Arquivo do Autor: Leonardo Fontenelle

Para que usar cinto de segurança no banco de trás?

Andar no banco de trás do carro diminui o risco num acidente de trânsito. Pesquisadores dos EUA confirmaram em 2004 que passageiros dos assentos traseiros têm risco 39% menor de morrer numa batida de carro, quando comparados a passageiros dos assentos dianteiros. Contando tanto as mortes quanto as lesões graves, ocupar o assento traseiro diminui o risco em 33%. Vai ver é por isso que as pessoas não usam cinto de segurança no banco de trás.

Pessoas com cinto de segurança no assento traseiro

O Código Nacional de Trânsito tornou obrigatório o uso do cinto de segurança no final do século passado, sem exceção para os passageiros do banco de trás. Mesmo assim, a maioria das pessoas entendeu que o cinto de segurança só seria necessário para o motorista e o carona, até porque a fiscalização só estava multando quem não usava o cinto de segurança no banco da frente.

Deixando a lei um pouco de lado, será que o cinto de segurança realmente protege quem vai no banco de trás?

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OMS faz um retrato do SUS

O último número do Bulletin of the World Health Organization (Boletim da Organização Mundial da Saúde) trouxe uma matéria (em inglês) sobre o Sistema Único de Saúde (SUS). Mais do que emitir julgamentos, a OMS coleciona depoimentos de brasileiros que conhecem profundamente o SUS para compor um retrato dos mais fieis. Recomendo a leitura para todos os que dominem o inglês. Também vale a pena ler a nota à imprensa pelo Ministério da Saúde e a notícia pela Agência Brasil.

Infelizmente, o trecho que aborda a Saúde da Família não é dos meus favoritos:

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O efeito do horário de verão na nossa saúde

O horário de verão 2010/2011 começa dia 17 de outubro e termina dia 20 de fevereiro. Felizmente o Brasil passou a ter o período do horário de verão estipulado em lei, sem variar de um ano para o outro, mas suspeito de que muita gente continua não gostando mesmo assim. Por isso, corri atrás dos estudos científicos para saber se realmente o horário de verão faz mal à saúde, como dizem por aí.

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Blog da Alergia se junta ao Planeta Saúde Brasil

É difícil escapar da alergia: ou você tem, ou você conhece alguém que tem. Mas a qualidade de vida do alérgico pode melhorar, e muito, com o tratamento adequado de seus problemas. Por isso, tenho certeza de que os leitores gostarão muito de saber que o Blog da Alergia se juntou ao Planeta Saúde Brasil.

O Blog da Alergia já tinha sido mencionado ao menos duas vezes no Blog do Pediatra em Casa: em Focos de alergia em sua casa e em Dia Nacional de Combate à Asma. Aliás, boa parte dos novos membros do Planeta Saúde Brasil também chegou através do pediatra Andre Bressan.

Quem será o próximo?

Gonorreia não é a mesma coisa que síndrome do corrimento uretral

O leitor Antônio Kretz conferiu as novidades da lista de notificação compulsória, e deixou o seguinte comentário:

Caro Dr. Leonardo,

Gostaria de saber se “Síndrome do Corrimento Uretral” é a mesma coisa que “Gonorréia”?

Antônio, são duas coisas diferentes, mas com uma grande sobreposição entre si.

Preservativo enrolado, fora da embalagem

© Flegmus (BY-SA)

É muito fácil dizer que a gonorreia é uma DST causada pelo micro-organismo Neisseria gonorrhoeae, e que um de seus sintomas é o corrimento uretral (secreção saindo da uretra). Na prática, contudo, a interpretação dos sinais e sintomas não nos permite confirmar ou excluir o diagnóstico de gonorreia. Uma pessoa infectada pode não apresentar sintoma algum; e uma pessoa com corrimento uretral pode ter gonorreia, outra doença, ou mesmo mais de uma infecção ao mesmo tempo.

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Receita sem carimbo: pode?

Eu estava lendo as novidades do Planeta Saúde Brasil quando me deparei com uma enquete publicada no Blog do Pediatra em Casa:

Se seu filho for atendido numa emergência e a receita for feita sem carimbo, apenas com o nome e o número do CRM escrito você:

  • Segue a prescrição?
  • Vai ao site do CRM e verifica se o número é do médico?
  • Joga a receita fora e vai a outro pronto-socorro?
  • Chama a polícia e denuncia o falso médico?

Não vou participar porque acredito que, sendo médico, meu entendimento do assunto pode não ser igual ao da maioria da população. Mesmo assim, estou muito interessado no resultado dessa pesquisa de opinião.

E você, o que faria nessa situação? Vote agora, e se quiser aproveite para comentar seus motivos.

Atualização: Confira o resultado (e meus comentários) em: E aí, receita sem carimbo pode ou não pode?.

Farmácias em unidades de saúde tornam prescrição mais efetiva

Convenhamos, se a pessoa não toma o medicamento, fica difícil dele fazer efeito. Mas na vida real é isso mesmo que muitas pessoas fazem: elas não usam a medicação como ela foi prescrita. Eu costumo anotar detalhadamente no prontuário os medicamentos prescritos, mas mesmo assim faço questão de perguntar no retorno como a pessoa está tomando aqueles medicamentos. Não adianta, por exemplo, acrescentar um comprimido de metformina para otimizar o tratamento do diabetes mellitus se a pessoa não está usando nem a dose que já foi prescrita.

Homem atrás de uma mesa coberta por frascos de analgésicos

© Chuck Olsen (BY-NC-SA)

O problema da não adesão ao tratamento é um velho conhecido dos médicos, mas o Journal of General Internal Medicine trouxe uma informação realmente nova: 22% das prescrições nem chegam às farmácias.

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CFN divulga a importância do nutricionista

O Conselho Federal de Nutricionistas lançou um vídeo destacando a importância de que a dieta seja individualizada, além de reforçar que as dietas restritivas (com muito poucas calorias) fazem a pessoa engordar de novo. O vídeo, que atende pelo nome de Perfeita para você, termina enfatizando a importância de ser atendido por um nutricionista.

Para dar um exemplo da importância do nutricionista, as informações mais importantes do artigo Como prevenir o diabetes mellitus foram obtidas de estudos em que os dois grupos, tanto o de intervenção quanto o de controle, receberam informações sobre alimentação saudável e atividade física. Mas, enquanto no grupo de controle as pessoas receberam apenas folhetos, no grupo de intervenção as pessoas foram acompanhadas por nutricionistas. Em ambos estudos as pessoas com excesso de peso acompanhadas por nutricionistas emagreceram mais, e assim foi possível detectar que a atividade física e o controle do peso são eficazes na prevenção do diabetes mellitus.

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Pedofilia não é tudo a mesma coisa

Longe de mim querer relativizar um problema tão grave de nossa sociedade (e de tantas outras). Mas eu não poderia deixar de mencionar o artigo recente do psiquiatra Daniel de Barros sobre os tipos de pedofilia. A motivação do colega foi um projeto de lei da senadora Marisa Serrano (PSDB-MS), mas acredito que a discussão seja ainda mais relevante para o estado do Espírito Santo, onde o senador Magno Malta (PR-ES) costuma aparecer em propagandas contra a pedofilia.

O problema é que a palavra tem ao menos três usos diferentes que vêm sendo tratados como se fossem intercambiáveis:

  • Um transtorno mental que leva as pessoas a terem desejos eróticos por crianças;
  • O ato de apresentar, produzir, vender, fornecer, divulgar ou publicar, por qualquer meio de comunicação, inclusive rede mundial de computadores ou internet, fotografias ou imagens com pornografia ou cenas de sexo explícito, envolvendo criança ou adolescente (Estatuto da criança e do adolescente); e
  • Ter envolvimento sexual de qualquer natureza com menores de idade.

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Quem dorme 7 horas tem menos doença cardiovascular

Pesquisadores da Universidade de West Virginia analisaram dados de um inquérito de saúde realizado em 2005 nos EUA, e observaram que as pessoas que dormiam 7 horas por dia tinham menos chances de também ter angina, infarto cardíaco e derrame (AVC). As pessoas que dormiam 5 horas ou menos tinham 120% mais chances de ter alguma doença cardiovascular, e as pessoas que dormiam 9 horas ou mais tinham uma chance 57% maior de ter alguma doença cardíaca ou circulatória do que as pessoas que dormiam 7 horas em cada período de 24 horas.

Cachorro dormindo no chão

© eastangerine (alguns direitos reservados)

Lembro-me muito bem de quando entrei na faculdade: a quantidade de matéria para estudar era tão maior que o tempo disponível que comecei a invejar as pessoas que dormem 4 horas por noite. Agora eu fico pensando: será que essas pessoas têm maior risco cardiovascular?

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