Arquivo da tag: Saúde da Família

A estratégia Saúde da Família (ESF), antigamente chamada Programa Saúde da Família (PSF), é a principal forma de atenção primária à saúde no Brasil. Também é o principal campo de atuação dos médicos de família e comunidade.

Inicialmente esta tag era usada em artigos sobre medicina de família e comunidade, mas depois foi criada uma tag específica.

Considerações sobre a minuta da Política Nacional de Atenção Básica

Está no forno a nova Política Nacional de Atenção Básica — PNAB, para os íntimos. Depois de ter sido discutida em outras instâncias, a minuta da PNAB passou pela Comissão Intergestores Tripartite (CIT, que articula secretários municipais e estaduais a Ministério da saúde), que abriu uma consulta pública.

Revisão da PNAB aberta à Consulta Pública até o dia 6 de agosto

Conselho Nacional de Saúde/Divulgação

Quando a versão anterior foi lançada, em 2011, esperei a publicação oficial da PNAB para comentá-la em uma revista científica e aqui no Doutor Leonardo. Desta vez, vou colocar o carro na frente dos bois, e comentar logo por aqui. Outra diferença é que, em vez de comentar a PNAB como um todo, detenho-me apenas em alguns pontos que me chamaram a atenção.

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Diário de um Posto de Saúde, no YouTube

Sabe quando eu comentei minha participação na 21ª Conferência Mundial de Médicos de Família, no Rio de Janeiro? Além da ausência de patrocínio da indústria farmacêutica, essa edição da Conferência incorporou mais uma característica da edição brasileira: a programação cultural, incluindo mostra de contos, fotografias e vídeos.

Foi na Conferência que conheci o Diário de um Posto de Saúde, um canal do YouTube com vídeos da médica de família Luísa Portugal sobre temas cotidianos da medicina de família e comunidade, com ênfase na atenção primária do SUS. Os vídeos expõem os temas com um tom bem-humorado e de forma didática, graças não só à atuação da apresentadora mas também à edição profissional.

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Existe Saúde da Família sem agente comunitário de saúde?

Uma leitora de longa data pediu que eu comentasse a portaria nº 958/2016 do Ministério da Saúde, que torna opcional a presença de agentes comunitários de saúde nas equipes de Saúde da Família, entre outras mudanças. Acredito que as questões centrais sejam “Qual é o papel dos agentes comunitários de saúde?” e “O que vai acontecer com a estratégia Saúde da Família sem os agentes comunitários de saúde?”.

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SBMFC recomenda 9 melhorias na Lei dos Mais Médicos

A Lei nº 12.871, mais conhecida como a Lei dos Mais Médicos, aborda não apenas a distribuição de médicos bolsistas para os municípios, mas também uma série de questões relativas à formação dos médicos, tanto na graduação quanto na especialização (residência médica). Como o Congresso Nacional está avaliando projetos de lei que visam  a alterar a Lei dos Mais Médicos, a Sociedade Brasileira de Medicina de Família e Comunidade (SBMFC) emitiu em dezembro do ano passado um posicionamento a esse respeito, com 9 recomendações que dizem respeito à nossa especialidade: Continue lendo

ACMFC ocupa Tribuna Livre da Câmara Municipal de Vitória

No dia primeiro de julho de 2015, a Associação Capixaba de Medicina de Família e Comunidade (ACMFC) ocupou a Tribuna Livre da Câmara Municipal de Vitória. Durante 10 minutos, o vice-presidente Marcello Dala Bernadina Dalla explicou a importância do médico de família e comunidade para a Estratégia Saúde da Família (antigo PSF) do município de Vitória. A principal mensagem foi necessidade (e viabilidade) de se investir em vagas de residência médica para em medicina de família e comunidade no município. O discurso chamou a atenção dos vereadores, e foi seguido por uma série de perguntas e respostas.

Doutor Marcello Dalla discursando na Tribuna Livre da Câmara Municipal de Vitória

Fonte: Departamento de Comunicação da CMV

Para assistir à Tribuna Livre, visite a TV Câmara Web e selecione a Sessão Ordinária do dia 01/07/2015. A Tribuna Livre começa aos 8 minutos e 40 segundos.

Em breve a ACMFC deverá publicar em seu site uma nota sobre a Tribuna Livre, e divulgar através do YouTube um vídeo apenas com a Tribuna Livre, sem o resto da Sessão Ordinária. Atualização: o vídeo está disponível no YouTube:

O PSF é um programa?

Volta e meia alguém me pergunta se o PSF é um programa, que poderia acabar a qualquer momento. Em especial, isso costuma ser utilizado por secretários municipais de saúde para justificar a contratação temporária das equipes de Saúde da Família.

A estratégia Saúde da Família evoluiu gradualmente de 2 mil equipes, em julho de 1998, até mais de 35 mil equipes implantadas em março de 2014.

Número de equipes de Saúde da Família, de julho de 1998 até março de 2014. Elaborado por Elson Farias a partir de dados do Ministério da Saúde. Clique para ampliar.

Eu pretendia contar sobre como a Constituição Federal de 1988 levou a uma coisa, que levou a outra, até 14ª Conferência Nacional de Saúde recomendar que todos os brasileiros sejam atendidos pela estratégia Saúde da Família. Mas esse gráfico, elaborado pelo médico de família e comunidade Elson Farias, é uma daquelas imagens que valem por mil palavras. É como eu já dizia em 2008, e outro médico de família e comunidade disse há dois anos: entra eleição, sai eleição, e a estratégia Saúde da Família continua a crescer.

Então, por que os municípios insistem em chamar a estratégia Saúde da Família de “programa”?

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Saúde da Família previne mortes por infarto e derrame

No início do ano eu tinha comentado que, ao longo de 20 anos, a mortalidade por doenças cardiovasculares diminuiu em 33% no Brasil. Na época, associei a melhoria à expansão da estratégia Saúde da Família, com base na experiência internacional de melhoria das condições de saúde quando as pessoas têm acesso à atenção primária à saúde, e com base no fato do derrame (AVC) ter caído de primeira para segunda causa de morte no Brasil. (O derrame é ainda melhor prevenido pelo controle da pressão arterial do que o infarto cardíaco.)

Em julho a revista científica The BMJ publicou um artigo de pesquisadores do Brasil e dos Estados Unidos confirmando a minha suposição. Examinando vários dados de 1622 municípios brasileiros ao longo dos anos 2000 a 2009, os autores observaram que a cobertura de 70% ou mais dos moradores de um município num ano predizia, para o ano seguinte, uma redução em 18% na taxa de morte por derrame, e 21% na taxa de morte por infarto, em comparação ao que seria esperado se o município não implementasse a estratégia Saúde da Família. Melhor ainda: esse efeito parece aumentar com o tempo. Em 2009, os municípios que durante oito anos tinham mantido uma cobertura de 70% ou mais apresentaram taxas de derrame e infarto 31% e 36% menores do que o que seria esperado sem a estratégia Saúde da Família.

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O que é a estratégia Saúde da Família

Em dezembro de 2008, antes de eu inaugurar este blog, o psicólogo brasiliense Vladimir Melo me encomendou um texto introdutório à estratégia Saúde da Família. O artigo tem sido um campeão de leituras, de forma que, quando ele decidiu desativar o blog, me devolveu o artigo para republicação aqui no Doutor Leonardo.

Estratégia Saúde da Família (ESF) é o nome que se dá atualmente a uma das mais bem-sucedidas iniciativas brasileiras em saúde das últimas décadas. Foi concebida em 1993, com o nome de Programa de Saúde da Família (PSF), a partir de iniciativas brasileiras e algumas iniciativas internacionais mais adiantadas (como o “general practitioner” britânico e o médico de família cubano). Em seus primeiros anos, o então PSF foi implantado nos municípios do “Mapa da Fome”, sob o comando quase direto de Brasília, mas depois passou a ficar sob o comando dos municípios, ocupando um papel cada vez mais importante no sistema de saúde, e passou a ser aberto a todos os municípios do Brasil. Em 1998, quando os repasses federais para a atenção básica passaram a ser por habitante, e não por número de procedimentos, a estratégia Saúde da Família começou a se expandir vertiginosamente. Em outubro de 2008, de acordo com o Ministério da Saúde, a ESF estava presente em 94% dos municípios brasileiros e atendia a 93,1 milhões de brasileiros. O resultado tem sido a melhoria de vários indicadores de saúde, e o aumento da satisfação dos usuários do Sistema Único de Saúde (SUS). Esses fatos foram destacados pela Organização Mundial da Saúde em seu Relatório Mundial da Saúde de 2008, que citou o Brasil como um exemplo a ser seguido.

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A saúde dos brasileiros está melhorando ano após ano

De vez em quando ouço alguém reclamar que as pessoas estão cada vez mais doentes. Algumas pessoas falam até mesmo em uma epidemia de doenças não transmissíveis! Eu até concordo que as pessoas saudáveis (no sentido em que eu e os leitores usamos a palavra) têm sido transformadas em pacientes, na medida em que a medicina se preocupa com as causas das doenças, as causas das causas, e por aí em diante.

Mas, por outro lado, a expectativa de vida está aumentando década após década. Isso não pode ser tão ruim assim! Mesmo as pessoas que se sentem efetivamente doentes não reclamam de viver alguns anos a mais.

E as pessoas estão permanecendo ativas e sadias por cada vez mais tempo. Algumas décadas atrás uma mulher com 50 anos de idade seria considerada velha, mas hoje uma mulher dessa idade nem ao menos aceita ser chamada de “senhora”.

Taxa de mortalidade por cada doença crônica não transmissível, ajustada por idade, separadamente para homens e mulheres.

Mortalidade por doenças não transmissíveis ajustada por idade (Brasil, 1991-2010)

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SUS tem dificuldade para atrair e fixar médicos na estratégia Saúde da Família

Não tem jeito, o assunto do momento é o acordo dos governos brasileiro e cubano para a “importação” de 6 mil médicos de Cuba para trabalhar nas regiões mais carentes do Brasil. O motivo dessa “importação” seria que o Brasil tem menos de 2 médicos para cada mil pessoas. Ao contrário do que se costuma afirmar, a Organização Mundial da Saúde nunca disse que um médico para cada mil pessoas seria o suficiente. A meta do Ministério da Saúde é chegar ao nível do Reino Unido, de 2,7 médicos para cada mil pessoas.

Acontece que andei fazendo umas contas e, mesmo levando em consideração que não temos tantos médicos quanto o Reino Unido, poderíamos ter muito mais médicos de família e comunidade do que temos hoje em dia.

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