Arquivo da tag: medicina de família e comunidade

Especialidade médica com foco na atenção primária à saúde, existe no Brasil desde antes da criação do SUS e da estratégia Saúde da Família. No início do blog os artigos sobre a especialidade médica vinham com a tag da Saúde da Família, mas depois os assuntos foram separados.

Saiu o Tratado de Medicina de Família e Comunidade

É com muita felicidade que anuncio o lançamento do Tratado de Medicina de Família e Comunidade, livro de que sou um dos autores. Aguardo ansiosamente meu exemplar, até porque estou confiante de que o tratado ficou muito bom.

O livro é o mais completo lançado no Brasil, quiçá no mundo. São mais de 2 mil páginas, divididas em 2 volumes: um sobre os princípios da especialidade, e outro sobre o manejo dos problemas e sintomas. Um dos editores, Gustavo Gusso, é presidente da SBMFC e leitor deste blog. Ontem ele contou mais sobre a dimensão da obra:

Ilustração dos dois volumes.

Muitos ja sabem do que se trata mas não custa lembrar que são aproximadamente 400 autores do Brasil todo (em geral este tipo de obra reune 200 autores sendo 80% da mesma universidade ou estado) além de destaques internacionais como Barbara Starfield, Iona Heath, Trisha Greenhalgh, Marc Jamoulle, Juan Gervas, etc.. com capítulos feitos especialmente para o livro. Quase todos os autores têm alguma relação com a atenção primária ou estratégia saúde da família e a maioria trabalha ou trabalhou na ponta. E o livro ficou muito bonito.

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Palestra: mercado de trabalho na estratégia Saúde da Famíla (PSF)

Nesta segunda-feira, dia 9, darei uma palestra na Univix sobre o mercado de trabalho na estratégia Saúde da Família (PSF). O evento faz parte do calendário da Liga Capixaba de Saúde Coletiva, mas será aberto aos demais alunos da universidade. O local será o campus de Goiabeiras, e o horário será as 18:30. Até lá!

Atualização: Uma leitora me pediu para fazer um resumo da apresentação. Os slides têm muito pouco texto, mas deixo a seguir a lista de referências:

  1. Brasil. Lei nº 8.080, de 19 de setembro de 1990. Dispõe sobre as condições para a promoção, proteção e recuperação da saúde, a organização e o funcionamento dos serviços correspondentes e dá outras providências.
  2. Conselho Nacional de Saúde (Brasil). Relatório Final da 14ª Conferência Nacional de Saúde. Brasília: Ministério da Saúde, 2012.
  3. Pérez PB, López-Valcárcer BG, Vega RS. Oferta, demanda y necesidad de médicos especialistas en Brasil: proyecciones a 2020. Universidad de Las Palmas de Gran Canaria, 2011.
  4. Presidência da República (Brasil). Decreto nº 7.508, de 28 de junho de 2011. Regulamenta a Lei nº 8.080, de 19 de setembro de 1990, para dispor sobre a organização do Sistema Único de Saúde – SUS, o planejamento da saúde, a assistência à saúde e a articulação interfederativa, e dá outras providências.
  5. Scheffer M, Biancarelli A, Cassenote A (coord.). Demografia Médica no Brasil: dados gerais e descrições de desigualdades. São Paulo: CREMESP e CFM, 2011.
  6. Tomasi E et al. Perfil sócio-demográfico e epidemiológico dos trabalhadores da atenção básica à saúde nas regiões Sul e Nordeste do Brasil. Cad Saúde Pública. 2008; 24(Sup 1):s193-s201.
  7. World Health Organization, World Organization of Family Doctors. Making Medical Practice and Education More Relevant to People’s Needs: The Contribution of the Family Doctor. From the joint WHO/WONCA Confererence in Otario, Canada, 1994.

Revista Brasileira de Medicina de Família e Comunidade poderá ser assinada por não sócios da SBMFC

Até pouco tempo atrás, a Revista Brasileira de Medicina de Família e Comunidade era enviada única e exclusivamente em formato impresso para os sócios da Sociedade Brasileira de Medicina de Família e Comunidade. Fazia sentido, já que a RBMFC é a revista oficial da SBMFC. Mas os tempos mudaram, e a RBMFC está ganhando cada vez mais terreno.

A RBMFC passou a ter seu conteúdo disponibilizado na íntegra através da internet, e hoje em dia os sócios da SBMFC podem optar em não receber a revista em formato impresso. Agora o contrário também é verdade: não é mais necessário ser sócio da SBMFC para assinar a Revista Brasileira de Medicina de Família e Comunidade em formato impresso.

Os valores anuais estão em 90 reais para pessoas físicas e 150 reais para pessoas jurídicas. Se você estiver interessado, clique aqui para fazer sua assinatura.

Atualização: mais tarde no mesmo ano a RBMFC migrou para uma plataforma online. Sem a necessidade do suporte físico, a revista adotou o acesso aberto, de forma que todo o mundo pode ler (e redistribuir etc.) seus artigos (até mesmo os anteriores) gratuitamente.

Dia do médico de família, e aniversário de 30 anos da SBMFC

Parabéns para mim: hoje é o dia do médico de família e comunidade! Há exatos 30 anos foi fundada a Sociedade Brasileira de Medicina de Família e Comunidade (SBMFC), com a missão de promover o desenvolvimento científico da especialidade no Brasil.

Selo comemorativo de 30 anos da Sociedade Brasileira de Medicina de Família e Comunidade

A medicina de família de família e comunidade começou no Brasil em meados da década de 70, com o movimento da saúde comunitária, e junto do PACS foi uma das bases para a criação da estratégia Saúde da Família (PSF) nos anos 90.

Tanto a estratégia do SUS quanto a especialidade médica se encontram em franca expansão, mas a defasagem é clara. A Saúde da Família conta com mais de 30 mil equipes, atendendo a mais da metade da população brasileira; enquanto isso, o censo médico do CFM registrou apenas 2632 médicos de família e comunidade, incluindo aqueles com outras ocupações, como dar aula, administrar o SUS, ou trabalhar na iniciativa privada.

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Cúpula Ibero-Americana recomenda especialização em medicina de família e comunidade

A Revista Brasileira de Medicina de Família e Comunidade publicou um suplemento sobre a 3ª Cúpula Ibero-Americana de Medicina Familiar, realizada em 2008 no Ceará. A cúpula contou com mais de 300 participantes, representando os ministérios da saúde de seus países (América Latina, Portugal e Espanha), e ainda Organização Panamericana de Saúde e Organização Mundial dos Médicos de Família e suas afiliadas ibero-americana e brasileira.

Jangada na praia em Beberibe (Ceará).

O relatório final da cúpula, conhecido como Carta de Fortaleza, é um documento político que contém recomendações para a melhoria da equidade, da integralidade e da qualidade dos sistemas de saúde. Confira um trecho:

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Medicina de família pelos olhos de um estudante

A medicina de família e comunidade também está presente em Portugal, onde a especialidade é chamada de medicina geral e familiar. E é de Portugal que veio essa descrição da medicina de família, escrita pelo estudante de medicina João Pedro Martins Domingos. Ele passou em estágio com o dr. António Sousa Alvim, na USF Rodrigues Miguéis (Centro de Saúde de Benfica), e escreveu o seguinte relatório:

No âmbito da área da Prática de Saúde na Comunidade, integrada no Módulo III, pude entrar em contacto com, provavelmente, um dos mais importantes meios de promoção de saúde na população em geral, o Centro de Saúde. Pude assim, durante as duas semanas compreendidas entre 18 e 29 de Julho de 2011, ter a oportunidade de acompanhar o Dr. António Sousa Alvim na Unidade se Saúde Familiar Rodrigues Miguéis, uma extensão do Centro de Saúde de Benfica, a qual é (posso agora afirmar) um recurso essencial para os habitantes daquela área de Lisboa.

O médico de família, ou de Clínica Geral e Familiar, encontra na sua área de acção profissional uma vasta extensão de problemáticas, patologias e responsabilidades, quer para com os seus doentes/pacientes, quer para com a população na qual estes se inserem. Foi bastante curioso verificar como vários pacientes ao longo destas semanas chegavam ao consultório e congratulavam o Dr. Sousa Alvim pela sua participação no programa da RTP “Prós e Contras” sobre o medicamento, particularmente uma paciente mais idosa, acompanhada pelo seu marido, que chegou a citar o Dr. Sousa Alvim: “Os médicos hospitalares tratam doenças e estão mais focados nas doenças. Nós, os médicos nos centros de saúde, tratamos pessoas”. Ter ouvido esta frase logo no início do estágio pôs-me alerta para a importância que o médico de família pode significar para uma pessoa e a sua vida, muito para além da sua própria saúde. Ao longo das duas semanas este ponto foi-se tornando cada vez mais evidente.

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5ª Jornada Capixaba de Medicina de Família e Comunidade

Amanhã participarei de mais uma Jornada Capixaba de Medicina de Família e Comunidade. Dessa vez a programação se estendeu por dois dias: além de uma mesa redonda sobre avaliação geriátrica ampla e outra sobre o mercado de trabalho público e privado, teremos ainda um painel sobre internato rural, a cargo da Liga Acadêmica de Medicina de Família e Comunidade, e um minicurso de habilidades de comunicação.

Ano passado participei como moderador de um debate; esse ano vou palestrar sobre as novas portarias do Ministério da Saúde com relação à Saúde da Família e à atenção primária à saúde como um todo. Para conferir a programação, acesse a página da Associação Médica do Espírito Santo.

Amanhã pretendo acrescentar aqui um link para a minha apresentação.

Atualização: clique aqui para baixar a apresentação, em formato ODP. Para abrir a apresentação, instale gratuitamente o LibreOffice ou outro aplicativo compatível com o formato OpenDocument.

Médico de família e comunidade é peça-chave no combate às doenças não transmissíveis

Semana passada eu dizia que as doenças crônicas não transmissíveis (DCNT) são responsáveis por dois terços da carga de doença no Brasil. Mas para enfrentá-las é necessário que o sistema de saúde, e a sociedade como um todo, tenha uma atitude fundamentalmente diferente daquela adotada para combater as doenças transmissíveis.

Para entender melhor essa diferença, destaco abaixo alguns trechos do manifesto internacional dos médicos de família e comunidade, publicado pelo Lancet e (em português) pela Revista Brasileira de Medicina de Família e Comunidade:

Embora muito tenha sido aprendido com os programas verticais e orientados à doença, as evidências científicas sugerem que melhores resultados ocorrem quando se enfrenta as doenças por meio de uma abordagem integrada em um sistema de APS forte. Um exemplo é o Brasil, em que a cobertura terapêutica atinge quase 100%, maior do que em países com APS menos robusta. Os programas verticais orientados para HIV/AIDS, malária, tuberculose e outras doenças infecciosas criam duplicidade, uso ineficiente de recursos, lacunas no cuidado de pacientes com múltiplas comorbidades e reduzem a capacidade dos governos ao empurrar os melhores profissionais para fora do setor de saúde pública, concentrando-os no cuidado voltado a uma única doença. Além disso, programas verticais causam desigualdade aos pacientes que não têm a doença “certa”, e drenagem interna dos melhores “cérebros” entre profissionais de saúde.

As lições aprendidas de uma abordagem vertical e orientada para doenças infecciosas e tropicais negligenciadas deveriam nos inspirar a repensar a estratégia para as DCNT. A melhor resposta ao desafio das DCNT é promover cuidados centrados nas pessoas, por meio de investimentos numa APS integrada e fortalecida, incluindo um número suficiente de profissionais bem treinados para tal modelo de atenção. Pelo menos 50% dos profissionais de saúde formados deveriam ser treinados e capacitados aos cuidados de saúde primários.[…] Como resultado, milhões de pessoas poderão ter acesso a cuidados primários de saúde abrangentes, custo-efetivos, de qualidade e que atendam às condições, incluindo as doenças infecciosas e as DCNT.

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Quando fazer o exame preventivo de câncer de colo de útero

O Instituto Nacional de Câncer (Inca) publicou a versão 2011 de suas Diretrizes Brasileiras para o Rastreamento do Câncer do Colo de Útero. Acredito que as recomendações serão novidade para a maioria dos leitores, então reuni as informações mais importantes sobre quando começar e parar de fazer exames para a prevenção e detecção precoce do câncer de colo uterino:

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Revista da especialidade é reconhecida internacionalmente

Notícia rápida: a Revista Brasileira de Medicina de Família e Comunidade, criada em 2004, foi incluída no Latindex, que é um sistema de informação sobre as revistas de investigação científica, técnico-profissional e de divulgação científica e cultural editadas nos países da América Latina, Caribe, Espanha e Portugal. De acordo com a página da revista no Latindex, a RBMFC cumpriu todos os 36 quesitos avaliados.

Capa da última edição da revista.

A revista ainda não foi incluída no Lilacs ou no PubMed, que são os índices mais utilizados no Brasil. O maior obstáculo tem sido a falta de periodicidade, causada pela facilidade de médicos de família e comunidade publicarem suas pesquisas em revistas científicas mais reconhecidas. Felizmente, a RBMFC recebeu uma série de melhorias, que deverão torná-la mais atraente para os pesquisadores, e em breve essa deficiência de indexação deverá ser superada.