não estou aqui para dizer se uma adolescente pode ou deve ter filhos, mas vários estudos mostram que uma gravidez na adolescência pode trazer uma série de consequências negativas tanto para a mãe quanto para o filho. É impressionante como uma garota pode engravidar sem querer, com tanta facilidade de informação e acesso a métodos de planejamento familiar (camisinha, pílula etc.), ou como uma garota possa decidir engravidar e assim prejudicar seu futuro nos estudos e no trabalho.

Quando lidamos com os adolescentes, vemos que a realidade é muito mais complexa. Poucas vezes a gravidez pode ser considerada como um acidente completo; muitas vezes o casal sabia que corria o “risco” de engravidar, ou então a gravidez foi mesmo planejada. O frequente abandono dos estudos pode não parecer importante para a adolescente, e às vezes a ordem é inversa: primeiro a adolescente abandona os estudos, e depois engravida. O namoro, união estável ou casamento com uma pessoa já estabelecida profissionalmente pode ser um motivo para a adolescente abandonar os estudos, ou pelo menos não abortar em caso de gravidez acidental. Por fim, uma gravidez pode significar para a adolescente um meio de ganhar prestígio social, ou mesmo de sair de uma família inadequada.

Fotografia da barriga de um gestante, a partir do chão.

Na década de 90, o CDC realizou, em convênio com o plano de saúde Kaiser Permanente, um estudo com 17 mil pessoas adultas, examinando a relação entre o estado de saúde atual e uma série de traumas de infância (e adolescência), conhecidos tecnicamente como experiências adversas na infância. Os traumas de infância estudados incluem maus-tratos físicos (bater não educa!), emocionais e sexuais, negligência emocional ou física, e o testemunho de problemas familiares como agressão física da mãe, uso de drogas (inclusive álcool) por alguém da casa, adoecimento mental de alguém da casa, divórcio ou separação dos pais, ou envolvimento de familiares em crimes.

O grupo confirmou que os traumas de infância estão associados a um comportamento menos saudável e a mais problemas de saúde. Ano passado eu já tinha listado as principais doenças da mulher e do homem brasileiros, bem como os principais fatores de risco (da mulher e do homem) que levam essas pessoas a adoecer; o terceiro elo dessa cadeia seriam os traumas de infância.

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Uma retrato do aborto no Brasil

Esse ano foi realizada a primeira Pesquisa Nacional de Aborto, abrangendo 2002 mulheres de todo o território nacional. A pesquisa consistiu num inquérito domiciliar, semelhante aos realizados pelo IBGE, mas usando uma técnica com urna para garantir a sinceridade da entrevistada. Os primeiros resultados foram publicados em junho na revista científica Ciência & Saúde Coletiva.

Feto saudével extraído de uma mulher que tinha colo do útero.

© Suparna Sinha (CC-BY-SA-2.0)

A informação que mais chama a atenção é que, ao completarem 40 anos de idade, mais de um quinto das mulheres brasileiras já induziram pelo menos um aborto. A proporção foi maior entre mulheres com menor escolaridade, mas não houve muita diferença entre religiões.

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As 10 principais doenças das crianças no Brasil

OK, eu prometo que no próximo Dia das Crianças publico alguma coisa menos mórbida. Mas vocês sabem que ultimamente estou revirando os dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) sobre a carga de doença e a mortalidade de cada país em 2004. Com essas planilhas, e os documentos que as descrevem, é possível saber a importância de cada doença para diversas partes da população brasileira. Já listei as doenças mais importantes para os homens e para as mulheres, já listei para os idosos, e agora é a vez das crianças. (Em seguida: adultos.)

Menina curda com o rosto arranhado e a expressão sofrida

© Dûrzan cîrano (CC-BY-SA-3.0)

“Criança”, aqui, significa menores de 15 anos de idade, ou seja, os adolescentes estão um pouco incluídos também.

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O papel do agente comunitário de saúde no SUS

Sexta-feira não deu para publicar o artigo que eu pretendia, mas foi por um bom motivo. Eu estava terminando de preparar uma apresentação para agentes comunitários de saúde de Vitória, a pedido dos estudantes de enfermagem da UFES. Dia 4 de outubro foi o Dia Nacional do Agente Comunitário de Saúde, e só agora percebi que nada publiquei a esse respeito. Resolvi então matar dois coelhos numa cajadada só, e trago a vocês uma versão adaptada de minha apresentação. Ao longo dos próximos dias escreverei o artigo sobre tratamento da osteoartrose (prometido no artigo anterior) e sobre a vacinação de rotina contra a catapora (prometida num comentário). Em breve pretendo trazer mais um artigo sobre os agentes comunitários de saúde — aguardem!

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As 10 principais doenças da mulher brasileira (corrigido)

Atualização (2015): “As 10 piores doenças no Brasil.”

Depois de ter listado as 10 principais doenças do homem brasileiro, eu não poderia deixar de contemplar também as mulheres com um artigo semelhante. Até porque as mulheres procuram os serviços de saúde com mais frequência, além de estarem em contato mais direto com os agentes comunitários de saúde.

Os números entre parênteses são a proporção da carga de doença da mulher brasileira atribuída a cada doença.

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Saúde da família amplia acesso a pré-natal no SUS

O Ministério da Saúde divulgou que o número de consultas de pré-natal realizadas pelo Sistema Único de Saúde (SUS) aumentou 125% entre os anos de 2003 e 2009. De acordo com o Departamento de Atenção Básica do Ministério da Saúde, uma das causas seria o aumento do número de equipes de Saúde da Família. Durante o período estudado, a cobertura da Saúde da Família aumentou de 35% para 50% da população brasileira, e uma das atribuições da equipe de Saúde da Família é realizar consultas e solicitar exames de pré-natal.

Família esperando mais um membro

© Nils Fretwurst (alguns direitos reservados)

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Quem tem risco de ter diabetes mellitus

Existem sintomas típicos de diabetes, mas o ideal é fazer o diagnóstico precoce, antes da doença começar a se manifestar. Os exames periódicos de sangue são ainda mais importante para as pessoas com algum fator de risco para o desenvolvimento de diabetes mellitus.

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As doenças causadas pelo tabagismo passivo

O Doutor Leonardo está publicando uma série de quatro artigos semanais em comemoração ao Dia Mundial sem Tabaco 2010, e o primeiro artigo foi 10 motivos para fumar. As pessoas podem até estranhar que um médico divulgue as razões que alguém pode ter para fumar, mas na verdade não se trata de propaganda de cigarro, e sim de explicar como alguém pode fumar mesmo a gente sabendo hoje em dia que faz mal.

Fumaça tóxica

Fonte: INCA (divulgação)

Defendo firmemente que cada pessoa, desde que maior de idade e livre de deficiência mental, tenha direito a escolher se quer fumar ou não. É claro que, enquanto médico de família e comunidade, sou obrigado a informar as pessoas dos riscos envolvidos, e a oferecer ajuda para que as pessoas consigam parar de fumar, mas a decisão de parar ou não de fumar deve ser individual. O outro lado da moeda é que as pessoas também têm o direito a não fumar, e, da mesma forma que os não fumantes devem respeitar o direito de fumar, os fumantes devem respeitar o direito de não fumar.

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Como saber se você está grávida

Os sintomas da gravidez são uma dúvida muito comum, ainda mais porque a proporção de mães de primeira viagem e de mulheres sem filhos está aumentando cada vez mais. O enjoo é um dos sintomas mais lembrados, e também um dos mais comuns, mas o primeiro sintoma é praticamente sempre o atraso da menstruação.

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