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Do nascimento até o início da adolescência.

Pedofilia não é tudo a mesma coisa

Longe de mim querer relativizar um problema tão grave de nossa sociedade (e de tantas outras). Mas eu não poderia deixar de mencionar o artigo recente do psiquiatra Daniel de Barros sobre os tipos de pedofilia. A motivação do colega foi um projeto de lei da senadora Marisa Serrano (PSDB-MS), mas acredito que a discussão seja ainda mais relevante para o estado do Espírito Santo, onde o senador Magno Malta (PR-ES) costuma aparecer em propagandas contra a pedofilia.

O problema é que a palavra tem ao menos três usos diferentes que vêm sendo tratados como se fossem intercambiáveis:

  • Um transtorno mental que leva as pessoas a terem desejos eróticos por crianças;
  • O ato de apresentar, produzir, vender, fornecer, divulgar ou publicar, por qualquer meio de comunicação, inclusive rede mundial de computadores ou internet, fotografias ou imagens com pornografia ou cenas de sexo explícito, envolvendo criança ou adolescente (Estatuto da criança e do adolescente); e
  • Ter envolvimento sexual de qualquer natureza com menores de idade.

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As 10 principais doenças do homem no Brasil (corrigido)

Atualização (2015): “As 10 piores doenças no Brasil.”

Quando se fala em um homem ir a uma consulta médica, muitas pessoas pensam logo no exame de próstata. Primeiro, o próprio Instituto Nacional do Câncer (Inca) não recomenda que se faça toque retal ou dosagem de PSA no sangue como rotina. Segundo, o homem brasileiro tem uma série de doenças mais importantes, qualquer que seja o critério adotado. Por isso, compilei uma lista das doenças que mais comprometem a saúde do homem brasileiro, usando como critério a carga de doença (que considera os anos de vida perdidos, o grau de incapacidade dos sobreviventes, e o número de pessoas afetadas). O número entre parênteses é a proporção da carga de doença do homem brasileiro que é atribuída pela Organização Mundial da Saúde (OMS) àquela doença.

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Por que os homens morrem mais cedo?

Hoje se completa um ano desde que o Ministério da Saúde lançou a Política Nacional da Saúde do Homem. (Leia a nota publicada em 2009.) Todo o mundo o mundo viu na televisão o que os médicos já sabiam havia muito tempo: o homem morre mais cedo que a mulher. Quando a política foi lançada, a expectativa de vida ao nascer dos homens era estimada em 7,6 anos a menos que a das mulheres.

O engraçado é que os homens morrem mais cedo, mas adoecem menos. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), um homem brasileiro que nascesse em 2002 teria uma uma expectativa de passar 13,0% de sua vida, ou seja, 8,5 anos com algum grau de incapacidade (que é uma forma de medir a gravidade das doenças). Já uma mulher que nascesse naquele mesmo ano teria uma expectativa de passar 9,8 anos com incapacidade, ou seja 13,6% de sua expectativa total de vida.

A maioria dos consultórios médicos recebe mulheres com muito mais frequência do que homens. Além de adoecer mais, as mulheres vão ao médico com mais facilidade que os homens, seja por motivos culturais, seja por motivos trabalhistas. Quando o agente comunitário de saúde visita uma família, é quase sempre a mulher que o atende, mesmo que o homem esteja em casa.

Pensando em ajudar todos a olhar um pouco mais para a saúde do homem, trago aqui uma análise dos 10 principais fatores de risco para a saúde do homem brasileiro. Para dar uma dimensão da importância de cada fator de risco, anotei entre parênteses a proporção da carga de doença da população masculina que é causada por aquele fator de risco.

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Teste da orelhinha já é obrigatório

Segunda-feira passada o presidente sancionou a lei que obriga as maternidades e hospitais a fazer o teste da orelhinha (emissões otoacústicas evocadas) em todas as crianças nascidas no serviço. O exame permite a detecção precoce da deficiência auditiva, o que é fundamental para garantir o desenvolvimento normal da linguagem. Estima-se que, para cada 1000 recém-nascidos, entre 1 e 6 tenham algum grau de deficiência auditiva. O problema é muito mais frequente do que as doenças investigadas pelo teste do pezinho: a fenilcetonúria, por exemplo, só acontece em 0,07 criança em cada 1000. (Leia também: Nem sempre é melhor prevenir do que remediar.)

Teste da orelhinha sendo realizado num bebê

© Wellcome Images (alguns direitos reservados)

Para que a criança aprenda a falar e a entender o que os outros estão falando, é necessário que o exame seja realizado antes dos 3 meses de vida, e que a intervenção seja iniciada antes dos 6 meses. Normalmente, a família e o médico só percebem o problema quando a criança já está com 1 a 4 anos de idade.

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Bater não educa

O blog Psiquiatria e Sociedade comentou recentemente dois artigos científicos extremamente relevantes à controvérsia que se formou ao redor da lei da palmada. Num deles, a pesquisadora reuniu os resultados de mais de 300 estudos e chegou à conclusão de quais são as consequências positivas (só uma, na verdade), e quais são as consequências negativas das punições corporais (que é o que a lei proíbe). No outro artigo, os pesquisadores reuniram os estudos sobre o impacto das leis contra os castigos físicos em 24 países.

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Crianças de 2 a 4 anos de idade serão vacinadas contra gripe suína

O Ministério da Saúde anunciou que a campanha de vacinação contra a gripe suína será estendida às crianças deste 2 anos de idade até 4 anos (inclusive). O prazo para se vacinar vai até dia 2 de junho, daqui a duas semanas. Além disso, o prazo de vacinação foi novamente prorrogado em todo o país para gestantes, e para adultos de 30 a 39 anos de idade. Os municípios também foram orientados a prorrogar a vacinação para outros grupos caso não tenham atingido a meta de vacinação. (Leia também: Ministério da Saúde amplia vacinação contra gripe suína.)

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As doenças causadas pelo tabagismo passivo

O Doutor Leonardo está publicando uma série de quatro artigos semanais em comemoração ao Dia Mundial sem Tabaco 2010, e o primeiro artigo foi 10 motivos para fumar. As pessoas podem até estranhar que um médico divulgue as razões que alguém pode ter para fumar, mas na verdade não se trata de propaganda de cigarro, e sim de explicar como alguém pode fumar mesmo a gente sabendo hoje em dia que faz mal.

Fumaça tóxica

Fonte: INCA (divulgação)

Defendo firmemente que cada pessoa, desde que maior de idade e livre de deficiência mental, tenha direito a escolher se quer fumar ou não. É claro que, enquanto médico de família e comunidade, sou obrigado a informar as pessoas dos riscos envolvidos, e a oferecer ajuda para que as pessoas consigam parar de fumar, mas a decisão de parar ou não de fumar deve ser individual. O outro lado da moeda é que as pessoas também têm o direito a não fumar, e, da mesma forma que os não fumantes devem respeitar o direito de fumar, os fumantes devem respeitar o direito de não fumar.

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Como prevenir a osteoporose

A osteoporose é uma doença em que os ossos ficam mais frágeis, aumentando muito o risco de fraturas espontâneas ou em seguida a pequenos acidentes como quedas. Ao contrário do que muitas pessoas acreditam, a osteoporose não dói. O que causa a dor é a osteoartrose; o nome é parecido mas a doença é bem diferente. (Leia também: Como prevenir a artrite (osteoartrose).)

Mais do que prevenir a osteoporose, o importante é prevenir as fraturas. Isso inclui o tratamento da osteoporose, bem como a prevenção de quedas nas pessoas que tenham ou possam ter osteoporose, como os idosos. Nesse artigo, vou abordar principalmente a prevenção da osteoporose em si, mas algumas dessas medidas também são capazes de prevenir as fraturas em quem já tem osteoporose.

As orientações abaixo são baseadas principalmente em estudos com mulheres que já tiveram a menopausa, mas se aplicam a todas as faixas etárias e sexos, em maior ou menor grau. Em especial, ter um esqueleto saudável na adolescência parece ser um fator de proteção contra a osteoporose na terceira idade. Além disso, um estudo mostrou que o aumento da ingestão de cálcio aumenta a velocidade de crescimento de crianças e adolescentes.

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Ministério da Saúde amplia vacinação contra gripe suína

Apesar de algumas autoridades apostarem que a gripe suína (gripe A H1N1) está chegando ao seu fim, o Ministério da Saúde acredita que a nova gripe atingirá o Brasil nesse inverno, e criou uma campanha para vacinar mais de 90 milhões de pessoas: metade da população brasileira.

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Não se usa colírio no “teste do olhinho”

Está amplamente divulgado na televisão e nos jornais que 12 bebês passaram mal após a aplicação de colírio no ambulatório de oftalmologia do Hospital Universitário Cassiano Antonio Moraes (HUCAM), mais conhecido como Hospital das Clínicas no Espírito Santo. Só que, na verdade, esses bebês não estavam fazendo o teste do olhinho.

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