Arquivo do Autor: Leonardo Fontenelle

Finasterida aumenta risco de câncer de próstata

O FDA, agência americana mais ou menos equivalente à Anvisa, alertou os médicos para um aumento no risco de diagnóstico de câncer de próstata agressivo (de alto grau) em homens que usem finasterida, dutasterida e outros medicamentos do grupo dos inibidores da 5α-redutase. Esses medicamentos são usados para combater dois problemas muito comuns entre homens: a calvície (alopecia androgênica) e o crescimento anormal da próstata sem câncer (hiperplasia prostática benigna).

Tudo começou com o Prostate Cancer Prevention Trial, uma pesquisa realizada nos Estados Unidos para avaliar a hipótese de que a finasterida preveniria o câncer de próstata. De fato, os homens que usaram finasterida tiveram menos casos de câncer de próstata: 18,4%, contra 24,4% entre os que usaram placebo.

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Falar com o carona é tão perigoso quanto ao celular

Como eu já disse na semana passada, o uso do celular aumenta em 4 vezes o risco do motorista se envolver num acidente. Para piorar a situação, não adianta usar o viva-voz: o risco é o mesmo. Resolvi então conferir se conversar com o carona não aumentaria o risco de acidentes também, e encontrei esse artigo publicado pela revista científica Transportation Research Part F: Traffic Psychology and Behaviour.

Motorista conversando com o carona e gesticulando.

Pesquisadores da Universidade Ege, na Turquia, avaliaram o desempenho de motoristas e chegaram à conclusão de que conversar com o carona é tão prejudicial quanto conversar através do celular (viva-voz). A reação dos motoristas fica mais lenta, e eles têm menos sucesso em tarefas que envolvam atenção ou percepção periférica. Quando a conversa é complexa, a percepção periférica fica ainda mais prejudicada.

Vale a pena reparar que a conversa com o carona foi mantida num ritmo constante, independentemente do que estivesse acontecendo no trânsito. Os pesquisadores justificaram que isso foi de propósito, para ter certeza de que qualquer diferença encontrada fosse causada pela presença ou não da pessoa com quem o motorista estivesse falando. Mas, ao mesmo tempo, isso limita a aplicação da pesquisa na vida real. Conversar com o carona atrapalha o motorista, mas nessa situação é mais fácil interromper um pouco a conversa (quando o trânsito exige mais atenção) do que numa conversa por celular.

Câmara dos Deputados discute o piso salarial dos agentes comunitários de saúde

Volta e meia recebo questionamentos sobre novidades quanto ao piso salarial dos agentes comunitários de saúde. E minha resposta é sempre a mesma: quando houver alguma notícia, publico aqui no Doutor Leonardo.

Fotografia da sessão, com a mesa em primeiro plano e a plenária ao fundo, com a sala lotada de agentes de saúde.

Quinta-feira, dia 10, a Comissão de Seguridade Social e Família (da Câmara dos Deputados) realizou uma reunião sobre a regulamentação da Emenda Constitucional nº 63, que atribui à União a função de definir um piso salarial nacional e o plano de carreira dos agentes comunitários de saúde e agentes de controle de endemias.

Destaco abaixo alguns trechos da cobertura pela Agência Câmara de Notícias:
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Celular também atrapalha pedestres

Imagine que você está tentando atravessar o cruzamento de uma rua movimentada, e de repente vê um palhaço de circo pedalando um monociclo. Uma cena e tanto, concorda? Uma pesquisa científica publicada na revista Applied Cognitive Psychology chegou à conclusão de que as pessoas que estão falando ao celular prestam pouca atenção ao seu redor — tão pouca que têm uma probabilidade menor de ver o palhaço no cruzamento com o monociclo.

Homem falando ao celular.

Uma experiência realizada pela Universidade de Illinois (EUA) descobriu ainda que o uso do celular faz com que a pessoa demore mais para perceber que pode atravessar a rua, e demore mais para percorrer a distância entre as calçadas. Além disso, pesquisas realizadas pela Universidade de New South Wales (Austrália) e pela Universidade do Estado do Ohio (EUA) observaram que os pedestres que estão usando o celular atravessam a rua de forma menos segura, por exemplo sem esperar os carros passarem ou mesmo sem olhar para os carros antes de atravessar a rua.

Ainda não sabemos ao certo se o uso do celular aumenta o risco de tumor cerebral, mas já sabemos que os tumores cerebrais são muito menos frequentes que os acidentes de trânsito. Todo o mundo sabe que o uso do telefone celular pelo motorista aumenta em 4 vezes o risco de uma colisão, mas tudo indica que os pedestres também precisem tomar cuidado, principalmente na hora de atravessar a rua.

Na próxima semana escreverei de novo sobre acidentes de trânsito, mais especificamente um fator que prejudica a atenção do motorista tanto quanto o uso do celular. Acompanhe!

Atualização: saiu o artigo: Falar com o carona é tão perigoso quanto ao celular.

Saudável em Qualquer Tamanho: uma abordagem controversa da obesidade

De acordo com a Organização Mundial da Saúde, a obesidade é um dos fatores de risco modificáveis mais prejudiciais à saúde. O problema é que, na prática, poucas pessoas conseguem emagrecer e manter essa perda de peso a longo prazo. Dessa forma, faz sentido prestarmos atenção em abordagens alternativas como a Health at Every Size (HAES; em português: Saúde em Qualquer Tamanho), que faz uma opção explícita por promover um estilo de vida saudável sem emagrecimento.

Mulher gorda bonita

O diferencial da HAES está nas seguintes propostas:

  • Aceitação do corpo — As pessoas são encorajadas a aceitar seus corpos como são, em vez de perseguirem um corpo mais magro.
  • Suporte à alimentação intuitiva — As pessoas são encorajadas a observar a relação entre o que comem e como elas se sentem a curto e médio prazo, e usar esse conhecimento para determinar o que vão comer, em vez se seguir regras “externas”.
  • Suporte à incorporação ativa — As pessoas são estimuladas a incorporar a atividade física ao seu dia-a-dia, tendo em vista o auto-cuidado e o bem-estar, em vez de desenvolver programas estruturados de exercícios físicos.

De acordo com os adeptos da HAES, a obesidade não causa adoecimento ou mortalidade, a não ser em casos extremos. Desconfio que essa ruptura com o consenso científico atual agradará muito às pessoas que desconfiam das instituições de uma forma geral, bem como às pessoas que estão cansadas de fazer dieta. Por isso mesmo, resolvi resumir os principais estudos que se propuseram a verificar a eficácia e a efetividade da abordagem HAES.

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Emagrecer para prevenir a hipertensão: eficácia e efetividade

Pesquisadores do Trials of Hypertension Prevention Research Group conduziram uma pesquisa de grande porte para avaliar melhor a eficácia e a efetividade do emagrecimento na prevenção da hipertensão arterial. Mais de mil pessoas com sobrepeso ou obesidade e com pressão arterial maior que 12 por 8 mas menor que 14 por 9 foram sorteadas entre receber ou não uma intervenção de alta intensidade para a perda de peso, incluindo informações nutricionais, incentivo à atividade física, técnicas de gerenciamento do próprio comportamento, e suporte social.

Feira em Munique.

A pesquisa comprovou que emagrecer é uma forma eficaz de prevenir a hipertensão arterial: as pessoas que perderam 4,5kg ou mais e mantiveram essa perda de peso até o fim da pesquisa tiveram um risco 65% menor de desenvolver hipertensão. O problema é que apenas 13% das pessoas atingiram essa meta.

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Vote no Doutor Leonardo

Este blog, o Doutor Leonardo, foi indicado para concorrer ao Prêmio TOP BLOG 2011, que vai eleger os melhores blogs brasileiros em diversas categorias, inclusive saúde. Por enquanto, estamos na primeira etapa, que vai eleger os 100 blogs mais populares do Brasil em cada categoria.

Captura de tela da página de votação

Você acha que o Doutor Leonardo é um dos 100 melhores blogs sobre saúde no Brasil? Então vote! É fácil, e demora menos de um minuto. Clique aqui, e quando aparecer uma tela como a ilustrada acima, clique no botão azul no canto direito. Você terá a opção de votar usando seu e-mail ou seu perfil no Twitter.

Efeito da glicosamina sobre o diabetes mellitus tipo 2

A glicosamina é um medicamento muito usado no tratamento da osteoartrose de joelhos, ainda que sua eficácia seja controversa. Repare que a osteoartrose atinge principalmente as pessoas idosas e/ou obesas, justamente aquelas com maior risco de desenvolver diabetes mellitus tipo 2. Para piorar a situação, estudos com animais e depois com humanos mostraram que a glicosamina aumenta a resistência à insulina, que é justamente o mecanismo de base do diabetes mellitus tipo 2!

Molécula de glicosamina

A revista científica Diabetes: metabolism research and reviews publicou em janeiro deste ano uma revisão de literatura envolvendo todo tipo de estudo sobre a relação entre a glicosamina e o diabetes — desde estudos in vitro (em tubos de ensaio, por assim dizer) até estudos clínicos de grande porte com humanos. Em resumo, a glicosamina interfere, sim, no metabolismo da glicose, mas apenas em doses muito superiores àquelas usadas para o tratamento da osteoartrose.

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Deputados criticam os lucros dos planos de saúde

A Câmara dos Deputados realizou dia 10 uma audiência pública sobre a relação entre os planos de saúde e os médicos. A audiência contou com a presença do Ministério da Justiça, da Associação Brasileira de Defesa do Consumidor (Proteste), da Federação Nacional de Saúde Suplementar (FenaSaúde), da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), e da Associação Médica Brasileira (AMB). A Agência Câmara de Notícias fez a cobertura do evento, e depois publicou um resumo, de onde tirei o trecho abaixo:

Segundo a FenaSaúde, no ano passado as 15 operadoras filiadas tiveram receita de R$ 73 bilhões e despesa de R$ 58 bilhões. Os planos de saúde vinculados à entidade atendem 20 milhões de pessoas (30% do mercado brasileiro). “Quem tem 5% de lucro líquido já é um ótimo negócio em qualquer país capitalista. Vocês tiveram no mínimo 20%”, disse [o presidente da Comissão de Trabalho, Administração e Serviço Público, Sílvio Costa (PTB-PE)].

Espírito Santo comemora o Dia Internacional da Família

Dia 15 de maio é o Dia Internacional da Família, instituído em 1993 pela ONU para fornecer uma oportunidade de promover a consciência sobre assuntos relacionados à família e aumentar o conhecimento dos processos sociais, econômicos e demográficos que afetam as famílias.

É nesse espírito que a Associação de Terapia Familiar do Espírito Santo promoverá uma palestra aberta ao público no dia 13 de maio, às 19 horas, no auditório da FDV, voltada para profissionais das áreas de saúde, educação e direito e estudantes de áreas afins. É necessário inscrever-se com antecedência. Para mais informações, clique no folheto abaixo:

Folheto com informações sobre a palestra aberta ao público

Desde já, lembro que sou médico de família e comunidade, e não terapeuta familiar.