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Atividade física e exercício físico.

A relação reversa entre atividade física e demência

A falta de atividade física é um dos principais fatores de risco para a saúde no Brasil, assim como no resto do mundo. A importância da atividade física é devida principalmente a sua relação com doenças cardiovasculares e câncer; sua relação com a demência é mais controvérsia. Estudos observacionais indicam que as pessoas com baixos níveis de atividade física têm maior risco de receberem o diagnóstico de demência nos anos seguintes; mas estudos de intervenção não têm comprovado o suposto efeito protetor da atividade física sobre a demência.

A revista The BMJ publicou recentemente um estudo europeu sobre a relação entre demência e atividade física, com base na coorte Whitehall II. Essa coorte é uma pesquisa que incluiu mais de 10 mil servidores públicos britânicos com 35 a 55 anos de idade na década de 80, e os tem acompanhado desde então. Ao longo de um acompanhamento que durou em média 27 anos, essas pessoas foram avaliadas várias vezes com relação ao nível de atividade física e ao funcionamento da mente, entre outras características relevantes. O diagnóstico de demência foi obtido a partir do sistema de saúde público da Inglaterra, que é usado até por quem tem plano de saúde para o tratamento de problemas de saúde clínicos e/ou crônicos.

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Andar a pé ou de bicicleta evita câncer, infarto e derrame

Há muito tempo se sabe que atividade física faz bem para a saúde, e a falta de atividade física é um dos 10 principais fatores de risco para a nossa saúde. Uma forma de resolver isso é através de exercício físico (atividade física planejada), mas na prática pouca gente tem tempo. Outra forma é incorporar a atividade física no dia-a-dia, como no deslocamento para o trabalho.

Em um estudo recém publicado pela revista The BMJ, pesquisadores da Escócia analisaram dados sobre morte e internação hospitalar para mais de 250 mil pessoas que trabalhavam fora de casa, participantes de uma pesquisa com base populacional. Essas pessoas eram homens e mulheres com 40 a 69 anos de idade, e num dia típico 5,4% iam a pé para o trabalho, 2,5% iam de bicicleta, e 13,7% misturavam algum desses meios de transporte ativo com algum meio passivo, como dirigir carro.

Gráfico de floresta para a associação entre a forma de deslocamento para o trabalho e o risco de morte ou internação por doenças cardiovasculares, por câncer, ou (morte) por qualquer causa.

© 2017 Carlos A Celis-Morales, Donald M Lyall, Paul Welsh, Jana Anderson, Lewis Steell, Yibing Guo, Reno Maldonado, Daniel F Mackay, Jill P Pell, Naveed Sattar, Jason M R Gill. CC BY 4.0.

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Os 10 maiores fatores de risco para a nossa saúde

No dia 31 de maio comemoramos o Dia Mundial sem Tabaco. E temos muito o que comemorar! A proporção de fumantes no Brasil diminui ano após ano, e o número de ex-fumantes já é maior do que o número de fumantes. Mesmo assim, o tabagismo ainda é o 5º fator de risco que mais prejudica a saúde do brasileiro. E quais os quatro fatores de risco mais importantes do que o tabagismo?

A lista dos os 10 maiores fatores de risco para a nossa saúde, que eu divulguei cinco anos atrás, foi atualizada em dezembro de 2012. Esse novo estudo de Carga Global de Doença foi um trabalho colossal, reunindo toda a informação disponível sobre 67 fatores de risco modificáveis e 291 doenças e outros agravos (por exemplo, agressões e acidentes), em todos os países do mundo.

Não apenas a nossa situação de saúde mudou muito, mas também os pesquisadores conseguiram acesso a mais dados, e a melhores técnicas de análise.

Este artigo substitui outro, publicado na terça-feira, 2 de junho de 2015.

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Quando fazer atividade física sem passar pelo médico

Nesta sexta-feira estarei em Colatina para a 6ª Jornada Capixaba de Medicina de Família e comunidade. Como nas edições anteriores, ela será realizada dentro do Congresso Médico Estadual da AMES. Desta vez, apresentarei uma palestra sobre a utilização do eletrocardiograma na atenção primária à saúde. Basicamente, vou explicar quando vale a pena pedir esse exame, e quando é que um resultado normal realmente pode deixar a gente tranquilo.

Secretaria de Saúde inaugura mais uma Academia da CidadeAproveito para divulgar aos leitores do Doutor Leonardo um critério para a pessoa saber se precisa ou não passar por avaliação médica antes de começar a praticar exercícios físicos.

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Visita domiciliar de bicicleta

O médico de família e comunidade Paulo Poli, de Florianópolis, virou garoto-propaganda do uso de bicicleta como transporte urbano. Além de ir trabalhar de bicicleta, vencendo uma distância de 13,5 km em meia hora, ele também usa o veículo para fazer suas visitas domiciliares. A unidade de saúde em que ele trabalha divulgou a experiência em seu blog, e a seguir foi a vez da rede de televisão local e da Sociedade Brasileira de Medicina de Família e Comunidade.

Houve uma época em que eu também usava bicicleta para fazer visita domiciliar, porque meus pacientes se distribuíam em uma área relativamente extensa. Hoje em dia prefiro ir a pé, já que as distâncias são bem menores. Também não posso ir ao trabalho de bicicleta, porque o trajeto inclui um trecho com o sugestivo apelido de “curva da morte”.

Fotografia de garota andando de bicicleta, vista de perfil.

Conheço muitos agentes comunitários de saúde que fazem suas visitas domiciliares de bicicleta, própria ou cedida pela secretaria municipal de saúde. E você, o que acha? Já trabalhou (ou foi ao trabalho) de bicicleta? Quais foram as vantagens, e desvantagens, que percebeu?

Dicas para você dormir melhor

Grande parte da população brasileira sofre de insônia: tem dificuldade para começar a dormir, acorda várias vezes ao longo da noite, ou tem dificuldade para voltar a dormir se acordar.

As consequências são melhor percebidas durante o dia: a pessoa fica sonolenta, especialmente em ocasiões de pouco movimento, como assistir à televisão, ficar parado no sinal vermelho no trânsito, ou num intervalo do trabalho ou do estudo. Com o envelhecimento e o adoecimento, a qualidade do sono vai ficando ainda pior.

Relógio despertador vermelho numa janela durante o amanhecer.

Uma das melhores formas de melhorar o sono, inclusive de quem tem outros problemas como o ronco, são as orientações a seguir, conhecidas como controle de estímulo:

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Saudável em Qualquer Tamanho: uma abordagem controversa da obesidade

De acordo com a Organização Mundial da Saúde, a obesidade é um dos fatores de risco modificáveis mais prejudiciais à saúde. O problema é que, na prática, poucas pessoas conseguem emagrecer e manter essa perda de peso a longo prazo. Dessa forma, faz sentido prestarmos atenção em abordagens alternativas como a Health at Every Size (HAES; em português: Saúde em Qualquer Tamanho), que faz uma opção explícita por promover um estilo de vida saudável sem emagrecimento.

Mulher gorda bonita

O diferencial da HAES está nas seguintes propostas:

  • Aceitação do corpo — As pessoas são encorajadas a aceitar seus corpos como são, em vez de perseguirem um corpo mais magro.
  • Suporte à alimentação intuitiva — As pessoas são encorajadas a observar a relação entre o que comem e como elas se sentem a curto e médio prazo, e usar esse conhecimento para determinar o que vão comer, em vez se seguir regras “externas”.
  • Suporte à incorporação ativa — As pessoas são estimuladas a incorporar a atividade física ao seu dia-a-dia, tendo em vista o auto-cuidado e o bem-estar, em vez de desenvolver programas estruturados de exercícios físicos.

De acordo com os adeptos da HAES, a obesidade não causa adoecimento ou mortalidade, a não ser em casos extremos. Desconfio que essa ruptura com o consenso científico atual agradará muito às pessoas que desconfiam das instituições de uma forma geral, bem como às pessoas que estão cansadas de fazer dieta. Por isso mesmo, resolvi resumir os principais estudos que se propuseram a verificar a eficácia e a efetividade da abordagem HAES.

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Ter uma saúde perfeita não é normal

Quase 2 mil norte-americanos de meia-idade responderam a um questionário sobre o quão saudável era seu estilo de vida. O resultado é ainda pior do que se esperava: apenas um, dos 1933 entrevistados, apresentava os 7 componentes de uma vida saudável do ponto de vista cardiovascular (cardíaco e circulatório). Em média, os brancos tinham 2,6 componentes do estilo de vida saudável, enquanto os negros estavam ainda pior, com uma média de apenas 2,0 componentes.

Radiografia de tórax, com o espaço dos pulmões em vermelho.

A pesquisa é melhor entendida no contexto do projeto da American Heart Association: Até 2020, melhorar a saúde cardiovascular de todos os [norte-]americanos em 20%, reduzindo em 20% as mortes cardiovasculares e por derrame. Para fins desse projeto, a saúde cardiovascular (do coração e da circulação) é medida através do cumprimento dos 7 critérios a seguir:

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Exercícios físicos previnem quedas em idosos

Há muito tempo se acredita que os exercícios físicos sejam capazes de melhorar a qualidade de vida na terceira idade. Mais especificamente, recomenda-se que os idosos pratiquem tanto exercícios aeróbicos (caminhada) quanto treinamento de equilíbrio e exercícios de força e resistência (musculação).

Casal de idosos andando de bicicleta numa área rural.

Pesquisadores australianos resolveram verificar até que ponto esse consenso encontra respaldo nas evidências científicas, e descobriram uma série de estudos clínicos confirmando que exercícios físicos multimodais são capazes de prevenir quedas em idosos. Além disso, existe alguma evidência também de efeito sobre a qualidade de vida, capacidade funcional (autonomia), e aptidão física.

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Como prevenir o diabetes mellitus

O aumento da taxa de glicose no sangue é um dos fatores de risco que mais causam mortes precoces e incapacidade no Brasil. Existem sintomas sugestivos de diabetes, mas o melhor é descobrir a doença logo no começo. A pessoa com risco aumentado de desenvolver diabetes pode e deve fazer exames, mas não é só isso. Também é possível prevenir o diabetes mellitus.

A prevenção do diabetes envolve medidas capazes de diminuir outros fatores de risco para doenças cardíacas. Estudos preliminares indicam inclusive que os pré-diabéticos que entram em programas de prevenção do diabetes têm menores taxas de complicações do aparelho circulatório.

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